A soma de todos os medos

Aos referendos encenados em Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhia, com vitórias esmagadoras e nada surpreendentes para o Kremlin, ao melhor estilo de qualquer eleição organizada pelo regime de Putin, seguir-se-á o anúncio da anexação destes territórios ucranianos à Federação Russa. Não adianta espernear. Vai mesmo acontecer. E podia ter sido evitado, se não nos tivéssemos alegremente vendido durante 20 anos de lucros fabulosos para os big shots.

A Ucrânia tentará, com total legitimidade, recuperar os territórios sequestrados pelo Adolfo de São Petersburgo. A diferença, que não é um mero detalhe, é que tal tentativa será encarada por Moscovo como um ataque directo à sua soberania e integridade territorial. A partir do momento em que a anexação for anunciada, aqueles territórios passarão a integrar a Federação. E isto muda totalmente as regras do jogo.

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O Equilíbrio do Terror #8 – Lukashenko nuclear

Entretanto, na Bielorrússia, o fim de semana foi de referendo. Com a invasão da Ucrânia em curso, na qual Lukashenko está a participar, e 30 mil soldados russos no território, a garantir que o processo decorre com a necessária “normalidade”.

Surpreendentemente, 62,5% da população votou favoravelmente o fim do estatuto de neutralidade nuclear do país. E digo surpreendentemente, na medida em que era expectável que 99,8% dos bielorrussos estivessem devidamente alinhados com as directrizes transmitidas pelo Kremlin ao fantoche de Minsk.

Perante este resultado, que configura, também ele, uma ameaça ao Ocidente, é meu entendimento que a NATO deverá responder e não ficar de braços cruzados. Se Putin instalar capacidade nuclear na Bielorrússia, talvez não seja má ideia acompanhar a escalada e entrar no jogo da dissuasão. Estou certo que os Estados Bálticos aceitarão, de bom grado, que se instalem uns quantos mísseis no seu território. São Petersburgo está ali ao lado, Kalininegrado também. E Moscovo é já além…

Crónicas do Rochedo – XXI :: Referendo da Catalunha, E se D. Afonso Henriques…

CATALUNHA
Aos olhos de alguns, muitos, que analisam o problema da “legalidade” do referendo da Catalunha imagino o que passou D. Afonso Henriques…
 
Aos 14 anos, armou-se a si próprio cavaleiro (uma ilegalidade, tendo em conta as regras da época). Não satisfeito, luta contra a sua mãe e vence em 1128 a famosa Batalha de S. Mamede e declara o Reino Portucalense como independente (sem referendo, coisa que à época não era costume), contrariando todas as leis vigentes (de Castela, diga-se). Em 1139 vence a Batalha de Ourique e afirma-se como Rei de Portugal, contrariando as leis da época – podemos considerar as batalhas como uma espécie de “referendos” de hoje? Só mais tarde, em 1143 é que Castela aceita a independência (Tratado de Zamora) e só em 1179 a Santa Sé reconhece o Reino de Portugal. Ou seja, se a coisa dependesse do cumprimento das leis soberanas de Castela (e Leão) ainda hoje andava a malta a discutir a realização de um referendo cumpridor da Constituição de Espanha, para que, cada um dos habitantes deste pedaço de terra, chamado Portugal, fosse um país soberano e independente. É isto, em resumo, que defendem os actuais legalistas, certo?
 
A escolha dos habitantes da Catalunha só pode ser feita através de um referendo (as batalhas caíram em desuso). Um referendo livre e democrático. Se votam a favor da independência ou contra ela é uma decisão de cada um dos eleitores do respectivo território, a Catalunha . Querer fazer depender disso o cumprimento integral do disposto na Constituição de Espanha é uma aberração política. O mesmo se aplica, obviamente, a outros povos na mesma situação (dentro e fora de Espanha).
 
Ver tantos portugueses a referir-se ao referendo da Catalunha como uma violação dos preceitos jurídicos de Castela (desculpem, de Espanha) é, no mínimo, de ir às lágrimas…

Catalunha

Se ouvirem bombardeiros sobre os céus de Barcelona, terão a confirmação de que a história se repete.

O Sultão do Bósforo

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O presidente turco Erdogan pertence à perigosa cepa de homens cuja virilidade se enfoca numa sensibilidade exacerbada àquilo que entende por sua honra e numa desmedida ambição de poder.

Carismático e eloquente, aplica extensivamente e com êxito a sua receita populista: a polarização como meio de mobilizar os seus adeptos e dividir a sociedade, atemorização e repressão dos que se atrevem a não estar do seu lado. Metade da população está com ele, a outra metade (turcos liberais, curdos, alevitas) não tem direito à existência. Declara que “representa o povo”, tudo o resto é ilegítimo.

Após a tentativa de golpe militar de 15 de Julho do ano passado, Erdogan vem dando crescentes largas aos seus instintos ditatoriais. Não lhe basta ter extinguido a liberdade de imprensa (a Turquia ocupa o lugar 151 de 180 no ranking da liberdade de imprensa da “Repórteres sem Fronteiras”; “na maior prisão mundial de autores” estão mais de 150 jornalistas e escritores, todos acusados de apoio ao terrorismo) e atirado para a cadeia muitas centenas de milhares de pessoas; Erdogan quer mandar como um verdadeiro sultão, desde o seu palácio de mil divisões. [Read more…]

Medo e democracia

Sim, o referendo italiano era uma distorção redutora e maniqueísta de um conjunto complexo de problemas. Um golpe, portanto. Que, entre outras questões, evidencia a impossibilidade de discutir em profundidade o mérito das propostas em confronto, já que elas jamais se reduziriam a uma dicotomia tão simplória.

Terminados os actos, vejo, não sem surpresa, muitas pessoas a verberar aqui os votantes que escolheram o “não”, acusando-os de abrir as portas a eleições e, portanto, à ofensiva eleitoral da extrema direita. Ora, se nos lembrarmos que a Itália era governada por um comissário político não eleito e imposto pela força hegemónica na União Europeia, pergunto: desde quando este terror pela possibilidade de eleições tomou conta da nossa razão? O que vale o argumento segundo o qual os votantes do “não” estão ao serviço da extrema-direita pelo facto de quererem eleições?

Perguntando de outro modo e tentando compreender estes receios: o que é, agora, a democracia? Ou: o que vamos fazer do que fizemos da democracia? Era bom trocarmos umas ideias sobre o assunto.

Ao cuidado dos filhos do governo

Os filhos do governo descobriram os referendos e também querem, para o que chamam ajudar a Grécia, como se a responsabilidade da transferência das dívidas aos bancos para os estados fosse culpa do seu actual governo.

Eu também queria.

Quando Passos Coelho me assaltou o ordenado, depois de prometer que não o faria, também podia ter feito um referendo.

Quando Passos Coelho me aumentou os impostos depois de ter prometido que não o faria, também podia ter feito um referendo.

Quando decidiram salvar o BPN, ou o BES, com o meu dinheiro, também podiam ter feito um referendo.

Nessa altura, que fizeram os filhos do governo? ficaram calados. Mantenham o hábito que só vos ficam bem.

Da Grécia para a Europa

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Ontem escrevi no facebook:

Os gregos (não confundir com Tsipras) decidiram. Decidiram o seu futuro. Se bom ou mau, ninguém sabe (nem eles…). E decidiram de forma clara e esmagadora. Uma nota: conseguiram ter um referendo sobre o seu presente e futuro na Europa. Poucos países se podem gabar do mesmo. A começar por nós.

Foram os Gregos que decidiram. Foi-lhes permitido decidir. Agora está na mão dos políticos desta Europa saber interpretar os sinais. Sem esquecer que temos outros países a caminho de referendar questões europeias (assim de repente temos a Dinamarca e a Inglaterra).

A União Europeia é uma das mais fabulosas construções da humanidade. A livre circulação de pessoas foi uma conquista extraordinária que ajudou a mudar a Europa. Sem pretender ser exaustivo, recordo o abolir das fronteiras, o termos uma moeda comum, programas como o Erasmus e tantas outras coisas com as quais nos habituamos. Claro que existiram falhas, erros e asneiras. Como em todas as obras colectivas. Só espero, sinceramente, que todos os políticos europeus saibam estar à altura das circunstâncias. Que a arrogância tenha apanhado um valente susto. Que se lembrem que somos todos diferentes mas somos todos europeus.

Estou nos antípodas do Syriza em termos ideológicos. Porém, ser democrata é saber reconhecer e respeitar as escolhas dos povos e os gregos, nas últimas eleições, assim escolheram. Da mesma forma que, neste referendo, escolheram o “Não”. Perante a sua escolha só existem dois caminhos: compreender e procurar enquadrar a sua escolha dentro dos superiores interesses de uma Europa unida ou, o que alguns andam a salivar, retaliar. Escolhendo a segunda vamos matar o projecto europeu, esse extraordinário legado dos nossos pais. Quem quer fazer o papel de coveiro?

Olhos gregos, lembrando

A Europa jaz, posta nos cotovelos:

De Oriente a Ocidente jaz, fitando,

E toldam-lhe românticos cabelos

Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;

O direito é em ângulo disposto.

Aquele diz Itália onde é pousado;

Este diz Inglaterra onde, afastado,

A mão sustenta, em que se apoia o rosto.

Fita, com olhar esfíngico e fatal,

O Ocidente, futuro do passado.

O rosto que fita é Portugal.

Mensagem, Fernando Pessoa

Mal sabia Fernando Pessoa que a História viria a dar outros significados ao poema “Os Castelos”, porque o tempo traz consigo novas leituras. [Read more…]

O altruísmo de Martin Schulz

Schulz

Parece que o desfecho do referendo grego nos presenteou com algo ainda mais surpreendente do que a vitória esmagadora do “não”, pelo menos para aqueles que alimentavam a especulação das sondagens fantasma que davam a vitória ao “sim”. Martin Schulz, o tal que para muitos representa a esquerda europeia – a esquerda do lado direito do espectro – foi subitamente tomado pelas preocupações sociais que durante vários anos estiveram ausentes da agenda europeia para a Grécia, que impôs uma austeridade cega que cortou a direito doesse a quem doesse:

Devemos amanhã, ou o mais tardar na terça, na discussão do encontro da zona euro, encontrar um programa de ajuda humanitária para a Grécia. O cidadão comum, os pensionistas, pessoas doentes ou as crianças nos infantários não podem pagar o preço pela situação dramática para a qual o governo grego levou o país.

Chegou tarde mas chegou. O “socialista” acordou agora para o drama do cidadão comum, dos pensionistas, dos doentes e mesmo das crianças nos infantários. As crianças nos infantários. Estou comovido. Só se lamenta a distorção da realidade presente no final da declaração. É que, é sabido, não foi este governo que atirou a Grécia para uma situação dramática. Foram os seus pares do defunto PASOK e da Nova Democracia. Mas vá, um passo de cada vez. Lá chegaremos.

 

O povo é quem mais ordena

Oxi

Apesar da chantagem, da tentativa de ocultação de informação e da manipulação das sondagens, a democracia venceu na Grécia. Mesmo com os líderes europeus da corte de Merkel e os representantes de instituições sem legitimidade democrática a manter a pressão alta sobre os gregos, o que incluiu apelos em tom de ameaça ao voto no sim em dia de reflexão e no próprio dia do referendo, Alexis Tsipras resistiu e reforçou o seu poder negocial, o que de resto era mais do que previsível. Chama-se democracia. Quem não estiver bem com ela, tem óptimas oportunidades de ser feliz na Coreia do Norte ou na Arábia Saudita.

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Adeus Samaras

O líder da Nova Democracia não vai ficar para a pasokização do seu partido. Boa viagem!

Reacções aos resultados do referendo grego

Primeiras reacções:

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Já agora, face aos resultados até agora conhecidos, alguém explica a opinião publicada dominante sobre o suposto empate técnico?

O relatório do FMI que a corte de Merkel tentou ocultar

Debt

Enquanto se acabam de contar os votos na Grécia, sendo quase certa a vitória do “não” no referendo, importa dar eco a um acontecimento da semana que agora termina e que, saiba-se lá porquê, foi praticamente ignorado pela comunicação social e pelos unicórnios fanáticos que disseminam a propaganda do regime, que preferem filmar as filas nos multibancos ou dar eco a manipulações absolutamente repugnantes como as aqui referidas pelo J Manuel Cordeiro.

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Da Grécia, sem amor

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Dedicado a Camilo Lourenço, José Manuel Fernandes, José Gomes Ferreira, José Rodrigues dos Santos e outros mentirosos, a todos os que por estes dias andaram por Atenas reduzindo o jornalismo a prostituição de rua, e sobretudo aos respectivos patrões.

Grécia: primeiros resultados do referendo (actualizado)

Resultados com 20% dos votos contados:

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Resultados com 40% dos votos contados:

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Página com os resultados oficiais: Referendum July 2015

Projeções do referendo grego

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As projecções do referendo na Grécia segundo quatro empresas distintas.

Manipulação da opinião pública: a lição grega

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Para além de todos os chavões, de todas as mentiras, de toda a manipulação e do esforço colossal que determinados sectores encostados ao regime têm levado a cabo para instituir a narrativa do pensamento único, aquela que coloca a responsabilidade da crise sobre os ombros do Syriza, ilibando os verdadeiros responsáveis – PASOK, Nova Democracia, FMI, supervisão comunitária e restantes jahidistas financeiros – e transformando a situação actual num embate entre os caloteiros que não querem pagar e os honrados regimes europeus que se submetem religiosamente à candura dos mercados, a verdade é que tudo junto se tem revelado, até ao momento, insuficiente para tombar o governo grego.

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Página do referendo grego

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O que nos separa

greciaA Grécia tem sido, para o nosso país, uma referência, nem que seja temporal. Com mais sal ou menos pimenta, por lá, o tempo tem estado um bocadinho à frente do relógio luso. Hoje eles, amanhã nós e não me custa nada subscrever os argumentos de quem apresenta Portugal como o cliente seguinte dos predadores.

E, podem os boys do regime, opinar em sentido contrário, porque sendo a minha ignorância em termos financeiros total, estamos em tabuleiros iguais, eles ficam na deles e eu na minha. Ambos ignorantes.

Mas, tal como disse ontem em Gaia, Sampaio da Nóvoa, não se trata de saber quantos ficam e até me apetece acrescentar: isto não é economia – é política, estúpidos! [Read more…]

Referendo ao povo europeu. Várias hipóteses de pergunta:

André Serpa Soares

1 – Deve a Europa empenhar-se de forma mais profunda em encontrar soluções efectivas para o problema das dívidas soberanas da zona Euro, nomeadamente da Grécia e de Portugal?
2 – Deve a Europa abandonar os países do Sul à sua sorte e desistir do projecto europeu tal como foi concebido pelos “pais fundadores”?
3 – Enquanto Europeu, prefere excluir do projecto de construção da Europa enquanto espaço de democracia, liberdade, paz e prosperidade comum, chutando para fora desse espaço os malandros do Sul?

Podem acrescentar hipóteses de pergunta.

A culpa é dos gregos

corridaaosbancos

Samaris, o jogador do Benfica, está tramado: até pode ficar no banco, mas será responsabilizado por qualquer mau resultado da sua equipa. Porque é grego, claro, e o demónio na Europa passou a chamar-se Grécia.

Um Verão abrasador? chuvas torrenciais? nunca mais se falará do anticiclone dos Açores, a culpa é do ciclone grego. Trema a terra um bocadinho que seja e os dedos serão apontados a Hércules, que não deixa as colunas de Gibraltar em paz.

Estou a exagerar? não, estou a apenas a caricaturar o que por aí se diz sobre a Grécia e os gregos. Um governo com cinco meses é acusado de todos os males, obra e graça dos governos anteriores que combateu. Cinco anos de austeridade falharam, por culpa dos gregos, não da austeridade, embora a mesma receita tenha tido o mesmo efeito em Portugal, na Irlanda e na Espanha, milagrosamente transformados em países onde tudo correu bem, pese que só pela nossa parte tenha desaparecido meio milhão de empregos, fora o saque a que chamam privatizações. [Read more…]

Discurso de Alexis Tsipras

A tradução deste discurso foi feita por Isabel Atalaia a partir da tradução não oficial para inglês de Stathis Kouvelakis. Em ambos os casos, as traduções foram feitas com grande urgência, por se entender prioritário difundir um discurso de importância fundamental. Por esse motivo, este texto será actualizado caso se verifique a necessidade de fazer qualquer alteração que salvaguarde a sua fidelidade ao original.

Compatriotas,
Durante estes seis meses, o governo grego tem travado uma batalha em condições de asfixia económica sem precedentes para implementar o mandato que nos foi dado, a 25 de Janeiro, por vós.

O mandato que negociávamos com os nossos parceiros visava acabar com a austeridade e permitir que a prosperidade e a justiça social regressassem ao nosso país.
Era um mandato com vista um acordo sustentável que respeitasse quer a democracia, quer as regras europeias comuns e que conduzisse à saída definitiva da crise.

Ao longo deste período de negociações, fomos convidados a executar os acordos concluídos pelos governos anteriores através dos memorandos, embora estes tenham sido categoricamente condenados pelo povo grego nas recentes eleições.

Apesar disso, nem por um momento pensámos em render-nos. Isso seria trair a vossa confiança. [Read more…]

Referendo na Grécia

Tsipras vai submeter as propostas dos credores a consulta popular. Chama-se democracia e não costuma agradar ao regime. Que o diga Papandreou.

Iniciativa de Referendo

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Ontem, teve início a fase de recolha das 75 mil assinaturas necessárias para que o projecto de lei de referendo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 seja votado na Assembleia da República.

As folhas de assinaturas encontram-se na página da Iniciativa de Referendo e no grupo do Facebook Cidadãos contra o “Acordo Ortográfico” de 1990.

Esperemos que o barco chegue a bom porto, para que não haja mais “fatos ofensivos do direito ao repouso”.

fatos ofensivos

Sim, são factos.

factos ofensivos

O referendo britânico e o futuro da União Europeia

Em 2012, David Cameron abria a porta a um referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE. Em 2013 reiterou a sua determinação em levar a cabo a consulta popular até 2017. No início deste ano, o primeiro-ministro britânico insistiu novamente na necessidade de consultar a população. Na recta final da campanha para as Legislativas que ontem reconduziram o líder dos conservadores para o nº 10 de Downing Street, o trabalhista e ex-capacho da violenta invasão que celebrizou Durão Barroso como um dos mordomos mais bem pagos do mundo, Tony Blair, apressou-se a profetizar a desgraça: a saída do pais da UE iria fragilizar ainda mais a economia do Reino Unido e diminuir o seu papel no mundo. Cameron acusou Blair de não confiar nos britânicos e no seu julgamento. Eu acusá-lo-ia de chantagem.

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Estupefacção

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Ontem, alguns habitantes do planeta Terra terão ficado estupefactos com esta sondagem da CNN. São coisas que acontecem — ou, como diz o Guardiola, “son cosas que pasan. Contudo, ao contrário dos espectadores da CNN, os leitores do Diário da República já estarão tão habituados a estrangulamentos e constrangimentos, na forma de contatos, fatos e seções, que muito provavelmente já não há estupefacção que os afecte. No entanto, como o Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa garante não ter identificado nem estrangulamentos nem constrangimentos, é porque eles certamente não existem.

Sim, hoje, no Diário da República:

Curriculum Vitae atualizado, detalhado, datado e assinado, acompanhado dos documentos comprovativos dos fatos naquele descritos, nomeadamente em que contem a formação e experiências profissionais, respetivas áreas e duração (os fatos curriculares não acompanhados dos correspondentes documentos comprovativos não serão considerados);

(…)

A lista unitária de ordenação final dos candidatos, após homologação, é afixada no placard da seção de recursos humanos desta Autarquia e disponibilizada na sua página eletrónica em http://www.cm-castroverde.pt, sendo ainda publicado um aviso no Diário da República.

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

Escócia e o lobo mau

Não, não tenho a certeza de qual é a melhor escolha para os escoceses. A complexidade da questão e a ausência de propostas de caminhos e opções políticas para além da independência pura e simples levam-me a reservar entusiasmos e suspender a opinião, até por não dominar grande parte das variáveis em jogo. Além do mais, tenho as maiores reservas sobre o referendo como instrumento de deliberação democrática – por razões que podemos discutir noutro lugar e em diferentes condições.

Mas coisa bem diferente é não reconhecer o direito dos escoceses tomarem a sua decisão sem ameaças torpes vindas do poder – de todos os partidos parlamentares – político e económico inglês. Tais ameaças vêm de todo o lado. Até a União Europeia já resmunga ameaças. Mesmo Platini e a merdosa UEFA se sentem no direito de ameaçar! Os últimos dias têm sido um compêndio da arte de fazer uma campanha suja. [Read more…]

Banca escocesa

Como é que se diz nos filmes? Não é uma ameaça, é um aviso.

Limpeza étnica no futebol suíço

Selecção Suiça

(Fonte: Extra3)

Ainda que por escassa diferença (50,3%), a Suiça disse este Domingo “Sim” à introdução de restrições à circulação de cidadãos da União Europeia no seu território. E enquanto a extrema-direita festeja e os dirigentes da União avisam que este uso “desregrado” da democracia terá consequências, o blog alemão Extra3 publica uma montagem daquilo que seria a selecção nacional suíça sem os seus imigrantes ou descendentes. O Mundial do Brasil estaria seriamente comprometido para o que restasse dos helvéticos. Em Portugal resolvia-se o problema com “vistos-talento”.