E novidades sobre o acordo ortográfico? Não há!

11337_10204484140098622_8880294994241081779_nPronto, confesso, o título é ligeiramente enganador. Em verdade vos digo que no Brasil o dito e chamado acordo ortográfico (AO90) passa a ser obrigatório, terminando, assim, o período de transição.

No entanto, e no fundo, não há novidades. Vejamos.

Alguns defensores do chamado acordo mostraram um tímido contentamento, festejando a ilusão de que, agora sim, passa a haver sintonia ortográfica entre Brasil e Portugal. Convém re-re-relembrar que a par de algumas aproximações ortográficas, o AO90 mantém muitas diferenças preexistentes e, re-re-re-pasme-se!, cria diferenças anteriormente inexistentes, obrigando, por exemplo, a que os hotéis portugueses deixem de ter recepção. [Read more…]

Colóquio “Ortografia e bom senso” – as comunicações

O Colóquio “Ortografia e bom senso”  teve lugar nos passados dias 10 e 11 de Novembro de 2015, na Academia das Ciências de Lisboa. Aqui fica a lista de participações, das quais destacamos as dos aventadores António Fernando Nabais e Francisco Miguel Valada.


António Fernando Nabais – O Acordo Ortográfico e o Ensino: instantâneos do caos


Francisco Miguel Valada – O Acordo Ortográfico de 1990 e o sistema grafémico do português europeu


Lista reprodução com todas as participações:
https://www.youtube.com/channel/UCnftN9szOOqqoFnmvNcOvBg

Jornal de Notícias e AO90 prejudicam alunos nos exames nacionais

wp_20150206_08_53_59_pro (1)Esta semana, o destaque do Jornal de Notícias de 6 de Fevereiro foi aquele que se pode ver na imagem.

O JN é um dos jornais que, sem que se perceba porquê, decidiram adoptar o chamado acordo ortográfico (AO90).

Ora, o acento agudo de “pára”, segundo a Base IX, 9º, é para suprimir. No 5.4.1. da Nota Explicativa, os autores do AO90 tentam explicar por que motivo se tomou essa decisão, recorrendo, em parte, ao segundo mantra do acordismo.

A manchete do JN, dotada, eventualmente, de uma vontade própria, contraria, assim, a ortografia adoptada pelo prestigiado jornal. Embora defenda, no mínimo, a suspensão imediata do AO90, percebo que isso tenha de se fazer gradualmente: hoje, a manchete; a notícia local, amanhã. [Read more…]

Uma escola sem contactos

Amadora_Contatos

O Agrupamento de Escolas Pioneiros da Aviação Portuguesa, na Amadora, não tem contactos. Tem contatos. De acordo com as últimas notícias, e segundo o chamado acordo ortográfico (AO90), consoante que se pronuncia é consoante que se escreve, para pôr a coisa em termos simples, ainda que simplistas.

Partindo do princípio de que a maioria dos portugueses pronuncia o C que antecede o T, deveríamos, então, continuar a escrever “contacto”.

Antes do AO90, já éramos um país ortograficamente desleixado e/ou inseguro? Éramos. Com o AO90, os problemas aumentaram, não só por causa do dito mas também. [Read more…]

Um dos piores fatos que já vi

fatos

 

David Rodrigues, Professor Universitário e Presidente da Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, escreve, hoje, no Público, um texto com cujo conteúdo concordo em absoluto, criticando a vigência de uma mentalidade paleo-liberal com efeitos perniciosos sobre a equidade em Educação, ou seja, sobre a Educação na vida democrática. Recomendo vivamente a leitura.

David Rodrigues adoptou o chamado acordo ortográfico (AO90). Não sei, é claro, por que razão o faz ou se tem alguma razão para o fazer. Não posso deixar de lamentar, no entanto, que alguém com opiniões tão acertadas sobre Educação opte por utilizar um instrumento cujas deficiências de concepção só podem provocar efeitos negativos na escrita e, portanto, na Educação. [Read more…]

Francisco José Viegas, o anjinho da procissão

000z90cfO chamado acordo ortográfico (AO90) assentou em três ilusões: o “critério fonético” (traduzido na expressão “escrever como se fala”), a “simplificação” da ortografia para facilitar a aprendizagem e a uniformização ortográfica do mundo lusófono como meio de criar textos ortograficamente iguaizinhos.

Não foi necessário perder muito tempo a pensar para se chegar, rapidamente, à conclusão de que o “critério fonético” acabaria por impedir a criação de uma ortografia única, cuja inexistência, aliás, já estava patente no texto do AO90, em que se admite que ponto máximo a atingir será o da “aproximação ortográfica”, o que correspondeu a destapar de um lado e tapar do outro. Nada disto, no entanto, tem servido de impedimento para que pessoas investidas de autoridade continuem a mentir, anunciando um futuro em que deixará de haver versões diferentes do mesmo texto ou edições diversas do mesmo livro.

Defender a simplificação de qualquer conteúdo a fim de facilitar a aprendizagem é um logro que serve para desvalorizar a importância do esforço e faz parte de um programa facilitista que está na base, por sua vez, de um processo de desinvestimento na Educação. Ainda por cima, um sistema ortográfico mal concebido e, portanto, incoerente, é fonte de confusão e nunca será fácil de aprender. [Read more…]

Acordo Ortográfico: entremez muito simples sobre a arte de não responder

Esta caixa de comentários inspirou-me o pequeno divertimento que se segue. O visado perdoar-me-á. Ou não.

Personagens: Nabais e Silva

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NO PÚBLICO DE HOJE

No PÚBLICO de hoje. Boa leitura.

Os nomes dos meses: Abril na CPLP
Por Francisco Miguel Valada

Pergunta d’o Diabo (10.4.2012)

Que diferença faz uma vagina?

Nas vésperas do Dia Internacional da Mulher, pode parecer que vou cometer a heresia de criticar algumas mulheres ou uma certa visão sobre as mulheres, mas, na realidade, vou escrever sobre o medo que temos de confirmar o lado negro da nossa História.

O politicamente correcto é mais uma importação dos Estados Unidos que nos chegou juntamente com os hambúrgueres e muitas outras coisas prejudiciais à saúde e o mesmo país que dizimou os índios chama-lhes nativos-americanos, numa espécie de expiação tardia, pagando em moeda linguística o que roubou em vidas impagáveis.

A preocupação com a susceptibilidade alheia ou o medo de descobrirmos que dentro de nós está algum monstro inesperado leva-nos a tentar calar a História que está marcada nas cicatrizes da língua e da linguagem que somos porque fomos. Quando a História não se cala ou é mal entendida, há quem tente reescrevê-la, retorcê-la, fazendo de conta que a interpreta.

É verdade que a História é brutal e violentamente masculina e todas as mulheres que sofreram e sofrem com isso nunca poderão ser compensadas das violações de toda a espécie a que foram sujeitas, restando-nos a possibilidade de sermos todos melhores e mulheres no futuro.

Dilma Roussef, Presidente do Brasil, passou pelo Porto e aproveitou para comer bacalhau, o que é, evidentemente, notícia. Também é, infelizmente, notícia o servilismo de alguma comunicação social que reproduz o “Presidenta” com que a Chefe de Estado brasileiro exige ser tratada, agredindo, ao mesmo tempo, a língua portuguesa que nos é comum.

Esta ânsia de encontrar um feminino que não existe revela, afinal, um estranho machismo ao contrário, ou, para ser considerado completamente preconceituoso, um machismo de saias. Há uns meses, Pilar del Rio considerou “néscio” qualquer um que não lhe chamasse Presidenta da Fundação José Saramago. A todos os que queiram merecer conscientemente esse epíteto aconselho a leitura deste texto do Francisco Miguel Valada.

Contra o Acordo Ortográfico: mais homografias

O AO90 contribui para o aumento das homografias, ou seja, com a sua aplicação o número de palavras que se escrevem da mesma maneira e se pronunciam de maneira diferente. Tal facto poderá dar origem, como vimos anteriormente, à alteração da pronúncia, para além de poder dificultar o entendimento de enunciados.

Na Nota Explicativa dedica-se o ponto 5.4 a esta questão, o que, de certo modo, corresponde ao reconhecimento da existência de um problema.

Um dos primeiros argumentos é o da preexistência de outras homografias na ortografia portuguesa. Ora, se é reconhecido que a homografia pode trazer problemas, qualquer acordo deve, na medida do possível, evitar a sua multiplicação. Relembre-se uma das contradições apontadas ao AO90, quando defende a manutenção do acento em “pôr” para evitar a homografia e a supressão do acento em “pára”, apesar da homografia. [Read more…]

Contra o Acordo Ortográfico: o que não interessa

A discussão sobre o Acordo Ortográfico (AO90) não está esgotada. Hoje, e ao longo de mais sete textos, procurarei dar o meu contributo para o debate, sabendo que será praticamente impossível ser original, tal a quantidade de contendores que tem versado o assunto. Procurarei, ainda assim, sintetizar, divulgar e organizar muita da argumentação entretanto produzida.

No debate sobre o AO90, tem havido demasiado ruído para que esse mesmo debate seja efectivo e, portanto, consequente. Entre a confusão de declarações importa definir, antes de tudo, de que é que não falamos, quando falamos sobre o AO90.

Há, por exemplo, quem afirme que não devemos adoptá-lo porque somos os donos da língua e que, portanto, a haver sujeição, deveriam ser os outros países a acatar o que lhes quiséssemos impor. Tudo indica que tais afirmações terão origem num complexo resultante de um desejo de regressar aos tempos colonialistas. [Read more…]

Acordo Ortográfico: a opinião de Fernando Venâncio

Vale a pena ler atentamente este texto de Fernando Venâncio sobre o Acordo Ortográfico. Para além da história e das histórias à volta do alegado acordo, estamos perante argumentos sólidos, irrefutáveis.

Ligação roubada do facebook de Francisco Miguel Valada

Contra o Orçamento do Estado para 2012

por Francisco Miguel Valada*

Texto escrito imediatamente após a entrevista do senhor ministro das Finanças à RTP.

Texto sem alusão a doutrinas, sem floreados, sem menção aos pareceres ignorados pelo poder político que os requereu, sem referência ao que neste momento se pode fazer para impedir a vigência do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 e sem recurso a referências científicas, para não assustar as pessoas.

 O autor destas linhas não é adepto do texto panfletário, assume alguma inaptidão para este estilo, pede de antemão desculpa a quem se sentir incomodado e promete que evitará a todo o custo regressar a este formato, desaparecendo imediatamente no estudo e na reflexão, mal acabe de afixar este projecto de panfleto na sua página do feicebuque. Dito tudo isto, sem mais delongas, vamos ao que interessa.

Não farei qualquer juízo de valor relativamente ao Relatório do Orçamento do Estado para 2012 (OE2012), pois não sou nem político activo, nem comentador político. A propósito, o OE2012 poderá eventualmente ser lido aqui: http://bit.ly/qHuWuo. Muito menos aludirei publicamente a aspectos técnicos do OE2012, pois não sou sequer pretendente a perito em matéria económico-financeira.

Concentrar-me-ei no carácter de perenidade deste documento, obtido através da sua dimensão escrita. Ao contrário daquilo que sucede quando falamos, aquilo que escrevemos fica. Aquilo que se diz levará o vento, mas aquilo que se escreve permanece.

Ao realizarmos o acto de escrever, assumimos uma opção muito clara: ou adoptamos a ortografia determinada pelo Estado, ou escolhemos uma grafia pessoal (intransmissível ou nem por isso), ou elegemos uma grafia correspondente a um grupo etário, a um estrato social, et caetera e por aí fora.

Contudo, quando o Estado escreve, deve adoptar uma ortografia.

Em Portugal, quem manda na ortografia é o Estado.

A minha leitura do OE2012 leva-me a apelar ao seu definitivo e claro CHUMBO por parte dos deputados à Assembleia da República. A aprovação deste OE2012 será efectivamente um ponto de viragem: constituirá a descredibilização completa e categórica quer da Língua Portuguesa, quer, em última análise, da própria capacidade de expressão escrita do Estado português. [Read more…]