Arons de Carvalho, o paladino da independência

José António Cerejo

Alberto Arons de Carvalho, vice-presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social, ex-secretário de Estado, ex-deputado e ex-dirigente do PS, publicou há dias um artigo no PÚBLICO em que defende com unhas e dentes aquela coisa a que vice-preside. Não me passaria pela cabeça contraditar o insigne professor e teórico da comunicação social, paladino da sua independência e especialista em questões de ética e deontologia.
Mas ocorre-me contar uma história que diz mais sobre o senhor vice-presidente e ilustre académico do que todos os tratados que já produziu ou venha a produzir.
Faz agora 22 anos, o então vice-presidente da Bancada Parlamentar do PS e candidato a secretário de Estado da Comunicação Social, lugar que viria a ocupar poucos meses depois, agarrou no telefone e falou com um dos editores do PÚBLICO. Pouco depois, não fosse a mensagem perder-se no caminho, ligou para um dos directores do jornal, José Manuel Fernandes, e repetiu aquilo que tinha transmitido ao editor.
E o que disse então o senhor vice-presidente daquela coisa que, noticiou ontem o Expresso, decidiu não investigar os indícios de interferência de Sócrates na nomeação do actual director do Jornal de Notícias?  [Read more…]

de seguro morreu o velho

o partido socialista cumpriu hoje a sua tradição histórica\catarse enquanto titular do papel de maior partido da oposição. enquanto oposição, os líderes socialistas portugueses têm o estranho hábito de largar o primeiro boneco que têm à mão nos primeiros 3 anos de legislatura, deixá-lo afundar com o partido e intervir a 1 ano das legislativas, lançando aquele que realmente será o próximo primeiro-ministro. bailado protagonizado entre Costa e Seguro nas vésperas do último congresso socialista e a paz podre mantida no mesmo, culminada na histórica votação albanesa que acalmou e aclamou o inseguro (e in-sonso) tozé, conhece agora o seu verdadeiro significado.

Costa precisava de tempo. tempo para vencer a Câmara Municipal de Lisboa. tempo para fortalecer a sua posição num dos maiores cadernos eleitorais do país. Costa sabia a milhas que a re-eleição na CML estava garantida. contudo, Costa queria certificar-se do número exacto de votos que conseguiria alcançar em Lisboa. Costa tratou de negociar com Seguro: “Tozé, sabes perfeitamente que mexendo os meus peões mando-te abaixo num instante. Sei bem que és o líder da máquina e que dominas uma parte significante das concelhias, mas, politicamente, não tens carisma, não sabes ler nas entrelinhas e tão pouco percebes de timings de actuação política. Ficas à condição até às europeias” – assertivo é afirmar que a pressa era afinal de contas muita. assim como a pressão. [Read more…]

Órfãos de Sócrates

abutres11Todos os dias, parece confirmar-se que o S de PS é a primeira letra de “socrático”. O actual líder do partido tenta parecer seguro, treinando seguranças barítonas que escondem mal uns arranques aflautados patentes em frases pífias ou em abstenções violentas, mas, na sede do Rato, ao passar pelo corredor, sente suores frios, jurando aos mais íntimos que há movimento no olhar da fotografia do anterior primeiro-ministro, que, à mesma hora, estará a acomodar a baguete debaixo do braço, enquanto trauteia Que reste t’il de nos amours. [Read more…]

Edite “Chaucer” Estrela

Penso que foi Chaucer pai quem, dissertando sobre a diferença entre linguagem formal e coloquial, dizia: “Eu sei que em inglês devo escrever what time is it? e what o’clock is it?; no entanto, eu pergunto à minha mulher  times’t? e clocks’t?,  e ela entende-me perfeitamente”.

Ler isto sobre o pai da literatura inglesa deverá ter levado Edite Estrela a sentir-se respaldada no sentido de, sendo uma teórica de bem falar em português (com obra publicada), poder usar a nova linguagem sms ou internetês para, no twitter, fazer convites para jantares, ditos de amigos.

A notícia diz que o fez, ainda que cometendo o lapso de usar o canal errado para lançar convite a determinada pessoa – e acompanhante – para jantar com JS, José Sócrates segundo a mesma notícia.

Pena o engano no canal não nos permitir saber quem é quem neste convite, a quem JS deu a bênção, e se o aludido jantar se realiza (ou realizou) em Paris, Estrasburgo ou Bruxelas…

E, já agora, quem o pagou!