Em declarações à Rádio Nacional de Angola, Rui Machete pediu “diplomaticamente” desculpas por haver figuras do regime angolano a serem investigadas pela justiça portuguesa. Se, algum dia, vier a ser investigado, apesar de, por enquanto, não fazer parte do regime angolano, espero merecer o mesmo tratamento de um qualquer membro do governo português. Pela minha parte, estão, desde já, desculpados, mas que não volte a repetir-se.
Nessas mesmas declarações, Machete acrescenta às desculpas a declaração de impotência, lembrando que o governo português não pode intervir nas investigações. Resumidamente, o ministro pede desculpa a um país estrangeiro por haver um entidade pública portuguesa que, tanto quanto se sabe, está a cumprir o seu dever. Não deixa de ser uma novidade refrescante pedir desculpa por se cumprir um dever.
Para complementar o seu pedido de desculpas, Machete afirma que pediu informações à Procuradora-Geral da República. Posteriormente, veio desmentir as suas próprias declarações, explicando que se baseou num comunicado do DCIAP. Talvez alguém devesse explicar ao ministro que pedir informações a uma pessoa ou ler um comunicado não são a mesma coisa. Talvez não valha a pena explicar ao mesmo ministro que proferir incorrecções factuais é feio, porque já lá vai o tempo em que devia ter torcido o pepino.
A subserviência ao poder económico, sobretudo se estrangeiro, é típica desta raça de pequenos políticos que conseguem manter-se em cargos importantes, graças à ausência de vergonha. É esta mesma gente que sacrifica o próprio povo porque recebe ordens da Alemanha, que pede desculpas a um regime corrupto por causa do petróleo angolano ou que cria o caos ortográfico à espera dos restos do colosso económico brasileiro.
Num país civilizado, Machete sairia do governo a bem ou a mal. O problema é que, num país civilizado, não teríamos uma nulidade como presidente da República e uma pessoa factualmente incorrecta como primeiro-ministro. É, portanto, compreensível que o ministro se mantenha no cargo, mesmo que não saiba desempenhar a função. Nada de novo.
“A subserviência ao poder económico, sobretudo se estrangeiro, é típica desta raça de pequenos políticos que conseguem manter-se em cargos importantes, graças à ausência de vergonha. É esta mesma gente que sacrifica o próprio povo porque recebe ordens da Alemanha, que pede desculpas a um regime corrupto por causa do petróleo angolano ou que cria o caos ortográfico à espera dos restos do colosso económico brasileiro.”
Nem mais António F Nabais E Enquanto não os conseguirmos derrubar eles continuarão a agrilhoar-nos e a destruir o que temos de melhor com a escola pública e o SNS à cabeça.
Que eu saiba o povo não se está a sacrificar (pois défice significa que ainda continuamos a gastar mais do que produzimos) e nunca à Alemanha (nem à troika que nos empresta dinheiro com uma taxa bem menor do que o mercado nos emprestaria). Quanto à subserviência a Angola é a continuação da sucessão de episódios vergonhosos que nunca nos distanciam de um dos países mais corruptos, desiguais, injustos e pobres do mundo, mas já nem sequer é surpreendente. E sobre o “acordo” ortográfico que praticamente ninguém subscreveu é outro episódio de provincianismo tão típico das nossas elites.
Quando se olha só para o défice, é natural que não se veja o povo.
Pois não, os desempregados e os recipientes do novo ordenado mínimo de 380€ agradecem esta oportunidade e os pensionistas agradecem a responsabilidade de ter que providenciar a família com cada vez menos dinheiro.
Já a Alemanha não gosta nada da oportunidade de ter um país subserviente que servirá de modelo para alterações no próprio país à medida que se livra de dívida impagável.
As ordens da Alemanha, as desculpas a um regime corrupto e … o caos ortográfico?! Vou ler de novo.
Isso, isso.
Isso, isso não será um disparate? Então enfia-se tudo mesmo saco?
O saco da subserviência económica, pois.
Não concordo. O AO foi assinado por representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Referir o “caos ortográfico” a propósito da ‘machetada’ desvaloriza a mesma.
O AO só está a ser aplicado (pouco e mal) em dois países: Brasil e Portugal. Assinar um acordo é fácil, cumpri-lo é outra coisa. Da parte de Portugal, os argumentos apresentados para aplicar o AO estão sempre relacionados com imposições políticas ou com subserviência económica (argumentos linguísticos, zero).
A “machetada” é feita da mesma mediocridade que subjuga qualquer outro valor aos interesses económicos. Os politiquinhos limitam-se a fazer o que lhes mandam ou o que lhes interessa, ignorando as consequências. O resultado da subserviência a interesses alheios aos da língua teve como resultado um acordo ortográfico que veio acentuar (não veio criar, veio acentuar) uma situação de caos ortográfico.
As cavaladas do AO têm sido por aqui (bem) apontadas por si e “valadadas” ‘ad nauseam’ por outrem. Essas calças não têm a ver com este cu, é só isso. Até porque entre as maiores cavalidades estão diferenças ortográficas que antes não existiam e que afinal e portanto foram criadas pelos tais “subservientes”.
pois défice significa que ainda continuamos a gastar mais do que produzimos) e nunca à Alemanha (nem à——-ROGÉRIO – pode explicitar a que “nos” (nós) se está a referir – está incluído você a gastar demais ?’ Por favor esteja ou não nesse “nos” deixe de escrever “nos” pois que me sinto incluída por si e não ESTOU aí – fico fora e bem fora – Há de facto “pecados colectivos” mas dei-me só com os meus – Antonio Costa que não aprecio nem perto nem longe nem nunca – está na SIC a fazer com que a maioria escreva “!nos” e embarque na culpa colectiva – claro que esses com ar de honestos não o são pelo menos por omissão