Ditadura sanitária selectiva

No início de Fevereiro, um homem foi multado em 200€, por estar a consumir um pacote de gomas, à porta de uma dessas pseudo-lojas de máquinas de vending que se vêm cada vez mais por aí. Como ele, centenas de outros portugueses foram sujeitos à aplicação das leis em vigor, sempre aprovadas com uma confortável maioria parlamentar, que resultaram em multas, detenções e confusões.

Um mês depois, cerca de 3 mil (so they say) negacionistas e activistas contra o uso de máscara e confinamento juntaram-se no Rossio, para protestar contra as medidas de combate à pandemia, sem máscara ou respeito pelas normas de distanciamento social, colocando em risco a saúde de milhares de pessoas e a recuperação económica, sob o olhar atento da PSP, que não conseguiu ser tão valente como o foi com o degustador de gomas e tantos outros portugueses. Uma gritante dualidade de critérios e pelo menos meio milhão de euros em multas por cobrar.

E lá andavam eles, revoltadissimos, com cartazes da ditadura e mais não sei o quê, sem que meia bastonada ou coima lhes fosse aplicada. Quando isto passar, seria importante que as farmacêuticas se dedicassem ao desenvolvimento de uma vacina contra a falta de noção. Fica a dica.

As minhas desculpas

Acusei António Costa de ser o responsável pelo brutalidade (e ao que parece ilegalidade) da intervenção policial na acampada do Rossio. Sabe-se agora isto:

Quando os membros do movimento chegaram ao Rossio, António Costa pediu um parecer ao Governo Civil para apurar a legalidade da ocupação daquela praça lisboeta. Em resposta, o presidente da câmara foi informado que os manifestantes não cometiam qualquer ilegalidade. Dias depois, a Polícia Municipal decidiu intervir, (…). A iniciativa das autoridades não partiu da autarquia, até porque, segundo a vereadora Helena Roseta, “naquele sábado os serviços da câmara estavam fechados”. “Foi uma decisão exclusiva do oficial de dia da Polícia Municipal”, disse ao i.

Fui precipitado, parvo, e provocador, não necessariamente por esta ordem. As minhas desculpas a António Costa.

Brutalidade policial no Rossio

Vinte e cinco segundos de cacetada à moda antiga. Um aperitivo para os próximos tempos.

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A democracia quando nasce não é para todos

Terminou a campanha eleitoral: a polícia destruiu o acampamento no Rossio, espancou e efectou 3 detenções. Roubo de material de som e máquinas fotográficas. Presença da Polícia Municipal de António Costa.

O PS despede-se do poder assegurando à direita que sabe manter as ruas limpas de protestos, ou seja, evitar conflitos sociais. Deixem-nos ficar com uma pastazinha no governo, deixem… imploram a Passos Coelho.

Diz-se esta gente de esquerda.  Não passam de capachos da direita. António Costa, não passas de um Sócrates II. Ao mesmo baixo nível.

Os brioches de Fernanda Câncio

Ao 12 de março Fernanda Câncio reagiu assim:

ao acampamento do Rossio assim:

Quando a multidão do 12 de março se juntar à ideia de que a rua é nossa, ocupada a tempo inteiro até à mudança, quando a elite do regime tremer porque os desempregados, e muitos dos precários descobriram na Tunísia uma fórmula de mudar o regime, quando os que durante estes anos alimentaram a corrupção, as negociatas, os especuladores, as famílias donas de Portugal, a democracia bipartidária + 1 (alimentada pela comunicação social com as diárias mentiras repetidas de tal forma que um empréstimo com juros elevados se chama ajuda), quando as coisas ficarem mesmo pretas, quando lhe cair uma verdadeira democracia em cima, Fernanda Câncio, a empregada do amigo Oliveira, publicará uma foto com o título

“Não têm pão comam brioches”

ou talvez não. De qualquer forma Maria Antonieta, no seu tempo, ao que parece, também não a disse.

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