Bombardeamento do Teatro Drama em Mariupol

Cronologia:
1 – A Ucrânia afirmou que os russos bombardearam o “Teatro Drama” em Mariupol onde se encontravam cerca de 1.000 pessoas;

2 – Nós vimos várias imagens dos escombros desse mesmo teatro e dos esforços para resgatar pessoas de entre eles;

3 – Ucrânia acusa Rússia de mais um crime de guerra;

4 – Rússia nega ter bombardeado o Teatro Drama;

5 – Parlamento ucraniano vem informar que não houve vítimas desse bombardeamento.

Como é expectável em guerra, a desinformação e a contra-informação é o que nos é servido por ambas as partes litigantes com a conivência dos órgãos de comunicação social afectos a cada lado.
É triste, temos dificuldade em conhecer a verdade, se é que alguma vez a viremos a saber.
Sabemos, isso sim, que estão a morrer muitas pessoas a cada dia que passa. E cada dia que passa, sem nenhuma das partes se envolver seriamente num acordo digno, sem que nenhum país ou organização forte se envolva na mediação entre ambos, muitas mais irão morrer.
O que anda a fazer o Secretário-Geral da ONU? Andará a tentar alcançar um cessar-fogo que proteja as vítimas?
O que andam a fazer potências como os Estados Unidos e a China para promover o fim das hostilidades e alcançar um acordo?

Tudo isto é revoltante, desde a insanidade da invasão de Putin, a todos os que não estão a travá-lo ou a nada fazer para alcançar um acordo.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Estavam supostamente 1000 pessoas abrigadas nas caves do teatro.
    Foram retiradas 130 pessoas com vida do recinto, segundo as notícias, dias depois.
    Por fim, apenas uma vítima, não sei se mortal se com vida, retirada do local bombardeado.
    O problema aqui não é saber onde está a verdade. O problema aqui é perceber como Putin está a perder esta guerra no plano mediático, em toda a linha.
    Isto vai em breve interferir com os processos eleitorais na Europa que aí se aproximam. Iremos assistir a um concurso de hipocrisia nas televisões entre os vários intervenientes.

    • Carlos Araújo Alves says:

      Que o Putin já perdeu a guerra mediática já todos vimos. O problema é que continua armado até aos dentes e a matar milhares de pessoas.

      • Rui Naldinho says:

        Carlos, a Rússia que eu conheço, tal como a União Soviética que eu conheci, sempre estiveram armadas até sua dentes.
        Só que, ao contrário dos Norte Americanos, que desenvolveram várias campanhas bélicas contra Estados que nem vizinhos eram, dispenso citar quais por serem sobejamente conhecidos, a Rússia nunca foi capaz de desenvolver de forma antecipada e perspicaz, uma campanha mediática, estilo narrativa: “armas de destruição maciça”, por exemplo, com os laboratórios ali instalados. Até, em última análise, uma campanha para criar uma imagem condescendente na opinião pública, de que com a Ucrânia na NATO, a sua segurança poderia estar ameaçada.
        Os russos em matéria de comunicação são um verdadeiro zero á esquerda, sendo que hoje qualquer campanha militar é precedida da necessária intoxicação.
        Até na condução das operações militares se percebe a sua enorme fragilidade técnica e psicológica, e não fosse o domínio dos céus pela a sua aviação, e do Mar Negro, pela força naval, só com dois exércitos a combater, mesmo com vantagem no equipamento, os russos já teriam sido corridos a tiro.
        Admitindo como verdade, metade das baixas divulgadas pelos Ucranianos, 7000 militares mortos ou feridos é muita baixa, em duas semanas.

        • Carlos Araújo Alves says:

          Verdade, Rui Naldinho, a endémica inépcia da comunicação, mas repare-se que só não pega no Ocidente. Nós temos lado, o nosso, e não queremos saber o lado dos outros. Praticamos censura e nem queremos saber quem está do lado contrário ao nosso.
          Neste momento, por exemplo, o nosso Presidente está de visita a um país que não condenou a invasão russa!
          Por outro lado, repare-se que China, Índia e Rússia é mesmo muita gente que está do lado de lá…

          Por muita fragilidade que haja nas operações militares da invasão russa, o poderio deles é imenso. Nem a aviação tem sido muito activa, nem os T90 foram ainda utilizados, tem havido poupança nos mísseis em detrimento de rockets, só ontem foram lançados os primeiros mísseis hipersónicos e os termobáricos uma única vez em Kharkiv. Os únicos mísseis de maior precisão utilizados têm sido lançados do Mar Negro e do Cáspio, apenas para objectivos de precisão a grandes distâncias.

          Que pretendo com isto dizer? É um arsenal medonho contra o qual, se disparado tem uma capacidade destruidora catastrófica.

          Sobre baixas, só tenho acesso a contra-informação, ou seja, não sei por onde anda a verdade.

          As forças ucranianas têm “chamado” os russos para Kiev, são intervenções atrás de intervenções a “chamá-los”, depreendendo que Kiev estará bem armada à espera deles.
          Será que os russos cairão no engodo? Se caírem, aí sim, até os russos poderão perder a guerra. Se bombardearem à distância, os ucranianos não terão a mínima hipótese.

          • Paulo Marques says:

            A estratégia de comunicação é diferente, e não diria que é má quando consegue pegar em factos verídicos, mas com importância relativa, da hipocrisia ocidental e construir várias narrativa falsas para criar o caos em quem percebe que o sistema não funciona. Se a narrativa não funciona, masquem questiona alguma coisa passa a ser também alvo interno, vai dar ao mesmo.
            Mas quanto à capacidade, se as cidades ainda estão de pé não é por falta dela.

  2. Paulo Marques says:

    Não sei o que fazem os líderes das potências, grandes ou não, mas não resolvem estas coisas na televisão. Mas acha que O Grande Boicote, principalmente no que toca aos mecanismos financeiros, aconteceu sem a mão do paizinho. Ou o envio de armas? Ou os exercícios conjuntos com a NATO… ah, espera, nisto não se pode falar.
    E o nosso Toni vai falando, mas é preciso ver que não manda muito e depende também da vontade da Rússia para salvar muito mais vidas por esse mundo fora

  3. balio says:

    O estranho caso de um crime de guerra sem vítimas.

    • Paulo Marques says:

      Haver, vai havendo. O que parece que acontece nestas situações, e se é o caso só quem lá estava sabe, é que a artilharia/lança-misseis chegam ao sítio (propositadamente ou não), disparam, e põe-se a andar, e o contra ataque atira a matar, mas tudo sem a precisão que as pessoas imaginam que existe devido às distâncias.