O larápio volta a atacar


«Pedro Passos Coelho – Eu já ouvi o primeiro-ministro [José Sócrates] dizer, infelizmente, que o PSD quer acabar com muitas coisas, e também com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e isso é um disparate. Está bem?
Aluna – Pois, nós também achamos isso.
Pedro Passos Coelho – Isso é um disparate. Obrigado.»

Mais disparates deste homem disparatado no Best of Pedro Passos Coelho 2010 – 2011

Isabel Alçada é toda a favor da democracia, desde que não a contrariem

A ministra da educação afirmou que extinguir a disciplina de Área de Projecto e do par pedagógico na disciplina de Educação Visual e Tecnológica, bem como limitar do estudo acompanhado a alunos com dificuldades são medidas “importantes para reduzir o orçamento e tornar o ensino “mais eficiente””. Dá-se a coincidência de se descobrir a urgência de todas estas medidas apenas quando a austeridade bate à porta. É a síndroma “Dantes já era mesmo a sério, mas agora é que vai ser mesmo mais a sério”.

A mesma ministra fez, entretanto, esta descoberta espantosa: as medidas foram chumbadas por “razões políticas”. Confesso que ficaria preocupado se a revogação tivesse origem em razões religiosas ou clubísticas ou tivesse servido para chamar a atenção para a importância da homeopatia. Afinal, foi uma questão política, como são todas as que são discutidas na Assembleia da República. É natural que a senhora não esteja habituada, porque, depois de quatro anos de ditadura de maioria absoluta, temos vindo a assistir à ditadura de uma maioria relativamente absoluta. A colaboração do PSD será retomada dentro de momentos.

Sempre de olhos bem abertos, Alçada mostra-se aborrecida com a democracia, porque dá nestas maçadas de os partidos da oposição poderem realizar essa actividade surpreendente que é oporem-se. Mesmo assim, decidida, afirma-se convicta de que a reorganização curricular há-de prosseguir. Seria engraçado, em democracia, assistir à aplicação de medidas revogadas, mas uma pessoa, quando vai ao circo, está sempre à espera de ver coisas espantosas.

Presidenciais: Cavaco defende o fim das eleições

Já que o candidato Silva defende que não deve haver segunda volta, porque fica muito caro, não seria ainda mais barato acabar com as eleições todas? A Democracia é uma coisa muito cara, efectivamente. E pouco cara a alguns que não gostam de ser contrariados, escrutinados, avaliados. Uma maçada!

Pois claro

(texto de Marcos Cruz)
Ao acordar dizia sempre um disparate. Dizia depois outro, sempre que tinha de o explicar: dizia que limpava o espírito, como beber um copo de água limpava o corpo. Era uma questão de saneamento. Básicos, ambos, o saneamento e a questão.
Por outro lado, havia nisto uma possibilidade de sapiência que a fazia hesitar em chamar-lhe estúpido, embora se pudesse sempre defender com o argumento de que chamar-lhe estúpido era o disparate dela. Mas ele não ia nisso, primeiro porque chamar estúpido a um indivíduo que sempre que acorda diz um disparate não é necessariamente um disparate; depois porque, se o fosse, seria um disparate estúpido, já que, com tantos disparates para dizer, não faria sentido escolher um disparate tão pouco disparatado.
Aliás, não faz sentido escolher um disparate. Aliás, um disparate não faz sentido. Enfim, o argumento que ela poderia usar para se defender de lhe ter chamado estúpido, caso viesse a descobrir que afinal a estupidez era mesmo sapiência, parecia-lhe, a ele, um disparate. Por isso é que, naquela manhã, em vez de dizer um disparate, ele lhe chamou estúpida.

Ilustração de Manel Cruz

Big Bang ou Fiat Lux?

Big Bang  ou  Fiat Lux ?

 Não sei se alguém teve a infelicidade de ouvir hoje na Antena 2 o programa Quinta Essencia, em que o amigo João Almeida entrevistou um tal Senhor Luís Archer, jesuita tido e apresentado como brilhante cientista e homem de fé.

 Deus meu!!!

Logo ao fim do primeiro rol de disparates, eu mudei de estação. Mas vocês sabem como é, quando a asneira e o disparate atingem um tal grau de estupidez, nós sentimos uma necessidade quase masoquista de ouvir, embora façamos todos os trejeitos e sintamos todos os arrepios que a situação nos causa.

 Quanto á entrevista de João Almeida, acho muito infeliz a escolha do entrevistado e acho a entrevista desumana e até cruel, por três razões principais:

 1-Com tanto cientista a sério, que daria tanto gozo e prazer ouvir, gasta tão nobre tempo de antena, enfiando-nos nesta insípida caldeirada de asneiras e disparates.

2-Penso que é desumano fazer espectáculo com a estupidez, seja em que circunstância for, e ridicularizar a este ponto o entrevistado, por mais simpático que João Almeida procurasse ser na sua argumentação.

3-Penso que é cruel o amigo João Almeida, inteligente como é, argumentar com tanta sagacidade perante uma inépcia quase total. É quase como se eu, pessoa de alguma cultura, ridicularizasse a ignorância do Sr. António lá da minha aldeia. Até faz doer a alma. Isso não se faz, João Almeida. Creia que a determinada altura eu até já tinha pena do homem. Fiquei chocado!

 Nota: Se tiverem a oportunidade e a possibilidade de ouvir a gravação, não deixem de o fazer. Por puro masoquismo.