No Conversas Vadias que vai ser publicado hoje e que foi gravado ontem após a entrevista de José Sócrates, já alguns aventadores teceram os seus comentários e opiniões sobre a coisa. Antes ainda, aqui fica um resumo possível da entrevista à TVI:
- José Sócrates afirma que Ivo Rosa declarou que ele, Sócrates, não demonstrou nenhum comportamento contrário aos deveres do cargo de Primeiro Ministro. Disse isto sem se rir. Chamem o VAR.
- José Sócrates exigiu a José Alberto Carvalho (TVI) aquilo que ele nunca fez: um mínimo de rigor. Citando o nosso Fernando Nabais: E a Federação não faz nada?
- Que o crime de corrupção sem acto já não existe no código penal. Agora é “recebimento de vantagem indevida. Não esclareceu se existe na vida real. É entrar o VAR, sff.
- Sócrates explicou que não nutre nenhuma simpatia ou antipatia por Ivo Rosa. Só mesmo antipatia por Carlos Alexandre. E agora também por Fernando Medina e António Costa. E não se “canciou” de o dizer.
- Carlos Santos Silva, como já se sabia, é um amigo e uma espécie de Santa Casa da Misericórdia de Sócrates. Ajudou a financiar os seus estudos e os dos seus filhos. No estrangeiro. Qual corrupção, qual quê! Só ingratidão. Sabem porquê? Porque, pelo que se entende das palavras de Sócrates, este sabia que o BES ia ao fundo e nem avisou o amigo Santos Silva do facto, sabendo que era neste banco que o desgraçado tinha os tais milhões (ainda não percebi a quantia tal a quantidade de milhões de que se fala). Com amigos destes….
- A mãe de José Sócrates fartou-se de receber heranças. A Torre do Tombo prova-o. E as Sagradas Escrituras também.
- Por último, ficamos a saber que o Fernando Medina é um canalha e um “chega-me isto” de António Costa.
E a procissão ainda vai no adro.
A entrevista foi importante para vermos como animal feroz se espalhou ao comprido, recusando-se (como sempre fez) a explicar em detalhe as maningâncias onde sempre se envolveu, chegando quase a ameaçar o jornalista por este lhe exigir respostas. Como não podia deixar de ser, adorou armar-se em vítima (tadinho!!!) de uma cabala esquisita e igualmente inexplicada em que todos decidiram conspirar contra ele.
Já não há pachorra para esta interminável novela barata.
Será que foi um jornalista ou um inquisidor? Sócrates foi convidado para dar uma entrevista e não um interrogatório.
Pelo pouco que vi, fossem todas assim, invés de conversas amenas sem contraditório, e tínhamos muito menos gente a vender-se como salvador da pátria.
Com excepção da sua aparição no auditório de Vila Velha de Ródão, em Outubro de 2015, nunca mais perdi um minuto que fosse a ouvir este mentiroso.
Há pessoas a quem concedemos o benefício da dúvida. Pessoas que pelo seu trajecto político, ético e social, nos merecem credibilidade, mesmo discordando delas, por vezes profundamente.
Ao conceder o benefício da dúvida, a pessoa opta por acreditar numa imagem positiva e benéfica de alguém, como se ela estivesse sendo realmente sincera e honesta com aquilo que diz e faz.
Este fulano vive numa mentira permanente, contradiz-se quase sempre, e esperou sempre por este resultado.
Que os justiceiros se digladiassem entre si, por motivos políticos e corporativos.
Pior que o roubo de José Sócrates, ele não é o primeiro nem será de certeza o último, é a incompetência da nossa justiça, completamente politizada, deixando no seu percurso um rasto de desprezo pela democracia e o Estado de Direito, o qual deveria ser a primeira a defender.