Abstenção – tempo para resolver

A normalidade eleitoral atira para o fim de 2017 o próximo processo e por isso, parece-me que há algum tempo para proceder a uma actualização dos cadernos eleitorais.

De acordo com os dados disponíveis, estão inscritos nos cadernos eleitorais 9700645 pessoas.

Começo por sublinhar a diferença existente entre esses dados e os que a PORDATA apresenta, exactamente para o mesmo universo: 9746069 (45424 eleitores de diferença, mais do que os votos do Henrique Neto).

Podemos (e devemos) ir buscar todos os dados disponíveis para analisar esta questão, mas há um ou outro que até o Google nos revela: há em Portugal 1506048 jovens com menos de 15 anos (dados de 2014).

Ora, se aos 10 401 000 habitantes se retirarem estes jovens, sem capacidade eleitoral, temos  8894952 habitantes com mais de 15 anos. Sabemos que, destes, alguns são jovens e outros, estrangeiros, não têm (ainda) possibilidade de participarem nas eleições, mas são, de qualquer modo, muito menos que os eleitores.

Em síntese, há uma diferença de 8,7%  entre os eleitores oficiais e o número de pessoas com mais de 15 anos, por isso, há pelo menos esse valor a retirar à lista de eleitores. A abstenção é uma questão de responsabilidade, mas é também uma opção política. É urgente a sua resolução enquanto o tempo das eleições não volta.

Sobreviver a um comício

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Fui a um comício. Não foi fácil. Ao meu lado estava sentado um velhote que parecia tão à rasca como eu. Várias vezes nos entreolhámos um bocado aflitos, por manifestamente não sabermos aquelas letras e aquela performance de cor. De tanto em tanto tempo, os que estavam sentados ao nosso lado levantavam-se e diziam coisas, umas frases que tinham decorado e que agora repetiam. Pareciam cidadãos iguais a nós, uns quaisquer da população, como nós ali sentados, mas eis que de repente não eram. Sentimo-nos sozinhos naquela nossa condição, que afinal não era assim tão simples.

Tudo piorou quando alguém nos entregou umas bandeiras, acompanhadas de uma ordem para as pôr no ar quando chegasse o momento. Ficámos ali com ar de parvos com as bandeiras na mão, sem saber o que fazer com elas – que ainda por cima impediam que pudéssemos bater palmas se quiséssemos. Nós por vezes até queríamos, porque se disseram coisas muito importantes naquele comício. Coisas verdadeiras, graves, que não tinham nada de festivo mas mereciam o aplauso de serem enunciadas sem medo.

Quando chegou o momento de pôr as bandeiras no ar foi especialmente doloroso. Olhámos um para o outro e juraria que pensámos o mesmo: sair dali o quanto antes. Como não fosse propriamente fácil, dada a multidão compacta que nos envolvia, nada fizemos. Limitámo-nos a ficar ali sentados, cada um a tentar livrar-se da bandeira como podia [Read more…]

Votar

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Uma das consequências perversas da arma de propaganda política que constituem as sondagens – falando das que se publicam para desmoralizar –, é levar as pessoas a desacreditar completamente: na democracia, na classe política (claro), mas também no próprio povo de cidadãos eleitores. Tudo fica então reduzido a essa visão do Inferno que transforma a gente a que se pertence no mais abjecto dos povos – gente burra que nem portas, incapaz de raciocinar e compreender os princípios do sistema eleitoral que, com a abstenção, premeia os vencedores, entregando-lhes ilegitimamente (falando da representatividade em que assenta o sistema) os governos da Nação. [Read more…]

PS está a distanciar-se e a ganhar a preferência dos portugueses

Porquê!? – Sou levado a acreditar que os portugueses têm apenas aquilo que merecem… Edição: Coloquei o mesmo link no reddit, gostei da conversa.

Não tem perdão

via Denúncia Coimbrã, onde a capacidade de desculpar é bem superior à minha