Paira no ar que o desfecho do tal processo do Departamento Central de Investigação e Acção Penal que envolvia o procurador-geral da República angolano, João Maria de Sousa, e que foi arquivado no passado mês de Julho, conforme se soube hoje, já seria do conhecimento do Ministro da Defesa, Rui Machete, confirmando a longa e sólida tradição arquivadora da nossa PGR.
Por isso Machete pôde pedir desculpas às autoridades angolanas, tranquilizá-las, minimizar o problema, falar, enfim, como falou, assunto arrumado. Se ele já sabia do arquivamento só agora divulgado, as autoridades angolanas também já deveriam saber, pelo que todo o folclore de amuo e mal-estar subsequente da cúpula angolana para com parte da cúpula portuguesa, que reagiu mal ao ajoelhamento de Machete e explorou a exposição mediática do caso por fugas de informação, foi apenas o reeditar de uma velha guerra que opõe duas linhas pragmáticas opostas de diplomacia portuguesa, oficial e não oficial, para com aquele Regime: uma, de hostilização directa de José Eduardo dos Santos e do seu CleptoRegime por parte dos nossos Partidos da Oposição, e quando na Oposição, especialmente o clã Soares, cujo filho João é ferocíssimo aí. Outra, de contemporização e estreita cooperação, isto é, de íntima submissão económico-financeira, com progressiva subalternização de Portugal aos interesses e investimentos angolanos, conduzida pelos nossos Governos, um após outro. Entre a bipolar liberdade de denunciar e necessidade de cooperar, portanto. Claro que em Luanda não há destas dicotomias. Só há uma voz e o seu inequívoco megafone, o Jornal de Angola. [Read more…]
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