Um Exército Único Europeu faz sentido?

Será que já se pode discutir a sério a criação de um Exército Único Europeu? A invasão da Ucrânia por parte da Rússia pode permitir uma discussão mais séria e, simultaneamente, conseguir a atenção da sociedade civil em cada um dos países membros, algo impensável há menos de um mês.

Quando escrevo “discutir” não significa “decidir já”. Significa o que a própria palavra “discutir” nos diz: uma ampla discussão interna em cada país membro ponderando os prós e os contras e no final de um amplo debate nacional em cada um dos países, levar a decisão a votação democrática.

A criação do EUE terá de ser pensada, na minha opinião, como uma garantia real de a Europa dispor dos meios necessários para se defender e se proteger sem depender de terceiros. Não pode e não deve a Europa continuar dependente dos Estados Unidos para se defender de uma agressão externa. Em primeiro, porque não lembra a ninguém estar a pedir aos outros para fazer um trabalho que é da nossa responsabilidade e, em segundo, porque não podemos estar dependentes dos humores de um Presidente dos Estados Unidos. E se a actual invasão é um exemplo da urgência dessa discussão, a anterior presidência dos EUA entregue a Trump já deveria ter servido de sério alerta para o problema que temos em mãos.

A capacidade de defesa e reforço europeu em questões militares é um debate que não pode continuar a ser adiado. E se o caminho decidido pelos cidadãos europeus for o da criação do Exército Único Europeu então sim, a OTAN/NATO já não se justificará.

(os valores apresentados no quadro acima referem-se a 2017 – hoje seriam ainda mais favoráveis à criação do EUE

 

 

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Já a seguir, depois da reforma do euro, o pilar de direitos sociais, a reforma da PAC, o euro plus, a reforma de Schengen, a transição digital, a transição energética, a mutualização bancária, a mutualização de dívidas, a reforma das instituições, empoderar o parlamento europeu, fazer cumprir o estado de direito em todos os países, impostos comuns, e a reindustrialização. Está para breve a verdadeira União!

  2. José Monteiro says:

    « a criação de um Exército Único Europeu» Missão impossivel.
    A Europa, ou europas, desistiram de ser poder quando retiraram, forçados, dos seus ultramares, deixados à exploração USA-URSS-China.
    Se nem em Portugal se conseguem umas FA únicas*, há meio século dominadas pela existência de ramos (quintas na gíria militar) cada um a puxar por si enquanto houve $ a mais, como poder ir mais longe nas europas?
    * Viu-se a discussão bizantina recente, por uma mudança cirúrgica no topo das FA.
    Satisfeita uma questão de ‘poder’ pessoal do Sr Almirante CEMGFA, logo acalmram as hostes…que as escolas ou Academias militares, de junção apoiada por 90% dos quadros, oposição dos satisfeitos oficiais generais no topo, neutralidade dos sucessivos MDN, estes habitualmente ufanos de sucessivas reformas de treta, que mais não são do que compressão ás ordens das Finanças, diz bem da visão de conjunto qua ali impera.
    PS: depois da tentativa De Gaulle, o vazio militar ajustado ás pequenas burguesias que são os exércitos europeus.associados à NATO. Ou ao seu abrigo.

  3. Rui Naldinho says:

    O pretenso exército europeu acabaria mais tarde ou mais cedo por ser resumir a um exército alemão com uns regimentos indígenas na frente, preparados para na primeira contenda serem atirados para o fogo da guerra num experimentalismo suicida.
    A NATO sempre foi os EUA e mais doze. Os doze não valiam 1/3 dos norte americanos. Depois acrescentaram mais uns quantos, mas nada mudou. Continuou a ser os EUA e mais dezoito. Os dezoito continuam a não valer 1/3 dos norte americanos.
    Sejamos claros. Os EUA são os maiores produtores de armas do mundo. Todo o tipo de armas. Têm uma gigantesca indústria de defesa que necessita de exportar. A Rússia sucede-lhe na retaguarda.
    Os EUA são uma democracia liberal, mas bipartidária. Ambos partidos com visões imperiais da América. A Rússia é uma ditadura.
    Já a Europa é muito mais social e com uma visão menos imperialista.
    Depois a Europa ainda está cheia de nacionalismos latentes. Basta olhar aqui para a nossa vizinha Espanha.
    Exército europeu para quê?
    Manda quem pode, cumpre quem deve.

  4. Paulo Marques says:

    E com o tal exército europeu, também é para ir em missão civilizadora para a Tunísia defender a indústria alemã da revolução, ou ir para África francófona defender o CFA? Só para a gente saber.

  5. estevesayres says:

    Um exercito da Europa seria um suicídio , tendo em conta tudo aquilo que se tem passado todos estas anos, com a NATO manobrada pelo EUA, e não só!!! Mas todos NÒS sabemos que existem interesses económicos militares por parte da França , Alemanha e Inglaterra!!!