Grécia: a Europa a brincar aos festivais da canção

Horas e horas de reunião. As divisões no seio dos ministros das Finanças da Zona Euro sobressaem depois da longa reunião do Eurogrupo. A Alemanha e a França apresentam-se em posições divergentes, com Paris a apoiar Atenas e a rejeitar de forma veemente um eventual Grexit. Itália e Finlândia sobressaem também: Roma deu um murro na mesa para que se chegue a acordo, enquanto que Helsínquia promete inviabilizar um terceiro resgate e está já mandatada para negociar a saída da Grécia do euro. A reunião é retomada este domingo. [RTP]

France, dix points.
Deutschland, null Punkte.
Portugal, zero pontos.

Eis a europa que já foi Europa.

Efectivamente: equação − ‘e’ = quação

Em Julho de 2013 e em Fevereiro de 2014, debrucei-me sobre a possibilidade de “ocorrências de *excessão em vez de exceção (sic)” e semelhantes aumentarem, devido à supressão da letra consonântica ‘p’ em ‘excepção’ e similares.

Anos antes, em estudo sobre a “função diacrítica da letra c, enquanto elemento do grafema complexo (dígrafo) ‹ac›” e acerca, por exemplo, de ‘coacção’ e ‘coação’, sublinhara indirectamente “a criação de homografias” e mencionara quer o “carácter polissémico”, quer a “ambiguidade fonética”. Sim, há cinco anos. Exactamente, “há muito, muito tempo“, “ambiguidade” e “fonética”: porque sobre a superfície agora nos concentramos.

Ao ligar o computador, antes da minha rotina de sábado de manhã, no melhor mercado de Bruxelas, reparei na *quação do Jornal 2 de ontem — os meus agradecimentos a José António Pimenta de França e a Catarina Portas.

Efectivamente, se ‘equação’ [ikwɐˈsɐ̃ũ̯] e ‘coação’ [kwɐˈsɐ̃ũ̯] — como coalescência e qualidade ou até, em determinados contextos, Cuadrado em vez de quadrado —, logo, a selecção da hipótese *quação para [kwɐˈsɐ̃ũ̯] é possível. Desde ontem, aliás, passou de possível a existente — mais concretamente, durante mais de um minuto na RTP2 .

Foi você que pediu um Porto Ferreira? Não? Foi você que pediu um estalo na cara? Também não? Foi você que aceitou um Acordo Ortográfico de 1990? Sim? Logo, foi você que tacitamente adoptou o “critério fonético (ou da pronúncia)”. Então, parabéns. Salvo prova em contrário (se houver, venha ela), esta *quação também é sua.

Continuação de um óptimo fim-de-semana.

quaçao1

Política reles…

Discuta-se Passos no plano político: na minha opinião, é responsável pela degradação do país. Insinuar que utiliza a sua tragédia pessoal é injusto, miserável e revelador de uma falta de inteligência e de compaixão assinaláveis.

É irrelevante discutir se existe ou não qualquer intenção política na imagem da cidadã Laura Ferreira, esposa de Pedro Passos Coelho. Acreditar que os portugueses possam votar por qualquer sentimento de piedade ou simpatia, seria demasiado básico para os estrategas do principal partido da coligação governamental. Mas a girl Estela Serrano, personificando o que de pior existe na política, logo tratou de mobilizar a tralha, com argumentos demasiado reles, muito bem descritos pela insuspeita Ana Sá Lopes… Convém no entanto lembrar que o miserabilismo reles não começou agora, lembremos Sá Carneiro e Snu Abecassis, nem é um exclusivo do PS, há muita gente com responsabilidades, próxima do actual governo que agora se indigna com razão, mas que não hesita em utilizar a mesma mesquinhez na luta política…

Já não há fantasmas

Aqui no bairro há um palacete que está há tempos para ser convertido em qualquer coisa ao serviço dos turistas mas não há meio de isso acontecer porque é preciso muito dinheiro para recuperar aquelas velhas paredes e o lugar é pouco apetecível para camones. É uma casa bastante feia, construída ao gosto novo-rico da época, e foi abandonada há mais de uma década. As portadas já não cerram e deixam esvoaçar cortinados negros e há vultos a assomar-se às janelas em noites de luar.

Não há crianças a pular o muro para ir explorar a casa porque as crianças já não fazem essas coisas, têm o tempo tomado por actividades extracurriculares, mas é uma casa claramente assombrada, a pedir que crianças com tempo livre vão lá assustar-se. E é precisamente neste ponto que começa o diferendo entre mim e o bairro. Espantosamente, já ninguém acredita em casas assombradas. Na mercearia olham para mim como se eu tivesse acabado de defender que é o sol a girar à nossa volta. [Read more…]

Guy Verhofstadt, o conflito de interesses e as críticas a Tsipras no PE

Os alinhados da troika em Portugal deram grande destaque a um discurso de Verhofstadt na sessão do Parlamento Europeu onde Tsipras participou. Escreveu-se que empolgou, encostou Tsipras, e foi memorável. Uau, jornalismo de primeira linha, sem dúvida, só pecando no pequeno detalhe de não referir quem é este Verhofstadt. Ora, como se pode ler mais abaixo, este belga tem ligação ao consórcio que concorreu à privatização da água na Grécia, a qual deu um passo atrás com o OXI grego.

Quem é que falou no PE ao longo de oito minutos, o deputado europeu ou o membro da administração do fundo belga bilionário Sofina? Foram os mais de 10 mil euros por mês que ganha na Sofina (ver declaração de interesses no PE) ou foi o seu salário de eurodeputado que ali o levaram?

Foram questões que não importaram a Edgar Caetano, o jornalista do Observador mais rápido a adjectivar do que a sombra.

Verhofstadt

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TTIP: Parlamento Europeu deu o sim. Sabia?

El Parlamento Europeo respalda el TTIP con el apoyo dividido de los socialdemócratas. Por cá, silênci0.

Ao cuidado de Pedro Correia, João Ferreira do Amaral e de mais uns quantos

Talvez não tenham notado, mas esses pobres jornalistas agora tão injustamente perseguidos parece que manipularam imagens de forma barata. É isso mesmo, velhos tiques.

Os seguranças das forças de segurança

Há instalações militares cuja segurança e vigilância são da responsabilidade de empresas privadas. Numa pequena pesquisa, não consegui aceder directamente ao exclusivo do Correio da Manhã, uma notícia de Agosto de 2014. Vale a pena realçar, entre as várias críticas, que as empresas de segurança contratadas pertencem a “ex-militares e [a] ex-políticos.”

Ontem, ficou a saber-se que o Ministério da Administração Interna contratou empresas de segurança para vigiar, entre outras, instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e dos Serviços Sociais da PSP. É ler, com atenção, a notícia. Seria interessante que se soubesse os nomes dos proprietários destas empresas, só para termos a certeza de que os dinheiros do Estado não estão a cair nas mãos erradas.

A brincadeira a que me dediquei há menos de um ano não faz sentido: a solução que aí apontava era ainda demasiado estatizante. Reformulo: no futuro, as super-esquadras-mega-agrupamentos serão controladas por empresas privadas cujos funcionários serão professores-seguranças contratados pelo Ministério das Finanças e da Administração Interna da Educação.

A entrevista

Comecei, com toda a boa vontade, a ver a entrevista de António Costa. As primeiras perguntas andaram à volta de um “não ser”, a última sondagem. Independentemente da discussão que mereçam os resultados dessas operações, elas não podem ser discutidas como se representassem o ser, a realidade ela mesma. As sondagens – e não quero maçar-vos mais sobre o tema – reflectem apenas e muito vagamente uma sombra da realidade. Elas não têm estatuto ontológico. Estas perguntas atiram-nos para um lugar vazio e as que se lhe seguiram – malabarismos sobre números eleitorais – não são muito melhores. Já vi por onde isto vai e a presença de supostos representantes “do povo” não augura nada de bom. Assim, desliga-se a televisão e liga-se a música. Já está.