I guess some things never change
— W. Axl Rose, Dead HorseO throw away the worser part of it,
And liue the purer with the other halfe.
— Shakespeare, “Hamlet” (Folio 1, 1623)A presente resolução do Conselho de Ministros determina a aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa no sistema educativo no ano lectivo de 2011 -2012 e, a partir de 1 de Janeiro de 2012, ao Governo e a todos os serviços, organismos e entidades na dependência do Governo, bem como à publicação do Diário da República.
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Enquanto, no mercado de Tsukiji, alguém adquiria o primeiro atum rabilho do ano, o Diário da República trazia-nos os primeiros fatos de 2016. Efectivamente, eis o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 em todo o seu esplendor e em plena aplicação, no primeiro número de 2016 do Diário da República — para quem não souber, o Diário da República não é o Diário Oficial da União. Ou seja, ontem. Isto, é em Janeiro. Em Janeiro de 2016.
Exactamente: Janeiro de 2016 − Janeiro de 2012 = 4.
O Francisco mete a colher em tudo em vez de colher os benefícios do AO. 😛
E os benefícios a colher, até ao momento, são?…
Quanto à brincadeira das homógrafas, quantas mais, melhor, é isto? Em nome da simplificação, pois.
Exatamente.
Ou exactamente, para ser ao gosto do freguês…
Por acaso, estou muito curioso, o que é que já ganhámos até agora com o acordo ortográfico.
O que ganhámos foi a banalização dos erros e o caos ortográfico onde há palavras que já ninguém sabe bem como escrever graças ao AO. Até na imprensa isto se nota, quanto mais nas pessoas anónimas.
A tal unificação da língua, “cadê” ela?
Todas as homógrafas são iguais mas algumas são mais iguais do que as outras. Para muitos (mesmo muitos), as homógrafas do AO são umas bandidas enquanto que as anteriores são todas boazinhas.
Portanto, a algo mau, acrescenta-se pior? Excelente lógica.
Que as homógrafas são más, ninguém discorda. O que seria desejável era uma reforma que efectivamente reduza estes casos de ambiguidade e não como faz o presente acordo, que os multiplica exponencialmente.
Reforço a pergunta do RH e subscrevo o que escreve o Helder, realçando o “exponencialmente”. Acrescento que, em vez de aumentar as homografias, deveria haver uma reflexão sobre a possibilidade de recuperar/propor acentos que ajudassem, por exemplo, as pessoas a distinguir os molhos de chaves dos molhos de cozinha, entre outros.
Os primeiros fatos de 2016 parece que säo burqas “alta costura” de casas de moda francesas…