Hoje estou assim, como que coiso

De manhã tenho um ritual. Começa por acordar – surpresa. Ouço as notícias na rádio, visualizo frases de posts sobre o que vou ouvindo, tomo o pequeno almoço enquanto vou para o trabalho e aí me consumo no resto do dia. Não sei se se vai no trabalho ou se se esgota no noticiário das oito; o facto é que a minha vontade de escrever sobre o que se passa diminui na proporção inversa da crescente parvoíce que ouço aos nossos iluminados líderes. Há de tudo, desde os eternos contra, aos profetas da desgraça, sem esquecer os vira-casacas.

Hoje de manhã, por exemplo, ouvi Camilo Loureço comentar a questão da fábrica de baterias, esse grande desígnio onde o admirável líder aprendiz de filosofia enterrou uns milhões em apoios. O carro eléctrico, a maravilha do futuro-hoje, não está afinal em todas as esquinas e, por isso, não são precisas baterias. Parece que o spin foi meter dois dos responsáveis directos pelo dinheiro perdido e mais um que procura ocupar o lugar do filósofo de domingo a insinuar que a fábrica se foi por falta de acompanhamento por parte do Estado.  Enfim, o que é que vai uma pessoa escrever sobre isto? Que há por aí uns tipos a assobiarem para o lado e a insinuarem que a culpa é dos que andam a rapar o tacho para arranjar dinheiro para a banca? Que ainda há menos de um ano havia um governante a falar de quão brilhante era a nossa execução orçamental que até havia excedente orçamental? Para quê? Para sublinhar que o dinheiro que se andou a estoirar nas baterias, na Qimonda, no BPN e em todos esses fabulásticos incentivos à economia tem agora que ser pago?

Mais vale trabalhar. Sou dos antiquados, daqueles que ainda acham que o trabalho traz riqueza, donde, naturalmente, resultam duas consequências: chego ao fim do mês sem fortuna que se veja e faço questão de não me enquadrar no grupo dos que acham que devem receber apoios – nem que por isso tenha que voltar à lavoura. Mais vale, portanto, trabalhar do que comentar a casa sem pão onde todos ralham e ninguém tem razão. Hoje estou assim, como que coiso; amanhã logo se vê.

Post scriptum: Quando a tolice comanda a política…

Comments

  1. Escrever não, desenhar. Liberta.…

  2. Tiro ao Alvo says:

    Tem toda a razão. Estes políticos ordinários são muito fraquinhos. E alguns não são honestos, nem politicamente, nem nada. Estamos lixados, é o que é. Mas não nos podemos calar, isso é que não. Continue, pf.

  3. Konigvs says:

    Camilo Lourenço, não sei quem lhe paga nem as cunhas que tem mas devem ser muito boas!! É vê-lo a vender o seu peixe em TODAS as televisões. Mal ouço o nome dele mudo logo de canal, não vá dar-me a volta à barriga e vomitar com tanta demagogia.

    Veste a pele de cordeiro ensinando as pessoas as poupar, para depois a despir e mostrar-se como verdadeiro lobo mau tendo autênticos tempos de antena vendendo o peixe das suas ideologias políticas que são mais do que evidentes.

    • jorge fliscorno says:

      Pois eu ouço-o há vários anos e sempre o vi bater indiscriminadamente em todos os partidos/governos. Devia ouvir o que ele diz. Há por aí muito quem não goste do que ele diz, não sei se será o seu caso – note-se, precisamente por isso. Especialmente quando se trata de desmontar a demagogia do BE.

  4. Então aqui vai um conselho: corte com os mass-media – assim com assim, nunca se sabe até que ponto dão conta da realidade ou da realidade toda… – e dedique-se apenas ao trabalhinho. Uma limpeza. Um descanso! Sobretudo livrar-se-á de um fardo muito pesado: o de pensar que a verdade reside única e exclusivamente na sua pessoa. Vai ver o alívio que vai sentir. É garantido. Poderá então escrever até mais não!

    • jorge fliscorno says:

      Parece-lhe que eu acho que a verdade reside unicamente na minha pessoa? Não me revejo nisso mas posso estar errado 😉

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