Há mais vida para além do medo # 1 – O exemplo do Tenente Columbo

Num passado recente, disse-se que “há mais vida para além do défice”. Mais tarde, e paulatinamente, começou a desenvolver-se a ideia de que “há mais vida para além da pandemia”. Hoje, diria que “há mais vida para além da guerra”.

Curiosamente, existe um denominador comum ao défice, à pandemia e à guerra, enquanto temas fulcrais – para não dizer únicos – da actualidade, em cada um dos momentos: o medo.

Enquanto instrumento que mantém activo o nosso sistema de vigilância, o medo é essencial para que estejamos atentos ao que se passa em nosso redor e às interacções com o tempo, o espaço e os outros, que fazem parte do nosso quotidiano. É o que nos mantém em alerta quando atravessamos a rua, quando falamos com alguém, quando tomamos uma decisão.

Mas, o medo é, também, um ancestral instrumento de condicionamento comportamental quer no âmbito da educação quer no âmbito da vida em sociedade. Seja o medo do papão ou do bicho mau, para que se coma a sopa toda, seja o medo de expressar opinião ou tomar posição pública sobre certo assunto.

Ditaduras e democracias, através de métodos variáveis e com graus de severidade diversos, usam o medo como modo de modelação de comportamentos quer individuais quer colectivos. Seja propaganda, seja publicidade, a indução de comportamentos por via do medo, visando acção, omissão ou reacção, é transversal a qualquer organização social, corporativa ou religiosa.

Aqui, existe um papel fundamental por parte da comunicação social, no modo como o medo é transmitido ao indivíduo visando a sociedade. Reiterando mensagens de conteúdo pré-estabelecido, a ordem da percepção, e a percepção da ordem, constroem-se com vista ao estabelecimento de uma realidade quase sempre conducente a uma só verdade.

Sem querer recuar ao Estado Novo, em que o medo era, desde logo, um instrumento de perpetuação do poder instalado e dos respectivos interesses económicos, corporativos e económicos circundantes, bastará apreciar como, em democracia, o medo tem sido um recorrente mecanismo de condicionamento social, quer em matéria de pensamento quer em matéria de comportamento. [Read more…]

Maçãs e bolachas na Venezuela da Europa

Podíamos fazer como a Noruega, e como outros países igualmente atrasados e medievais, e banir toda a publicidade a alimentos com excesso de açúcar, sal e outros venenos, que tem como alvo crianças e adolescentes abaixo dos 16 anos? Podíamos ir ainda mais longe e aplicar a receita encontrada para o tabaco? Podíamos, mas logo apareceriam ruidosas hordas de snowflakes, indignadíssimas porque estaríamos a condicionar a liberdade dos seus filhos de desenvolverem doenças cardíacas ou serem obesos, o que seria uma chatice. E como essa costuma ser a mesma malta que não descansa enquanto não vir o SNS privatizado, convém colocar-lhe mais pressão em cima, não o contrário. Viver na Venezuela da Europa é uma canseira.

Como estragar um bom filme – versão canal AMC

A última moda, de há tempos a esta parte, por parte de alguns canais por cabo consiste em inserir auto-promoções enquanto está a ser exibido um programa, sem no entanto o interromper.

O emplastro pode ir do simplesmente intrusivo, como quando há bonecada ou mini-clips sobrepostos ao programa, até serem a parte principal do que está a ser visto, como na imagem supra, onde o filme, neste caso, continua numa pequena janela do ecrã.

Neste exemplo, capturado no canal AMC, a inversão de prioridades é total, relegando para segundo plano o que de facto poderia atrair o cliente para o canal. Soma-se a esta tropelia ao respeito do assinante outras como intervalos de 3 minutos, nada infrequentes em diversos canais, fazendo esquecer que se trata de um serviço auto-financiado pelas mensalidades.

Um exemplo menor, mas ilustrativo, da forma como a indústria dos conteúdos encara o consumidor. Meros sacos de dinheiro que vão mungindo enquanto há mama. Depois queixam-se que há quem não os esteja para aturar – basta ir ali à esquina para apanhar um steaming da pirataria, sem o DRM nem as interrupções com que chateiam quem paga.

Imagem: amostra do filme Crocodile Dundee II

* post actualizado, depois de uma publicação acidental antes do tempo

O 25 de Abril em versão comercial

bisolnatural_25abrilO acto histórico que mais impacto tem nas vida das pessoas da minha geração entrou agora naquela fase sem adjectivos possíveis. Faltam-me mesmo as palavras. Dá-me comichão, ataca-me a tosse.
Talvez o bisolnatural seja mesmo aquilo de que estou a precisar.
Viva o 25 de Abril.

A quem possa interessar

O modelo de negócio que estragou a internet;  Esta semana bloqueou o acesso à ProPublica

Páscoa subtil

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O Lidl Portugal deseja-lhe, subtilmente, uma Páscoa muito feliz.
O resto, tudo o resto é publicidade grátis.

Somos cada vez mais a m̲e̲r̲c̲a̲d̲o̲r̲i̲a̲

Em vez de sermos os clientes.

Bebidas alcoólicas e comunicação comercial

Sabia que morrem anualmente, em Portugal, 300 000 jovens entre os 15 e os 29 anos por causas directamente imputáveis a bebidas alcoólicas?

 

A explosão do álcool no seio das camadas mais jovens parece constituir premente preocupação das autoridades.

A prevenção no país das “sopas de cavalo cansado” representaria significativo passo de molde a subtrair os jovens da atracção que o álcool deveras representa e das suas nefastas consequências.

E, no entanto, os meios de maior impacte e difusão nem sempre cumprem o que naturalmente lhes compete.

Se observarmos o que ocorre sobretudo na pantalha ao longo de programas do mais diverso jaez, exibidos tanto pelas manhãs como durante as tardes, verificaremos que não só se exalta o álcool (apresentadores menos bem preparados fazem-no com um inqualificável desplante… e uma recusável “lascívia”) como se apresenta – de aguardentes aos vinhos de mesa e a bebidas licorosas – de tudo um pouco, e se brinda com inaudita desfaçatez… sabe-se lá em intenção de quem ou de quê! Talvez o seja proverbialmente em honra do deus Baco, seja qual for o significado que a tal se pretenda atribuir.

A ausência de uma criteriosa consciência e da percepção dos efeitos nefastos dos modelos que se apresentam a distintas camadas da população como impressivos – e dignos de ser seguidos – surgem na contra-mão dos esforços que determinadas entidades empreendem para frear os ímpetos dos mais novos que sentem naturalmente uma atracção pelas bebidas alcoólicas como modo de afirmação de uma personalidade, truncada, afinal, pelo que na sua essência o álcool representa e pelos malefícios que irreparavelmente acarreta.

Como se se adoptasse uma “pedagogia” às avessas: não se educa para a abstenção ou para um consumo moderado e enquadrado em uma dieta equilibrada, antes se ensaiam autênticas libações, fortes de conteúdo e de consequências, como se essa fosse a via para a superação das distintas fases da vida…

Para além do que noutros textos se plasma, convém atentar no que prescreve o Código da Publicidade no seu artigo 17, a saber, [Read more…]

Quanto o Google factura em publicidade por minuto

Centenas de milhares de dólares em 90 minutos. Eis quanto valem os seus dados pessoais que disponibiliza nos serviços “gratuitos” do Google.

Coisas de banqueiros

Compreendo perfeitamente que a concorrência se esmifre por herdar os clientes do BES. Se neste momento só um tolinho lá guarda o seu, consumado o assalto pelo PSD, com o banco entregue àquele amigo de Cavaco Silva, o Oliveira Costa, perdão, o Vítor Bento, só um grande tolo ali deixará depósitos (e alguns tolinhos precoces parece que já arranjaram chatices na Suiça, o que me dá um gozo tão grande como me deu o da canalha que andou nos idos de 70 a delapidar o património português e ficou sem ele, entregue a algum terrorista menos benemérito para passar a fronteira).

Mas chegados a este ponto:

Fico com o José Simões:

Um castanheiro [?] um carvalho [?] que dá laranjas [?] pêssegos [?], uma família que contra as mais elementares regras de segurança, ensinadas às crianças logo nos primeiros anos de ensino, face a uma colossal tempestade se abriga debaixo de uma árvore. O logro, a mentira, a irresponsabilidade do sistema financeiro que colocou os Estados debaixo da maior crise dos últimos 90 anos e aos cidadãos sacrifícios e privações de que já não havia memória, e que voltará a colocar, porque a árvore, passada a tormenta, torna a dar frutos, tudo explicado em 01:05 minutos num spot publicitário do BPI [Banco Português de Investimento]. Muito obrigado senhor Ulrich pela sessão de esclarecimento.

Quem autoriza isto merece ser presidente de Câmara?

segunda circular

Trânsito interrompido para montar publicidade que, claramente, está onde não devia estar. É este o António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa que autorizou isto, a arma de reserva para liderança do PS? Depois do viaduto da Galp (pago em mais de um terço pela CML) e das prioridades questionáveis, mais um exemplo de excelência de gestão autárquica.

Foto: Sandra Ribeiro / Pùblico

As armadilhas da pub online

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Para compensar a publicidade encapotada que tem enchido capas de jornais fica este momento haja esperança, quanto ao Banco Espírito Santo nada de novo na sua tradição secular de antro de malfeitores.

Para as cagadas do governo

Produto garantido para tapar o cheiro das cagadas governamentais. E não só…

Publicidade subliminar na Antena 1

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Ao passar pelo Der Terrorist dou com a imagem quem me preparava para procurar: o clip de promoção da Antena 1 onde é mostrada, durante um breve momento, uma notícia com a particularidade de, por completo mero acaso, constar o laranjinha Arnault a fazer propaganda ao governo.

Parece uma daquelas experiências nas quais se recorre a estímulos subliminares. Uma frame com uma bebida refrescante, espetada no meio de um filme, imperceptível no consciente, mas suficiente para deixar a audiência a salivar pelo refresco.

Básico, muito básico, numa rádio que até dá gosto ouvir quando não está a passar música de arrepiar o pêlo. Que ao menos tenha dado sede a algum boy do momento.

Falem mal de mim, mas falem…

A receita é antiga. Nada como uma boa polémica para vender, principalmente em tempos de crise. Aparece sempre alguém disposto a desempenhar o papel de idiota útil. As feministas moderam o isco…

Papel e IPAD

Uma limpeza!

Quando o telefone toca e a “chateza” nos invade a privacidade

A Europa e a Publicidade Infanto-Juvenil

Jornalismo de serviço privado

Eusébio saiu de um anónimo hospital polaco e já está num hospital privado com publicidade gratuita.

Viva o arroz de tomate

Mulheres no desporto – dia Internacional da mulher

As personagens mais procuradas no google luso não deixam margem para dúvidas – a Ana Malhoa é uma pessoa muito importante, tal como a Shakira ou o Carlos Cruz, por motivos naturalmente diversos. Não, o Carlos Cruz não colocou silicone e a Ana Malhoa não namora com o Messi.

Não impressiona também nenhum dos leitores que o Cristiano Ronaldo, seja no seu mais recente veículo – aqui mesmo, no Aventar – seja a marcar golos ou com inveja do Messi, esteja também sempre presente nos tops.

O que já me impressiona mais é a forma pornográfica como os jornais desportivos – os três em papel e outros tantos em formato digital – usam meninas sem roupa (aposto que este vai ser o link mais clicado neste post logo a seguir ao da Ana Malhoa lá em cima) para fazer subir as audiências. [Read more…]

“Não podia ser mais simples”

Por exclusão de partes, encontrar a pessoa certa.

O vinho e o Direito do Consumo

O vinho, de harmonia com o Regulamento (CE) n° 1493/1999, do Conselho, de 17 de Maio de 1999, define-se como o produto obtido exclusivamente por fermentação parcial ou total de uvas frescas, inteiras ou esmagadas ou de mostos.

Cautelas peculiares se impõem no que tange ao consumo do vinho e demais bebidas alcoólicas por jovens, em natural processo de formação…

Já o DL 9/2002, de Janeiro, previne no seu preâmbulo: 

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Governo suspende anúncios com Gisele Bundchen

Um governo suspendeu um conjunto de anúncios onde aparece a modelo Gisele Bundchen em fato de banho alegando que o seu conteúdo é

discriminatório e que infringe os artigos referentes aos direitos das mulheres consagrados na Constituição.

O mais estranho é tratar-se do governo de um país cujo turismo ganha milhões promovendo por imagens como esta

Ténis Vertical

Às vezes, para ser criativo, basta pensar ao contrário.

Sorry, old republican chaps!

Royal Wedding Posting

Pode ser um exagero, pode ser uma lamechice, pode ser excessivo em tempos de crise. Mas a euforia não se esconde, só os mais tristes não gostam de uma história de amor e dinheiro gera dinheiro. Lamento muito pelos republicanos que nos dias que correm espumam mais raiva do que o habitual mas, caros amigos, a cerimónia vais ser transmitida a biliões de pessoas, milhões vão estar presentes e, provavelmente a maior parte do mundo (que é feminina) queria estar no lugar da Kate. É certo que segundo as últimas sondagens 10 por cento dos britânicos queria ter uma república, mas acho melhor não passarem pelo vexame republicano da Austrália que viu negado os seus “democráticos” intentos pelo referendo de 2005. E certo é também que nestes dias aumentam os clamores moralistas sobre os gastos daquela gente que vive o conto de fadas. Porém, no país de Oscar Wilde, toda a publicidade, mesmo a má, é boa. Sugiro aos que nunca sonharam que no próximo dia 29 desliguem a televisão, a rádio e que nos dias a seguir não leiam jornais. Vai ser doloroso.

Eles vão. E vocês?

http://www.facebook.com/v/196142750413666

Produtos “milagrosos” pela “mão” dos apresentadores de programas de entretenimento…

Afigura-se-nos menos própria a intervenção de figuras carismáticas das televisões, como em geral o são as dos apresentadores de programas grande público, nos blocos em que se publicitam produtos de duvidosa eficácia e que surgem como autênticas poções miraculosas…

Em boa verdade, o facto em si mesmo considerado, conquanto aparentemente anódino, é factor de influência sobre os espíritos daqueles com quem os apresentadores estabelecem uma dada empatia, o que contraria obviamente os objectivos específicos dos programas e os das mensagens que se pretende atraiam os consumidores com manifestos objectivos mercantis… [Read more…]

Publicidade Exterior: a “selva” onde a lei é afrontada sobranceiramente!”

Enxameiam auto-estradas, itinerários principais, itinerários complementares, vias outras, não importa onde…

As entidades com competência para travar a vaga de escaparates onde se anicha a publicidade parece ignorarem a lei.

Já o sentimos em contacto com uma Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional que, mesmo após a advertência, ao que parece, manteve a mais reverberável das inacções…

As Câmaras Municipais não reagem e têm competência concorrente.

Ora, o que diz a lei a tal propósito. [Read more…]

Gainsbourg, Serge

A publicidade, por vezes, roça o genial. É o caso desta imagem dedicada a Serge Gainsbourg, possivelmente o mais fantástico compositor de música popular francesa do séc. XX. Isto, para além do provocador, boémio, polémico, bon-vivant, alcoólico, dissoluto & etc. cidadão público. Se esta ou esta canções excitaram o mundo no seu tempo e se adequam mais à imagem publicitária que o homenageia,

eu escolho outra canção, cuja letra só por si é música, para relembrar Gainsbourg, o poeta. Os menos fluentes em francês que me perdoem, mas só por isto valeria a pena terem-se esforçado um pouco mais.

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