Para quedas, para pentes e pentes para carecas

La résilience, la définition est très simple : c’est la reprise d’un type de développement, après avoir subi un traumatisme.
Boris Cyrulnik

Thus, if learners are applying a ‘first-noun strategy’ when beginning to learn Latin, they might miscomprehend something like Ursum tigris amat (bear-ACC tiger-NOM loves) as ‘The bear loves the tiger.’ For this reason, it is not enough to only measure reading times of grammatical and ungrammatical sentences to see if learners develop sensitivity to case marking. It is also prudent to determine whether learners can make use of case marking during sentence comprehension. That is, can they correctly interpret something like Ursum tigris amat as ‘The tiger loves the bear’?
VanPatten & Smith

Jouis et fais jouir, sans faire de mal ni à toi ni à personne : voilà, je crois, toute la morale.— Chamfort (apud Onfray, bah oui, Onfray)

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Já sabíamos que a ausência crónica de contacto com a realidade é uma disfunção que afecta muitos decisores políticos. Todavia, hoje, ficámos igualmente familiarizados com o conceito “sem contato com o solo”.

E lá está o famoso paraquedas (versão 1990 de pára-quedas), ao qual, apesar dos boatos, Manuel Monteiro não se referiu.

Efectivamente, como dizia anteontem Nuno Pacheco,

o Acordo Ortográfico não é uma coisa com erros, é um erro com coisas.

Siga.

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Debate “Acordo Ortográfico: Manter ou Revogar?” Feira do Livro de Lisboa 2019

As paupérrimas intervenções de Lúcia Vaz Pedro confirmam que só é possível defender o chamado acordo ortográfico desde que não se fale de ortografia. Defender o acordo ortográfico implica, ainda, não ser capaz de demonstrar a sua superioridade relativamente a outros instrumentos anteriores. Veja-se e ouça-se tudo, do princípio ao fim, e atente-se nos exemplos dados por Manuel Monteiro e nos argumentos aduzidos por Nuno Pacheco. Exemplos e argumentos.

E novidades sobre o acordo ortográfico? Não há!

11337_10204484140098622_8880294994241081779_nPronto, confesso, o título é ligeiramente enganador. Em verdade vos digo que no Brasil o dito e chamado acordo ortográfico (AO90) passa a ser obrigatório, terminando, assim, o período de transição.

No entanto, e no fundo, não há novidades. Vejamos.

Alguns defensores do chamado acordo mostraram um tímido contentamento, festejando a ilusão de que, agora sim, passa a haver sintonia ortográfica entre Brasil e Portugal. Convém re-re-relembrar que a par de algumas aproximações ortográficas, o AO90 mantém muitas diferenças preexistentes e, re-re-re-pasme-se!, cria diferenças anteriormente inexistentes, obrigando, por exemplo, a que os hotéis portugueses deixem de ter recepção. [Read more…]

O melhor comentário da semana

«Lúcia Vaz Pedro reconhece, portanto, que há consoantes que desempenham uma determinada função. Ainda assim, defende que devem ser suprimidas. Perdoe-se-me o humor negro, mas isso faz tanto sentido como amputar uma perna saudável e, portanto, necessária, mantendo a esperança de que a memória corporal ajude a pessoa a caminhar».
António Fernando Nabais

Acordo? Ortográfico?

atar2by2bdesatarEm Díli, durante uma reunião da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), houve um momento de tensão, quando os representantes de Angola e de Moçambique rejeitaram a utilização do chamado acordo ortográfico de 1990 (AO90) na acta da reunião, sendo que o problema começou exactamente na própria palavra “acta”. Relembre-se que o AO90 não está em vigor naqueles dois países africanos.

(Mas o AO90 não veio impor uma ortografia única no mundo da lusofonia? A propósito, o que terá acontecido aos professores portugueses que, em 2013, davam formação a colegas angolanos?)

É curioso relembrar que, há dois anos, os representantes das agências de notícias dos países lusófonos reuniram-se, tendo como um dos objectivos a “escolha do padrão ortográfico” de um site comum.

(Mas qual seria a dúvida? Depois de o AO90 ter sido imposto no Brasil e em Portugal, o padrão ortográfico não estava escolhido por inerência? Mau, Maria!) [Read more…]

AO90: vogais fechadas para balanço

susceptível

Há três anos, um aluno, ao ler um texto do manual, pronunciou a – por assim dizer – palavra “atores” fechando o A inicial.

Este ano, durante uma aula de oitavo ano, uma excelente aluna está a ler um texto em voz alta. No manual, é assaltada por um “suscetível”. A aluna (excelente, repita-se) lê o E da segunda sílaba do mesmo modo que leria os de “apetite”. Numa idade em que não se consegue evitar reacções a erros alheios, a turma, com excepção de uma aluna, manteve-se impávida: para a maioria, não houve erro de leitura. Ninguém me contou estas histórias, acrescente-se. [Read more…]

As duplas grafias como falsa questão

Lúcia Vaz Pedro, cumprindo uma promessa, vem, agora, tentar esclarecer a questão das duplas grafias.

(…) a existência de uma dupla grafia para a mesma palavra confirma a democraticidade da língua, que respeita as duas pronúncias: a de Portugal e a do Brasil. Assim e de modo a resolver os casos em que uma consoante se pronuncia ou não, salvaguarda-se a possibilidade de essa palavra ser escrita de duas formas.

O uso da língua será sempre pessoal, muitas vezes ao arrepio das regras e dependendo das situações. É por isso podemos exprimir-nos de maneira diferente, conforme estejamos entre amigos ou numa reunião formal, no que se refere à produção oral do discurso. No âmbito da escrita, poderemos recorrer a abreviaturas, em apontamentos pessoais ou em mensagens de telemóvel, poderemos inventar palavras novas, na criação literária, e teremos de respeitar, também, as regras ortográficas, na maioria dos contextos em que somos obrigados a escrever.

A “democraticidade da língua” não precisa, portanto, de duplas grafias para ser confirmada. O problema das duplas grafias, ou melhor, o problema da criação de novas duplas grafias é o de aumentar o caos ortográfico, é o de conduzir à anarquia, conceito que não se deve confundir com democracia. Fica, ainda, a faltar a referência à criação de novas homografias, outra fonte de ruído na comunicação.

António Emiliano, entre outros, já explicou a importância da escrita na sociedade em que vivemos. Neste contexto, as regras ortográficas devem ser claras e não difusas (ou, se quisermos, ditatoriais e nunca democráticas, para usar conceitos que, de qualquer modo, não são chamados para as questões da língua). O uso pessoal, repito, é outra questão. [Read more…]

Grafias duplas e uniformização ortográfica

Lúcia Vaz Pedro é professora de Português e formadora do acordo ortográfico. Declarando estar ciente de que há, ainda, muitas dúvidas acerca do novo acordo ortográfico, promete dedicar o mês de Agosto a esclarecer “as questões mais problemáticas sobre esse assunto”, começando “por abordar a supressão das consoantes mudas”. Vale a pena acompanhar o esforço da articulista.

No segundo parágrafo, afirma que a dita supressão é a “maior alteração na ortografia da língua portuguesa, na variante lusoafricana [sic]”. Para além de existir um problema grave na solidez dos alicerces legais que sustentam a aprovação do chamado acordo ortográfico (AO90), a verdade é que, nos países africanos lusófonos, não está a ser aplicado. Conclui-se, portanto, que, na realidade, as alterações incidem, apenas, na variante lusa, sem a companhia da africana. De qualquer modo, seria bom que uma professora de Português, ainda mais se formadora do acordo ortográfico,  soubesse que, com ou sem AO90, se deve escrever luso-africana. Sim: com hífen.

A seguir, faz referência à possibilidade de haver duplas grafias, dependendo da “oscilação da pronúncia”, o que tornou possível o surgimento de oscilações ortográficas, no caso de palavras como espectador e sector, entre muitos outros exemplos. No mesmo parágrafo, aparentemente a propósito, recomenda que devemos ter presente a ideia de que “tendo cada variante a sua pronúncia, deve seguir-se a respetiva [sic] grafia.” Pela mão de Lúcia Vaz Pedro, estamos, mais uma vez, prestes a confirmar que o AO90 não trouxe uniformização ortográfica. [Read more…]