Poesia Trovadoresca

Rebéu béu béu

O ex-presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, entregou como proposta de pagamento da caução dois imóveis no valor de 1,4 milhões de euros.

Para quem só tem, em seu nome, uma casa com palheiro, fica a pergunta: onde foi este pobre homem arranjar estes dois imóveis? Não poderia o Estado reclamar o Estádio da Luz como seu e transformar, definitivamente, o Benfica no clube do regime?

O escárnio a que sujeitam a população portuguesa já só é risível. Portugal, neste momento, é aquela criança que depois de cair de joelhos, se levanta, de lágrimas nos olhos, e diz: “nem doeu…”.

A excelente forma de Ricardo Salgado

Sed cum legebat, oculi ducebantur per paginas et cor intellectum rimabatur, vox autem et lingua quiescebant.

Santo Agostinho (354430)

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Gostei imenso do discurso que Ricardo Salgado proferiu ontem na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES. Por motivos profissionais, não pude assistir à audição. Contudo, o Público e o Expresso publicaram o excelente texto do ex-presidente do Banco Espírito Santo.

Vejamos alguns (sim, só alguns) dos melhores momentos:

Acção, Abril, accionistas, acções, actas, actividade, activos, actuação, actuações, afectava, afecto, correctas, Dezembro, directa, directamente, directo, efectivamente, efectuar, incorrecto, injectar, interacção, Janeiro, Julho, Junho, Maio, Março, Novembro, objectivo, objecto, Outubro, percepção, perspectiva, perspectivas, projecção, projecto, protecção, protectora, respectiva, respectivos, ruptura, Setembro.

Aliás, até proponho que Salgado seja distinguido com uma menção honrosa, devido à destreza com que adoptou grafias extremamente perigosas, como percepção, perspectiva, perspectivas, respectiva, respectivos e ruptura.

Muito bem, Ricardo Salgado. Óptimo. Excelente.

É evidente que estes “muito bem”, “menção honrosa”, “óptimo” e “excelente” devem ser lidos à luz da máxima atribuída por Daniel Dennett (p.21) a Gore Vidal: “It is not enough to succeed. Others must fail“.

“Others must fail”. Pois, claro. Sim, ‘others’. Efectivamente, os do costume.

Depois de apreciado o desempenho ortográfico de Salgado, debrucemo-nos sobre a habitual salgalhada do Diário da República:

dre 9122014Exactamente: ontem, no sítio do costume.

Actualização (11/12/2014): Sim, sim, reparei no *eminente. Contudo, atenhamo-nos ao AO90. 

Manuel Pinho nunca existiu

Nem a Maria de Belém se meteu com o Espírito Santo. É preciso ter lata.

Assumo

Perante isto, declaro: quero que o BES se foda. Todo. De preferência com a família na prisão. Eu e milhões de vítimas de Hitler e Pinochet.

1, 2, 3 repita lá outra vez

4,5,6 são só mé duzia de réis. O BES, o banco de todos os regimes, o antigo banco do teso do Salgado, uma das bocas que pediu o resgate a Bretton Woods, uma das bocas que evitou a todo o custo mamar da teta da recapitalização (não interessava muito ter o estado como accionista e ter que comprar dívida portuguesa assim que o país pudesse ir aos mercados) nem que para isso tivesse que ir várias vezes aos mercados financiar-se a curto prazo com juros de 14% (sim, 14%), o tal banco que tinha um dos seus administradores interessadíssimo em saber (dos freelancers entalados na governação) certas informações sobre a possível privatização da HPP (ramo da CGD no sector da saúde), está falido? Is Broken?

As armadilhas da pub online

bes
Para compensar a publicidade encapotada que tem enchido capas de jornais fica este momento haja esperança, quanto ao Banco Espírito Santo nada de novo na sua tradição secular de antro de malfeitores.

A caminho da Comporta

pifaradas espirito santo

Pifaradas e Zambumbadas dos Pastores com BES em fundo, Coimbra.  Fotografia de Carlos Jorge (Cajó)

Portugal e o passado

O tempo de antena da campanha eleitoral do FMI na RTP chama-se Portugal e o Futuro, passa em horário nobre, é como era de esperar mete nojo.

Zapei por ali há bocado. Fátima Fretes Ferreira entrevistava o actual presidente do BES. Coincidência significativa: o banco que negociava com a Alemanha nazi, num programa que foi buscar o título a um livro de António de Spínola, o homem que começou a carreira militar combatendo pelos nazis e a acabou como chefe de um grupo terrorista.

Tudo impune, é claro. Como duvido que a senhora lhe perguntasse sobre o negócio dos submarinos, mudei de canal, é claro.