Na célebre entrevista, Manuel Luís Goucha perguntou:
– O seu discurso não cria clivagens?
Suzana Garcia respondeu:
– O meu discurso é o antídoto. Eu sou a expressão do povo.
Os políticos arvorados no messianismo são sempre a expressão de um povo que não consultaram antes de o ser. Seja Garcia, Ventura ou Bolsonaro, cuja taxa de aprovação parece ter batido o recorde mínimo, que ontem exigiu a deposição de um juíz do Supremo, perante um ruidoso coro de adeptos a exigir assassinatos e um golpe de Estado:
– Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou.
Ontem foi Bolsonaro, amanhã será Ventura e, mais dia, menos dia, irá a jogo o juiz negacionista. O populismo é o novo mainstream.
Este juiz tem dado um espetáculo degradante não só por alinhar na onda dos negacionistas sobre o vírus da covid19 mas por extravasar as suas competências ao afrontar a polícia que o questionou sobre o não uso de máscara na via pública a que estava obrigado. Foi rude com o polícia que o interpelou ameacando-o dar-lhe voz de prisão. Lamentável, simplesmente lamentável, sobretudo partindo de um juiz. Espera-se que a hierarquia deste juiz o irradie da magistratura.
Já devia ter sido irradiado há meses, mas devem estar o cozinhar-lhe um reforma apetitosa.
Uma mão cheia à direita é um perigo mainstream…
Uma mão cheia de esquerdalhos é o povo no seu melhor…
Pois é!
Porque a mão cheia à direita está, pelo Menos, cheia de trampa.
Desde que não agitem, não há grande perigo. Senão teremos de usar algemas, sei lá!
Uma mão cheia é o que levam nas eleições.