Privatiza, filho, privatiza

O Ministro da Caridadezinha anunciou a entrega de mais “40 equipamentos sociais do Estado” ao sector privado.

 O Estado não tem vocação para dirigir”, disse Pedro Mota Soares

O sector privado da caridadezinha explica:

Manuel Lemos, da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), (…), considera positiva a aposta do governo na capacidade de resposta do sector social. ” (…) Não se trata de dizer que a gestão pública é má, mas é uma máquina diferente.” Como exemplo, aponta as burocracias naturais a que têm de obedecer as respostas na dependência da Segurança Social. “Quando precisamos de ir comprar umas pilhas, vamos. Numa estrutura que faz parte da máquina do Estado é natural que seja preciso cumprir toda uma série de procedimentos.”

Eu traduzo: no estado compram-se as pilhas ao fornecedor que apresentar melhor oferta, no velho binómio qualidade/preço. Nas Misericórdias compram-se as pilhas ao amigo mesário que generosamente se fará pagar mais e oferecendo menor qualidade.

Por motivos profissionais vasculhei em tempos os arquivos de várias Misericórdias portuguesas. Ao longo dos séculos, em todas, figuravam nas actas trafulhices sistemáticas, roubos vários, gamanços puros. Nas actas, imaginemos o que nunca chegou ao ponto de revoltar a irmandade…

Comments

  1. às direitas says:

    As Misericórdias têm trafulhas, e porque é pecado, fica tudo na confissão.

    A caridade clara é feita com olhos na cara, sem cruzes, nem bençãos. Sem resposta, sem agradecimentos.

    A caridade de balcão é a do compadrio, clientela politica (na democracia, o voto do pobre conta, e ele vota cheio de inveja…logo dar “rebuçado”.

  2. Que fedôr, cheira-me a coisa salazarenta…!!!

Trackbacks

  1. […] governo que tem uma Cristas que defendia ontem o que hoje se esquece, ou um Mota a dar aos caridosos o que não dá aos pobres, um Crato que não faz absolutamente nada do que andou anos a escrever, um Aguiar Branco que na […]

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