O portuguesinho, a avaliação de desempenho e a inveja

Olhe, não lhe digo mais nada, lá no prédio somos cinco senhoras mais essa… não lhe vou dizer que é uma porca, mas é uma desavergonhada, prontos. No outro dia, estávamos à conversa e vai ela e vira-se para nós e diz que os orgasmos ou lá o que é que ela tinha lá com o homem dela eram quase todos bons e alguns muito bons e até excelentes. E nós virámo-nos para ela e dissemos-lhe assim: “ó coisinha, isso não pode ser, não podem ser quase todos bons, têm de ser muitos regulares e alguns insuficientes”. E então ela vai e diz: “olha, mulher, se não estás satisfeita, faz como eu fiz, fala com o teu homem e arranjem maneira, que eu também levei uns tempos até conseguir pô-lo a funcionar como deve de ser”. Olhe, fiquei de uma maneira! Para já, o meu homem até é muito meu amigo e passam-se dias que não levanta a mão para mim. Imagine se ia agora dizer-lhe que tinha de fazer assim e assado só para ver se eu tinha um orgasmo ou lá o que é. Ele já anda tão cansado lá com trabalho e ainda vinha para casa fazer esforços, coitado. E depois dissemos-lhe assim: “tens de parar com isso, então algumas nem homem têm e tu tens homem e, ainda por cima, andas contente?” E dissemos-lhe mais: “fazes o favor de acabar com isso e se a gente sonha que continuas a ter orgasmos quase sempre bons, a gente chateia-se”. E ela a dar-lhe que também podíamos ter, era uma questão de conversar. Bem, a Adozinda do quarto esquerdo atirou-se ao ar e disse assim: “eu não consigo ter um galo de Barcelos, quanto mais um orgasmo, acabas é com essa porcaria ou então o meu homem vai ter uma conversa com o teu”. A maluca pôs-se para ali aos gritos a dizer que éramos umas invejosas e que em vez de querermos ter uma vida melhor só dizíamos mal de quem estava bem. E no fim disto tudo, ela é que é doida e eu é que venho presa só porque ia atrás do homem dela com uma faca e ele nuzinho. Se ele não se fecha no quarto e não chama os senhores guardas, a descaradona nem insuficientes tinha, acredite que não!

A despropósito de professores e de outros injustiçados

Na Assembleia da República, uma estranha maioria, constituída por PS, CDS, PCP e PEV, aprovou “uma norma do Estatuto dos Magistrados Judiciais que permitirá aos juízes conselheiros um vencimento superior ao do primeiro-ministro.”

Aos professores foi recusada a reposição integral do tempo de serviço, em nome das boas contas. Não tenho informação suficiente para saber se a medida é justa ou não e não defendo a sua reversão em nome de uma inveja profissional, mas não posso deixar de notar que parece que há cidadãos que são juízes e outros que são enteados.

Lateralmente a esta questão, alguns deputados afirmaram que votaram a favor da medida porque lhes tinha sido imposta disciplina de voto, essa perversão da representatividade parlamentar. Os deputados que invocaram esta desculpa não passam de hipócritas, gentinha obediente ao partido.

A propósito ainda desta questão, sabe-se que Fernando Anastácio, deputado do PS que negociou este aumento, é casado com uma juíza. O dito deputado declarou que não vê esse facto como impedimento. De qualquer modo, imagino que deva ser agradável intervir num processo que possa contribuir para o aumento do orçamento familiar. [Read more…]

Novo Banco brinca às avaliações

A avaliação do trabalho seja de quem for deve basear-se em critérios bem definidos aplicáveis a cada indivíduo. A partir do momento em que uma avaliação esteja dependente de quotas, deixa de ser avaliação e passa a ser um processo de afunilamento de subidas de carreiras. Uma frase como “as avaliações têm de ser baixas” só faz sentido num mundo em que o sentido deixou de existir. Imagino o que (me) aconteceria, se dissesse aos meus alunos “Ó meus ricos meninos, 80% das notas têm de ser baixas!”

Podemos, até, aceitar que uma instituição, por variadíssimas razões, não queira permitir que a maioria dos trabalhadores tenha direito a aumentos salariais. Nesse caso, um mínimo de honestidade obriga a que se declare que, na realidade, não há avaliação. Não é difícil.

Quando o inaceitável se torna normal e ninguém se escandaliza, temos a prova de que a sociedade está doente e, de caminho, confirma-se que um dos grandes objectivos dos poderosos continua a ser o mesmo se sempre: desvalorizar o preço do trabalho, sempre em direcção à escravatura. [Read more…]

Professores: Avaliação de desempenho e ECD publicados

Estou de acordo com o Arlindo – o dia de Carnaval é perfeito para a publicação destes dois documentos. A ler com atenção.

Pensar sem palas

Santana Castilho *

1. Eles serão fortes enquanto formos fracos e a indignação for só dalguns. Só pararão quando estivermos secos como os gregos e apenas nos restar o coiro, esbulhado todo o cabelo. Nas últimas semanas, depois do Instituto Nacional de Estatística e do Banco de Portugal terem “descoberto” o que muitos sabiam há anos, a degradação da política expôs-se em crescendo. Dum lado, reclama o PS contra o escândalo da Madeira. Do outro, grita o PSD que a responsabilidade pelo buraco do continente é do PS. Os dois têm razão. Porque os dois são culpados. Os notáveis do costume, alguns deles outorgantes da impunidade que protege a política, emergiram do ruído pedindo leis que sancionem os que gastam o que não está autorizado. Como se o problema fosse da lei, que existe e é ignorada, e não fosse dessa espécie de amnistia perpétua que decretaram. É, assim, fácil prever como terminará o inquérito que o Procurador-Geral da República determinou. O destino dos mesmos é o de sempre: sem o mínimo incómodo, muito menos de consciência, uns, eles, continuarão a dizer aos outros, nós, cada vez mais sufocados, que temos que pagar o que (não) gastámos.

Sobre a Madeira, um notável de Bruxelas mostrou surpresa. Estava em Wroclaw, na Polónia, com todos os ministros das finanças da Europa. Foram para decidir sobre a Grécia, que se afunda e arrastará com ela a Europa e o euro. Não sei quanto gastaram, mas foi muito. Sei que decidiram coisa nenhuma. Sobre a Madeira, outro notável, o presidente da nossa República, disse com ar grave: “Ninguém está imune aos sacrifícios”. Estava nos Açores, onde teve a oportunidade de apreciar o “sorriso das vacas” e verificar que “estavam satisfeitíssimas, olhando para o pasto que começava a ficar verdejante”. Não sei quanto gastou, mas não terá sido pouco. Disse-me Rita Brandão Guerra, deste jornal, que Sua Excelência se fez acompanhar de 30 pessoas, 12 seguranças, dois fotógrafos oficiais, médico e enfermeira pessoais, dois bagageiros e um mordomo inclusos.

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Parece que foi uma noite louca

Os maus professores têm calos no cu

Num momento em que tanto se fala do acordo entre Ministério e Sindicatos, penso que é necessário trazer à colação um critério que podia e devia ser utilizado em qualquer avaliação do desempenho de professores: o toque rectal.
Perguntarão os leitores mais maliciosos se eu ando a frequentar sítios menos adequados para um pai de família. Nada disso, seus maroteiros. A minha afirmação decorre da experiência, própria de quem lecciona há mais de 16 anos.
Com efeito, um mau professor é aquele que se senta na sua cadeira no início da aula e não mais se levanta até ao fim da mesma. Dá a aula dali, da cadeira. Fala para os alunos esticando o pescoço para poder vê-los. E repete a façanha, aula após aula, dia após dia, semana após semana. Ao fim de alguns anos de carreira, o seu rabo está quadrado e cheio de calos. Mas a progressão, essa, está sempre garantida.
Aproveitemos o que se está a fazer nos Aeroportos, com o «scanner» total dos passageiros, e apliquemo-lo ao processo de avaliação de professores. Mas neste caso, basta fazer um «scanner» muito específico que logo se obterão as respostas pretendidas.