Tchau, Bolsonazi

No Brasil, a democracia venceu e o autoritarismo foi derrotado. O autoritarismo, a extrema-direita, o ódio, a milícia, o lobby das armas, os parasitas que querem destruir a Amazónia, os Talibans evangélicos e restantes chalupas. Não sei quanto a vós, mas eu tenho vários motivos para festejar. A menos que a milícia tente um golpe à lá Trump. Fingers crossed.

O ódio mata

Bruno Pereira, activista brasileiro pelos direitos das comunidades indígenas, e Dom Philips, jornalista britânico ligado a várias publicações de renome, como o Guardian, estão desaparecidos há vários dias.

Os dois encontravam-se na Amazónia, a trabalhar numa investigação que apontava para graves ilegalidades cometidas por madeireiros, garimpeiros e caçadores. Foram ameaçados, continuaram, desapareceram. O mais certo é estarem ambos mortos.

Questionado sobre o sucedido, Jair Bolsonaro apressou-se a colocar em cima da mesa as duas opções que lhe ocorreram: “acidente” ou homicídio. É natural que assim seja. Poucos, como ele, têm sido tão eficazes a promover e propagar o ódio contra qualquer activista que denuncie a sua negligência e os crimes cometidos contra a floresta amazónica. E menos ainda, principalmente na sua posição, têm incentivado à violência contra a comunicação social.

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Ignorante, cruel e elitista: eis o negacionismo de Maria Vieira

Na passada semana, no Canadá, as temperaturas atingiram valores próximos dos 50°. Na Columbia Britânica, foram reportadas 500 mortes súbitas, um aumento de cerca de 200% face ao período homólogo. Um incêndio na vila de Lytton, cujas causas estão ainda por apurar, levou à imediata evacuação de todos os suas habitantes e, pura e simplesmente, deixou de existir, devido a uma mistura explosiva de trovoada, ventos fortes e temperaturas elevadíssimas, nunca antes registadas.

A Amazónia, segundo um estudo recentemente mencionado pela revista Visão, já estará a emitir mais gases com efeito de estufa de que a absorver, em larga medida devido a combinação de acelerada desflorestação e expansão da agropecuária e da monocultura da soja. Em Madagáscar, a zona sul do país secou, e a fome instalou-se porque os solos deixaram de ser aráveis. Desesperadas, as populações alimentam-se de gafanhotos e cactos. [Read more…]

Pandemia climática

Um ano depois, a sociedade, a economia, a política e o mundo em geral continuam reféns da crise pandémica, resultante do surto da SARS-CoV-2, a.k.a. covid-19. Lá longe vão os tempos dos arco-íris, do “vai ficar tudo bem” e do “vamos sair disto melhores pessoas”. De lá para cá, o business as usual voltou aos comandos da nossa mothership, de onde na verdade nunca saiu, e o novo normal não difere muito do velho normal. Os zilionários enriqueceram estrosfericamente com a crise, como sempre acontece com qualquer crise, com as 20 maiores fortunas do planeta a crescer na ordem dos 24%, durante o ano de 2020 (números da Bloomberg). Os pobres estão mais pobres, os remediados estão mais perto da pobreza e o fosso entre a super-elite e os demais aprofundou-se. O primeiro mundo luta entre si pelo acesso a mais vacinas, enquanto o terceiro depende da caridade do primeiro, que surge sob a forma de grandes operações de marketing, com grande mediatismo e poucos efeitos práticos. Micro, pequenas e médias empresas submergem sob o peso da burocracia e da inação política, contribuindo para o fortalecimento dos monopólios do costume. O desemprego e a miséria crescem, a precariedade e a exploração laboral florescem e a ausência de esperança é combustível para os novos populistas, que se alimentam do caos e da revolta.

Paralelamente a este cenário dantesco, momentaneamente esquecida ou relegada para segundo plano, a verdadeira pandemia avança, silenciosa e implacável, sem que nada ou quase nada seja feito para a travar. A tal crise climática, que nos arrasta, perigosamente, para um ponto sem retorno. A propósito, a directora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, María Neira, alertou no mês passado para a ligação entre o actual e anteriores vírus, como o Ébola ou o HIV, e os efeitos nefastos provocados pela acção humana no mundo natural. A médica espanhola aponta para a longa lista de vírus transmitidos de animais para humanos, que se relaciona, em larga medida, com a destruição de florestas tropicais. E se a palavra “Amazónia” é a primeira que nos vem à cabeça quando se fala em destruição florestal, é importante sublinhar que a coisa não se resume ao pulmão do mundo. Basta olhar com um pouco de atenção para aquilo que tem acontecido em zona como o Sudoeste asiático, para perceber isso mesmo.

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Brasil: Militares criam Conselho Nacional da Amazônia excluindo indigenas.



Enquanto a Covid19 avança num pais cujo presidente negacionista incentiva a população a quebrar o isolamento, os povos indígenas estão sofrendo duplamente: invasões de suas terras por garimpeiros e grileiros e entrada do vírus, ações subsidiados pelo governo que não se preocupa de verdade com o meio ambiente nem povos indigenas.

Aos povos indígenas e povos tradicionais brasileiros foi dado mais um passo em sua política de destruição.
Na semana passada o Vice Presidente general Hamilton Mourão formou o Conselho Nacional da Amazônia Legal, que agora passará a funcionar na Vice-Presidência sem representantes do Ibama e da Funai, órgãos que atuam diretamente na proteção ambiental e dos povos da Amazônia e colocou 19 militares nos postos de comando. Os nomes foram publicados no Diário Oficial nesta sexta-feira, 17.

A isso soma-se decreto de Jair Bolsonaro em fevereiro, transferindo o Ministério do Meio Ambiente para a Vice-Presidência, e diversas funções antes atribuídas ao Ibama serão cumpridas por membros do governo que não tem experiência nenhuma com situações vividas pelos povos amazônicos.

Além dos militares no Conselho, 4 delegados da Polícia Federal foram indicados pelo ministro Sérgio Moro. A Funai é vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e não tem representantes indígenas.

Enquanto isso a Amazonia vive um dos seus maiores períodos críticos recentes de ameaça, com aumento de 51,45% de desmatamento nos 3 primeiros meses de 2020, queimadas criminosas, invasões de terra e assassinatos de lideranças indígenas e campesinas.

Fonte: mídia ninja

Bolsonaro, a Amazónia não é sua!

Líder indígena defensor da floresta assassinado

Premiar e negociar

Ao receber, no passado dia 20 de Outubro, o Prémio da Paz do Comércio Livreiro Alemão, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado afirmou que “passou grande parte de sua vida testemunhando o sofrimento do nosso planeta e de seus habitantes que vivem em condições cruéis e desumanas”. “A missão de iluminar a injustiça guiou meu trabalho como fotógrafo social”.  “As minhas fotografias mostram o presente e por mais que ele seja doloroso, nós não temos o direito de desviar nosso olhar“.

A profunda sensibilidade social de Sebastião Salgado tinha já sido notavelmente documentada por Wim Wenders e Juliano Salgado no premiado filme Sal da Terra.

O fotógrafo e fundador do Instituto Terra denuncia agora, também através de palavras certeiras e transparentes o que está a acontecer na Amazónia. “(…) o modelo económico do Brasil e do mundo é um modelo predatório, que destrói a Amazónia”.*

Entretanto, os dirigentes europeus fazem de conta que se indignam, mas não deixam de desviar o olhar, promovendo e assinando o acordo de comércio UE-Mercosul e assim contribuindo para essa destruição e dando mais uma estocada contra uma agricultura e pecuária sustentável, a bem da indústria automóvel.

Quão esquizofrénica é uma Comissão Europeia que promove a importação de produtos agrícolas do Brasil, quando o Governo brasileiro, sob a presidência de Bolsonaro, autorizou há alguns meses atrás mais de 150 novos pesticidas, enquanto essa mesma Comissão Europeia está a pretender adoptar uma estratégia para os produtores europeus que visa ter exactamente o efeito contrário?

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Não sejamos é ingénuos!

Finalmente é notícia que “O gigantesco projeto internacional de infraestruturas lançado pela China “uma faixa, uma rota” pode minar os objetivos do Acordo de Paris sobre o clima“ – neste caso, constatado por uma conhecida unidade de investigação chinesa, num estudo realizado em conjunto com a consultora Vivid Economics e a fundação ClimateWorks Foundation.

“Se continuarmos por este caminho, mesmo que todos os outros países do mundo, incluindo os Estados Unidos, países europeus, China ou Índia cumpram as metas, as emissões de carbono mundiais continuarão a explodir”, aponta Simon Zadek, do centro da Tsinghua.

A China é hoje a maior emissora de gases causadores do efeito estufa, correspondendo a 30% das emissões globais.

Para Simon Zadek, Pequim deveria ter uma “política coerente” para a redução das emissões de CO2 no país e no exterior.

Ora uma “política coerente” é aquilo a que o ministro Augusto Santos Silva chamaria de ingenuidade; E também por cá, Governo e o PS fazem a maior questão de não serem ingénuos, querem-se sabidões, finórios. Portanto não desistem de promover a todo o vapor os bons negócios, como por exemplo o acordo UE-Mercosul, que vêm impulsionando como campeões. Que a Amazónia e as comunidades indígenas tenham de sucumbir aos poderosos interesses econômicos da criação de gado, do comércio ilegal de madeira e da produção de soja geneticamente manipulada, paciência, não sejamos é ingénuos!

A Amazónia a arder no fogo do fascismo

A Amazónia continua a arder e o presidente Bolsonaro acusa as ONG ambientalistas de ter ateado os fogos. O mesmo Bolsonaro que colocou uma lobbista do agro-negócio na pasta da agricultura, que acabou com a fiscalização das invasões às reservas indígenas e que permitiu que o desmatamento avançasse sem freio e sem precedentes. O que levou a um aumento desenfreado da poluição para níveis recorde. Confrontado com os factos, Bolsonaro demitiu o presidente do INPE, responsável pelos estudos sobre o desmatamento da Amazónia, e colocou um fantoche seu no lugar. O mesmo aconteceu com a FUNAI. [Read more…]

Temer contra a Amazónia

Temer e os seus sabujos corruptos querem privatizar a floresta da Amazónia. Trata-se de uma área superior a 45 mil quilómetros quadrados, até agora intocada, que será aberta à exploração de empresas de mineração, com impactos incalculáveis na biodiversidade do pulmão do mundo e, por conseguinte, na qualidade de vida de toda a espécie humana. Apesar do recuo, forçado pela forte contestação que se gerou em torno da decisão do presidente brasileiro, o ataque contra a maior reserva natural do mundo continua. Pobre Brasil, entregue a corruptos e ayatollahs neopentecostais.