“Quanto pesa a vossa vida? Imaginem, por um segundo, que carregam uma mochila. Quero que a encham com todas as coisas que têm na vossa vida…”
Ryan Bingham, Up in the air
Podia ser o lema de Nas Nuvens (Up in the air): quanta vida cabe numa mochila? As coisas e as pessoas de que e de quem gostamos ocupam que espaço? O quê ou quem deixaríamos pelo caminho se não conseguíssemos transportar tudo e todos aqueles que consideramos importantes?
Esta é uma das perguntas que nos ocorrem quando a personagem de Ryan Bingham realiza palestras sobre motivação profissional. E sobre o que nos cabe na mochila. O homem interpretado por George Clooney vive a fazer ligações aéreas. É nessas que ele é bom, é nessas que tem objectivos estabelecidos. As ligações pessoais não constam do seu cardápio. São passageiras, quase irrelevantes.
Ryan ganha a vida a despedir funcionários de outras empresas. Viaja pelo país nessa tarefa. Passa menos de 50 dias em casa ao longo de um ano e são, para ele, os piores dias do ano. No regresso ao apartamento percebemos porquê. É uma casa a quem alguém terá dificuldade em chamar de lar. Mas isso não interessa a Ryan. Na sua mochila não cabem muitas pessoas e muitas coisas. Há sempre um espaço para os muitos cartões que utiliza. E é graças a eles que conhece Alex Goran. Ryan e Alex trocam cartões de todas as espécies como quem troca fotografias dos petizes que deixaram em casa e de quem têm saudades. A certo ponto Alex diz a Ryan que ela é como ele, só que com vagina.
Mas a vida, já o sabemos desde Forrest Gump, é como uma caixa de chocolates e quando a abrimos é que podemos ver o que lá está dentro. E algo irá mudar os propósitos e os objectivos do profissional do despedimento.
A partir de uma novela de Walter Kirn, Sheldon Turner e Jason Reitman construíram um argumento sólido com tudo lá dentro, humor, drama, alegria, tristeza, tragédia. E personagens muito bem defendidas por Clooney, Vera Farmiga e a novata Anna Kendrick. Tendo por base os enormes problemas sociais de um país com uma economia destroçada, o filme percorre uma história amarga e doce, que nos deixa a fazer interrogações.
O realizador, Jason Reitman, depois de Obrigado por Fumar e Juno, já passou do estatuto de promessa para a certeza. Ficamos à espera de mais.
depois de ter visto o filme tenho mais cuidado com a “tralha” que ponho dentro da mochila
Bom filme. eu percebi cedo quando vivia em quartos alugados enquanto estudava. Não se deixa nada para trás porque não temos para deixar…