A China sabe que o dia seguinte pode ser complicado. Muito complicado para os seus negócios, para a sua política geoestratégica ou seja, para os seus interesses. A liderança chinesa sabe interpretar os sinais.
E os sinais são claros. A Rússia de Putin cometeu um erro crasso ao invadir a Ucrânia e, no fim, aconteça o que acontecer vai ficar de rastos em termos económicos e sociais. Pior, principalmente para a China, conseguiu unir o mundo ocidental. De repente, a Europa está unida, quer a NATO e pensa até na criação de uma força militar interna. Simultaneamente, os Estados Unidos e a Europa reaproximam-se; o Japão, a Coreia do Sul e a Austrália (juntamente com outros países do Pacífico) nem um segundo hesitaram. E a China?
A China olha para todo o cenário e pensa que por culpa de Putin, os seus adversários principais, os Estados Unidos, emergem desta crise numa sintonia com os seus aliados que não se via há décadas. E sabe que unidos se tornam, economicamente, mais interdependentes e, consequentemente, mais fortes. A China está a ver o comportamento da sociedade civil ocidental e percebe que a linha que a separa de ser o próximo alvo de boicotes económicos é ténue. Cada vez mais. Aliás, sabe que dentro da sociedade civil ocidental já se discute, já se propõe esse boicote. Os cidadãos. Os governantes ainda estão a “esperar para ver” e a rezar para que a China dê um sinal. Aliás, sobre isto e pela rama já vários aventadores falaram nas Conversas Vadias.
Ora, o primeiro sinal de que a China pode mudar o rumo desta história de guerra foi dado hoje. Foi João Querido Manha, na sua página no Twitter que chamou a atenção para um facto relevante: “um analista político chinês em Shangai diz que a China tem duas semanas para decidir apoiar o Ocidente e pressionar Putin a acabar a guerra”. Quem desejar ter o trabalho de ler, em inglês, o que esse analista escreveu (AQUI) percebe que essa mudança estratégica da China pode ser mais rápida do que alguns, como eu, imaginavam. Ainda bem
Resta saber é se, mesmo assim, no dia seguinte ainda vai a tempo de ultrapassar a má vontade em consumir produtos “Made in China”. Veremos, se Putin deixar, se o mundo mudou. Eu não acredito no Pai Natal mas…
Eu também não acredito no Pai Natal.
Mas também não acredito que o capitalismo, este, o neo liberal, depois de ter encontrado esse “filão de ouro” em que se tornou a globalização, que ao contrário do que nos foi prometido, não passou de uma simples transferência de indústrias e tecnologia para países governados por ditaduras, muitas delas corruptas, com baixos salários, sem direitos laborais, sem direitos cívicos, sem respeito pelo clima, se liberte com facilidade desse recurso inesgotável, que é ausência de liberdade individual onde produzimos barato.
Tudo aquilo que está a acontecer na actualidade foi diversas vezes aflorado por quem não olha para estas coisas com olhos de aficionado de um qualquer clube, mas ninguém quis ver e ouvir.
De qualquer forma termino dizendo isto. Estes dois artigos que o Fernando escreveu sobre a China, que subscrevo no geral, são muito daquilo que nós Europeus pensamos da Globalização.
Esta devia ter como imposição à industrialização dos países mais pobres, a sua democratização. Isso acabaria inevitavelmente por produzir uma melhor qualidade de vida aos seus habitantes, mais liberdade de pensamento e movimentos, e uma aproximação com a Europa e a América do Norte. O que está a acontecer é o inverso. Uma tentativa forçada de diminuir os níveis de vida na Europa para acompanhar a concorrência dos asiáticos.
Depois têm destas surpresas. Ou será que a surpresa é só para os distraídos?
Pois tá bem! Pode ser!
Mas há um fator novo que pode baralhar a coisa toda e mesmo a sorte da guerra: a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima já vai a caminho de Lviv.
E não se sabe porquanto tempo lá fica, o que adensa o mistério.
A mudança estratégica da China dá-se, segundo vários prestigiados comentadores de cujo nome não me recordo, porque estão com medo que apareça um quarto segredo de Fátima e não querem perder protagonismo. Ficaram muito acabrunhados por não terem sido sequer mencionados no anterior.
Eu não acredito em bruxas, mas o certo é que ainda anteontem precisei de uma vassoura, para tratar de uns pós suspeitos que me caíram no terraço, e estavam esgotadas.
Isto está muito complicado e ninguém consegue adivinhar o que o futuro imediato nos reserva. A Europa e os Estados Unidos conseguiram uma maior aproximação entre si que o passado não o demonstrou e, com isso, conseguiram arregimentar a maior parte dos paises a porem-se a seu lado mas, Putim, pode ver-se encurralado e estrebuchar para o lado errado, mandar premir o botão que ditará uma tragédia humana á escala nunca vista. Se tal acontecer poucos, ou muito poucos, ficarão cá para contarem essa tragédia. Esperemos que tal não aconteça porque, apesar de tudo, ainda desejamos mantemo-nos por cá por muito mais tempo.
Tal como os EUA tiveram um Trump que quis reverter o resultado das eleições presidenciais, mas não o deixaram, a começar logo pelo seu Vice Presidente, eu também quero acreditar que na Rússia, antes de Putin carregar num qualquer botão nuclear, alguém lhe dará um tiro na cabeça, ou enfiá-lo-iam num manicómio, daqueles à moda russa.
Na Rússia há Generais e Agentes do KGB com família. Até com interesses económicos fora da mãe pátria. Com filhos e netos. Com pais e irmãos. De nada lhes valerá meterem-se todos num bunker, como se ficassem eles para vitoriar a catástrofe, pois a seguir não haveria que comer, não veriam durante muito tempo a luz do dia. Se uma fuga radioativa numa central nuclear como Chernobyl deu no que deu, imagine-se milhares de ogivas a cruzarem os céus e a caírem pelo planeta inteiro. O mais provável ate era ao fim dos primeiros ataques, os sistemas de comunicação e lançamento começarem a falhar.
Uma Guerra Nuclear só pode servir para a dissuasão.
Felizmente, o sistema de lançamento russo não é automático.
O ocidente precisa da China, o contrário é cada vez menos verdade. Boa sorte em boicotar as fábricas e recursos do mundo moderno.
Bom, e a ligar a luz.