Já não era sem tempo!

Com mais ou menos protestos, com gente ainda a clamar pela família e pelo casamento procriador, com quem aceita olhar para o outro lado desde que não se lhe chame “casamento”, e até com quem fica a vociferar contra a decadência de costumes, hoje avançamos um pouco mais em direcção à efectiva igualdade  de direitos entre todos os seres humanos. Que ainda falta muito? Com certeza. Mas isso não retira importância a esta conquista.

Há quem diga que a questão é de escassa importância, que o país tem problemas maiores e mais prementes. Eu digo que ninguém deve viver o amor como algo sórdido ou indigno da sociedade.

E que ninguém deve enfrentar a humilhação pública, a discriminação, quando não a violência verbal e física por amar um homem ou uma mulher. E se isto não vos parece essencial, então vemos o mundo de maneira muito diferente.

Com a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, espero ver mais do que contratos assinados na Conservatória. Espero ver casais gay a passear de mão dada, a dançar agarradinhos, a trocar beijos apaixonados nos bancos de jardim, a apalpar os respectivos rabos na via pública. (Vá lá, se já estiveram apaixonados devem ter feito pelo menos uma destas coisas, não?)

Espero ver o fim progressivo dos comentários alarves e da chacota fácil. Basta ver a polémica recente com esses génios do humor que acharam que chamar “apresentadora” ao Manuel Luís Goucha tinha uma graça do camandro. Espero ainda, embora tenha dúvidas se isso será para o meu tempo, que se iluminem todas as cabeças medievas que ainda vêem patologia naquilo que é uma vivência diferente dos afectos e da sexualidade. Talvez seja pedir de mais a um simples diploma governamental, mas acho que chegaremos lá. Afinal, este é só o primeiro dia.

Comments

  1. Luís Moreira says:

    Essa de deixar pôr a mão no rabo não sei se é de admitir…

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