Conversas vadias 21

A vigésima primeira edição das Conversas Vadias contou com a presença dos vadios aventadores António de Almeida, António Fernando Nabais, José Mário Teixeira, Orlando Sousa, Carlos Araújo Alves e João Mendes.

A viagem começou pela vitória da Itália no Campeonato da Europa e prosseguiu, a toda velocidade, pelo Benfica, por Luís Filipe Vieira, por Rui Costa, pela capacidade de desmarcação de Fernando Medina, pela Justiça, pela falta de justiça, pelos problemas da Justiça, pela banca, pela TAP, pelo problema do teletrabalho, pelas oportunidades do teletrabalho. No fim, vadiámos por várias sugestões.

Conversas Vadias
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Sócrates: A Entrevista

No Conversas Vadias que vai ser publicado hoje e que foi gravado ontem após a entrevista de José Sócrates, já alguns aventadores teceram os seus comentários e opiniões sobre a coisa. Antes ainda, aqui fica um resumo possível da entrevista à TVI:

  1. José Sócrates afirma que Ivo Rosa  declarou que ele, Sócrates, não demonstrou nenhum comportamento contrário aos deveres do cargo de Primeiro Ministro. Disse isto sem se rir. Chamem o VAR.
  2. José Sócrates exigiu a José Alberto Carvalho (TVI) aquilo que ele nunca fez: um mínimo de rigor. Citando o nosso Fernando Nabais: E a Federação não faz nada?
  3. Que o crime de corrupção sem acto já não existe no código penal. Agora é “recebimento de vantagem indevida. Não esclareceu se existe na vida real. É entrar o VAR, sff.
  4. Sócrates explicou que não nutre nenhuma simpatia ou antipatia por Ivo Rosa. Só mesmo antipatia por Carlos Alexandre. E agora também por Fernando Medina e António Costa. E não se “canciou” de o dizer.
  5. Carlos Santos Silva, como já se sabia, é um amigo e uma espécie de Santa Casa da Misericórdia de Sócrates. Ajudou a financiar os seus estudos e os dos seus filhos. No estrangeiro. Qual corrupção, qual quê! Só ingratidão. Sabem porquê? Porque, pelo que se entende das palavras de Sócrates, este sabia que o BES ia ao fundo e nem avisou o amigo Santos Silva do facto, sabendo que era neste banco que o desgraçado tinha os tais milhões (ainda não percebi a quantia tal a quantidade de milhões de que se fala). Com amigos destes….
  6. A mãe de José Sócrates fartou-se de receber heranças. A Torre do Tombo prova-o. E as Sagradas Escrituras também.
  7. Por último, ficamos a saber que o Fernando Medina é um canalha e um “chega-me isto” de António Costa.

E a procissão ainda vai no adro.

Quando a Justiça portuguesa se transforma em novela mexicana

O juiz Ivo Rosa não confia no juiz Carlos Alexandre. Este não suporta o outro. O Ministério público prefere Carlos. Ivo fica de pé atrás. Pelo caminho Ivo, o rejeitado, desconfia de batota no sorteio da “Operação Marquês e na dos “Vistos Gold” a favor de Carlos e envia certidão para a PGR (Procuradoria Geral da República) que, por sua vez, só confia em Carlos. Crime diz Ivo. O Conselho Superior de Magistratura diz que é falso. E já tinha arquivado uma queixa de idêntico teor contra Carlos.

#VaiFicarTudoBem

(foto Lusa/Mário Cruz/POOL)

A parida ínfima formiga

José Oliveira

Hoje cumpriu-se um dos dias mais negros da justiça lusa. O Juiz Ivo Rosa, durante horas demoliu paciente e rigorosamente a maior parte da montagem dos actos acusatórios da Operação Marquês, explicando em detalhe o que estava mal, o que havia prescrito e porquê, a invalidade das provas, a improcedência das acusações, o vazio de muitos crimes imputados, a ausência de sustentação do argumentário do Min. Público, enfim, a demonstração cabal de que a montanha (os muitos anos de instrução do processo) não pariu sequer um rato, nem um ratinho, mas antes uma ínfima formiga.

Os arguidos devem estar a dar pulos de contentes.

A conclusão que se impõe parece óbvia. Os agentes do Min. Público não percebem nada de instrução processual, não sabem validar provas, não conhecem as molduras legais e mostram-se completamente incompetentes para construir uma acusação com pés e cabeça.

É uma verdadeira vergonha que a justiça tenha de mandar “em paz” os bandidos porque quem de direito não soube ou não foi capaz ou não quis elaborar um processo segundo as regras.

A pergunta final não pode ser evitada: o que é que esses caramelos andam por lá fazer? Não há ninguém que os ponha na ordem?

Ainda lhe vamos pagar uma indemnização

A imagem é de 2009, numa paródia minha ao livro de Eduarda Maio “Sócrates: O Menino de Ouro do PS”.

E não o é mesmo? Hoje conseguiu o seu maior feito político. Demonstrar que em Portugal a Justiça é uma ilusão. E que esta é o grande problema do País onde nunca a classe política verdadeiramente mexeu.

É a negação da Justiça que permite a existência dos BPNs, BANIFs e BES. Ou a chico-espertice de um artigo mudar precisamente quando a EDP se preparava para vender as barragens. Ou todos os truques autárquicos que caem em saco roto. Isto só para ilustrar alguns temas da política. Porque a Justiça não é só um problema na política. É-o no dia-a-dia, quando cada um de nós tem algo para resolver e tem que ponderar se o custo e duração do processo tal justifica.

Agora, vá preparando o seu bolso. Depois do julgamento na praça pública, com direito a prisão em directo, este nado-morto em forma de acusação não irá morrer hoje. Tivessem vergonha na cara e hoje haveria muita gente a se demitir.

O resto já o disse certeiramente Fernando Moreira de Sá.

Portugal morreu. RIP.

Podem dizer o que quiserem. Podem correr e saltar. Gritar e esbracejar. Rir ou chorar. Não vale a pena. Se o Juiz Ivo Rosa está certo, a justiça está podre. Se o Juiz Ivo Rosa está errado, a justiça está igualmente podre. Porquê? Simples:

Se o juiz Ivo Rosa estiver certo nos fundamentos da sua sentença, escusam de vir dizer que temos um Ministério Público incompetente, uma Policia Judiciária azelha e um Juiz Carlos Alexandre que é uma marionete. Não. O que ali está é muito pior. É uma manipulação para decapitar um antigo Primeiro Ministro, o seu partido, o maior banco privada à época. Foi uma tentativa de Golpe de Estado. É um país podre onde só nos resta partir para a desobediência civil e a luta armada para depor toda esta corja.

Se o juiz Ivo Rosa estiver a manipular os factos, então a gravidade não é menor. Estamos perante uma justiça corrompida nos seus alicerces. Estamos perante a prova provada que existe uma justiça para os poderosos e outra, totalmente diferente, para os restantes portugueses. É a total podridão e só nos resta seguir o mesmo caminho: desobediência civil e luta armada.

Como não acredito em nada e muito menos na capacidade dos portugueses se revoltarem para lá do fora de jogo mal assinalado, só resta enviar as mais sentidas condolências perante o anúncio de que Portugal morreu. Agora, só vos resta continuar a pagar. Seja impostos, multa por estar dentro do carro a comer uma sandes, taxas e taxinhas e os salários de toda esta malta que vive no Estado e do Estado. E agora, se não se importam, vou ali ver os Donos da Bola que já bastou passar o dia todo a ver os Donos Disto Tudo a rir. Rir a bom rir de todos nós, os pacóvios.

Rest in Peace.

Carlos Alexandre, um juiz do Antigo Regime

Não sou suspeito de admirar José Sócrates. Por mim, ia apodrecer uns anos valentes nos calabouços de Évora. Só não digo que é culpado porque não posso.
Defender a Justiça neste caso é outra coisa totalmente diferente.
A verdade é que não consigo defender a extrema morosidade deste processo, por mais complexo que seja. Nem as constantes fugas ao Segredo de Justiça, promovidas pelo Ministério Público através do inenarrável Correio da Manhã (podiam ter escolhido o Público, mas não seria a mesma coisa). Nem a inexplicável entrevista – no timing e no conteúdo – do juiz Carlos Alexandre à SIC.
O timing é parvo, mas é o conteúdo que mais me preocupa. Pelo que diz o entrevistado, mas sobretudo pelo que revela sobre ele.
Em primeiro lugar, o que diz põe em causa a sua independência. Alguém que tem como missão julgar de forma imparcial não pode vir dizer publicamente que não tem dinheiro em contas de amigos, insinuando que José Sócrates tem.
Depois, temos na entrevista um conjunto de banalidades sobre a sua vida particular. E esta é a parte mais confrangedora.  [Read more…]

Banco roubado, tranquinhas à porta

Lisboa, 09/05/2013 - Entrevista Dinheiro Vivo / TSF : Tudo é Economia, com Ricardo Salgado (Diana Quintela / Global Imagens)

O juíz Carlos Alexandre ordenou o arresto do saldo das contas bancárias de vários membros do gangue Espírito Santo. O objectivo é obter recursos para indemnizar os lesados pelos metralhas da Comporta

Trata-se, uma vez mais, de uma medida que peca por tardia (a esta altura do campeonato, os delinquentes já tiveram tempo de escoar uns quantos milhões para paraísos fiscais, entre outros esquemas que a máfia neoliberal todos os dias engendra para potenciar o assalto e a exploração) e, parece-me, por ser pouco ambiciosa. É que nestas coisas da bandidagem financeira, que eles são difíceis de apanhar, sempre que um banco afunda e o contribuinte é chamado a pagar, todos os responsáveis directos deviam ver imediatamente os seus bens congelados, como se faz aos terroristas internacionais, o que devia incluir bens entretanto passados para o nome da esposa, dos filhos ou do sobrinho que vive nas Caimão. Tudo. Infelizmente, vivemos num país onde este tipo de criminalidade é tolerada e até incentivada, o que leva a que gangsters como Ricardo Salgado, Oliveira e Costa ou Dias Loureiro se encontrem em liberdade e sempre em cima do último grande negócio do momento.  Impunes, a facturar, e sempre a jeito de um sentido elogio do um qualquer político desonesto.

Já agora, de que partido é mesmo aquele indivíduo que fez a defesa da prenda de 14 milhões de euros do empresário José Guilherme a Ricardo Salgado? Se calhar, só desta vez, punha-se o Calvão a funcionar.

Foto: Diana Quintela/Global Imagens@Dinheiro Vivo

A imunidade das figuras da democracia

Soares

Por estes dias, ouvi algo que me perturbou. Não a constatação em si, algo que pertence ao campo do óbvio, mas a naturalidade com que foi proclamado. Informaram-me vários órgãos da nossa comunicação social que, na decisão do DIAP de Lisboa de não abrir um inquérito às afirmações de Mário Soares sobre o juíz Carlos Alexandre, que em artigo no DN em que se colocou uma vez mais na pele de advogado do recluso nº44 avisou o super-juiz que se “cuidasse”, pesou o facto de Soares ser uma figura da democracia.

Não se trata aqui de julgar Mário Soares pela frase “E o juiz Carlos Alexandre que se cuide” que de resto nem grave chega a ser. Trata-se de ser confrontado com uma realidade em que o facto de um indivíduo ser considerado uma figura da democracia possa servir de pretexto para uma aplicação diferenciada da lei, algo que é altamente contraditório com o conceito de democracia de que esse individuo é figura. Como se já não chegasse a imunidade que, de uma forma geral, caracteriza a classe política, ser uma figura da democracia parece colocar cidadãos portugueses como eu ou o caro leitor num patamar de inferioridade relativamente a sujeitos como Mário Soares e similares. A menos que o caro leitor pertença a alguma casta claro.

Noronha Manda Destruir, Já!

DESTRÓI ESSA PORRA PÁ
A coisa até é engraçada.
Noronha diz que é para destruir, Alexandre quer  outra coisa e diz que os intervenientes processuais têm de tomar conhecimento antes da destruição, mas, ao contrário do que disse, nada fez para que tal acontecesse. Vai daí, Noronha vem dizer agora que os intervenientes processuais não têm que tomar conhecimento por ser matéria irrelevante, e que quem manda é ele, e ele é a Lei.
Por isso, destrói essa trampa mas é já, óbiste?
Mas porque é que anda tudo tão aflito com a existência dessas gravações? Será que alguém tem medo que se saiba o que lá se ouve?
Destrói.as.escutas.pá,destrói.as.escutas.pá, destrói.as.escutas.pá, destrói.as.escutas.pá(com música)