Apesar da chantagem, da tentativa de ocultação de informação e da manipulação das sondagens, a democracia venceu na Grécia. Mesmo com os líderes europeus da corte de Merkel e os representantes de instituições sem legitimidade democrática a manter a pressão alta sobre os gregos, o que incluiu apelos em tom de ameaça ao voto no sim em dia de reflexão e no próprio dia do referendo, Alexis Tsipras resistiu e reforçou o seu poder negocial, o que de resto era mais do que previsível. Chama-se democracia. Quem não estiver bem com ela, tem óptimas oportunidades de ser feliz na Coreia do Norte ou na Arábia Saudita.
O regime ameaçará agora a Grécia com a saída do euro. Apesar de não existir qualquer mecanismo presente nos tratados que permita expulsar um país do euro, a poderosa máquina de propaganda anti-Syriza continua a insistir numa hipótese que pode apenas partir dos próprios gregos. E os gregos já fizeram saber que não pretendem sair.
Amanhã os mercados encarregar-se-ão de tentar apertar o garrote à economia grega, algo que terá efeitos nos juros da dívida das nações mais vulneráveis, entre as quais se destaca Portugal. Mas toda esta narrativa de negação da democracia, daqueles que rejeitam que o povo seja chamado a pronunciar-se sobre uma decisão estrutural para as suas vidas, é ilustrativa de outras situações como a negociação do TTIP, que nos irá afectar a todos sem excepção e que está a ser feita à revelia de (quase) todos os europeus. Porque é esta a democracia que eles pretendem: a democracia das elites, uma subespécie de democracia na qual as grandes decisões são tomadas por um punhado de pessoas, subalternizando a vontade de mais de 500 milhões de europeus. Mas, por enquanto, o povo ainda é quem mais ordena.
OXI!
Grande povo grego!
Grande lição de dignidade!
Grande derrota da oligarquia financeira que comanda a Europa!
Grande derrota dos submissos “bons alunos”, dos que assinam programas lesivos do interesse dos seus países e dos povos sem os ouvirem!
OXI à chantagem, à exploração, à submissão.