
os meus sentimentos desenham o amor das nossas mães
Todos gostriamos vamos viver eternamente, da maneira e forma que hoje somos. Todos quereriamos manter o corpo da forma atraente e sedutora. Mas as descobertas no campo de ciência médica e genética, acrescentando um valor alimentar que os nossos ancestrais não conheciam e comiam o que havia com o valor nutritivo que pensavam ser o adequado. Especialmente em áreas rurais ou em áreas periféricas das grades cidades, sítios em que o porco era e ainda é a base alimentar. Minguém parecia importar-se com esse desconhecido conceito colesterol. Não é estranho, porém, que os que comiam menos, viviam mais anos.
Esse comer menos junto a um trabalho intenso, físico ou intelectual, mantinham o corpo são e com força. O descanso depois de uma refeição, era outra parte do segredo da natureza, como o não beber em excesso, e abster-se do café, esse vício trazido pelos lusos portugueses desde Ásia e cultivado nas colónias portuguesas de África e introduzido, seguidamente, no velho continente. Desde a China, onde era denominado chá, foi exportado para a Grã-Bretanha pela Infanta portuguesa Catarina de Bragança, a
única rainha portuguesa na, nesses tempos, Inglaterra e Escócia, princesa de Portugal e rainha consorte de Inglaterra e Escócia por seu casamento com o rei Carlos II da casa de Stuart.
Filha do Rei D. João IV de Portugal e da sua mulher a Rainha D. Luísa de Gusmão, importara essa nova bebida para se aquecer no Inverno e refrescar-se no verão. A fama foi que os ingleses são adictos ao Chá, enquanto os Portugueses, as tisanas e ao café. Existem muitas lendas e mitos no que respeita à origem do chá.
A mais conhecida conta que a sua origem remonta desde há 5000 anos, na China, aquando do reinado do Imperador Sheng Nong, um governante justo e competente, amante das artes e da ciência e conhecido como o Curandeiro Divino. O Imperador, preocupado com as epidemias que devastavam o Império do Meio, decretou um edital que exigia que todas as pessoas fervessem a água antes de a consumirem.
Certo dia, quando o governador chinês passeava pelos seus jardins, pediu aos seus servidores que lhe fervessem água, enquanto descansava debaixo da sombra de uma árvore. Enquanto esperava que a água arrefecesse, algumas folhas vindas de uns arbustos caíram dentro do seu copo, atribuindo à água uma tonalidade acastanhada. O Imperador decidiu provar, surpreendendo-se com o sabor agradável. A partir deste momento ficou adepto do chá, induzindo o seu gosto ao seu povo. O chá começou a avançar para o Ocidente, através da Ásia Central e da Rússia. No entanto, só quando os portugueses chegaram ao Oriente, nos finais do século XV, é que se começou a conhecer verdadeiramente o chá. Era, finalmente, uma planta medicinal, hoje em dia raramente usada, excepto em casos de cólicas ou na minha casa, que se bebe aos litros!
A ciência da natureza do corpo não era um mistério nesses anos. Com todo, era um derivado do saber empírico, quase uma lógica analógica, como define Durkheim o seu livro de 1912: Les formes élémentaires de la vie religieuse. Le système totémique en Australie (1912). Paris, Félix Alkan, Paris, texto no qual fala das formas de manter o corpo são e de incorporar o jejum dentro das cerimónias rituais. Atrevo-me a dizer que é um texto de medicina, quer pelas cerimónias para ensinar aos mais novos a tomar conta do corpo, quer pelas caçadas que empreendiam para guardar alimentos. Texto que pode ser lido em http://classiques.uqac.ca/classiques/Durkheim_emile/formes_vie_religieuse/formes_vie_religieuse.html
Quem não saiba tomar conta do seu corpo, vive grandes perigos de vida e morte. Aconteceu comigo: o excesso de trabalho produziu em mim, faz já três anos, um AVC ou ataque vascular cerebral, que apenas me permitia circular dentro de casa ou causar a morte a todo minuto. Felizmente, os melhores neurologistas salvaram a minha vida, tendo recuperado o pleno uso das minhas faculdades. Os sentimentos da minha descendência, foi um caos, um turbilhão. O seu medo a minha morte estava sempre presente, mas fui salvo pelo melhor neurologista da Europa, o Prof. Doutor Alexandre Castro Caldas, brilhante ideia do Ministro da Ciência. O Prof. Doutor Engenheiro José Mariano Gago e o seu subsecretário de Estado, o Professor Armando Trigo de Abreu, os que, para manter a distância, agiam através da minha melhor amiga, a Prof. Doutora Nélia Dias e a sua amiga, a Prof. Doutora Rosa Maria Perez. E do Secretariado do nosso Departamento, especificamente Maria Paula Almeida, quem me tem apoiado em todas as minhas aventuras de convalescença, e procurado a amizade dos meus antigos colegas e amigos e assistentes, o que não tem conseguido, infelizmente.
História que narro para não entristecer a esses os meus amigos que sofrem pela prolongada vida artificial dos seus ancestrais, como acontece com os meus, os nossos melhor dizendo. No meu caso foi simples: os Senhores pais foram-se embora em calma e em paz, com os nossos cuidados e o tratamento da sua saúde. Há outros que, seja qual for o problema que causa a quem parece estar melhor, conformam-se com essa lenta e prolongada, como foi o vaso da Nai Esperanza, já narrado. Ela comia como entendia e muito, o que acabou por ser um doloroso ponto final aos seus dias neste mundo. A dor não era tanto a dela, nem sabia que existia, era para a família que contemplava com raiva e tristeza essa imparável decadência, sem ter os meios científicos para parar tamanho sofrimento.
Não posso deixar de exclamar com imensa tristeza, que a decrepitude de um ser humano deve ser parada no seu minuto. Como acontecera com o nosso pai: uma pequena injecção e o corpo lentamente descansam pela eternidade, como na Holanda, a Dinamarca e outros países civilizados da Europa do Norte, em partes da China onde há casas para morrer, e entre as etnias que tenho estudado, como a Papua Nova Guiné, os antigos Aztecas do México: clamo, apesar da dor que causa, pela eutanásia ser lei. É demais, é um sofrimento auto infligido, prolongar a vida de quem já mais nada quer deste mundo. É evidente que os filhos fazem o possível para acalmar esses problemas e são bem sucedidos. Porque mais um minuto com o ser amado vivo e connosco, traz o prazer de tomar conta de quem tomara, antes, conta de nós, do nosso bem-estar: esse cuidado, é o amor imenso que se tem por quem temos amado.
Há os que querem evitar essa advertência de Freud de 1917:
O luto, de modo geral, é a reacção à perda de um ente querido, à perda de alguma abstracção que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por diante. Em algumas pessoas, as mesmas influências produzem melancolia em vez de luto; por conseguinte, suspeitamos de que essas pessoas possuem uma disposição patológica.
O luto afasta a pessoa de suas atitudes normais para com a vida, mas sabemos que este afastamento não é patológico, normalmente é superado após certo tempo e é inútil e prejudicial qualquer interferência em relação a ele.
Os traços mentais distintivos da melancolia são um desânimo profundamente penoso, a cessação de interesse pelo mundo externo, a perda da capacidade de amar, a inibição de toda e qualquer actividade, e uma diminuição dos sentimentos de auto-estima a ponto de encontrar expressão em auto-recriminação e auto-envilecimento, culminando numa expectativa delirante de punição.
A perturbação da auto-estima normalmente esta ausente no luto, fora isto as características são as mesmas.
Em que consiste, portanto, o trabalho que o luto realiza? Não me parece forçado apresentá-lo da forma que se segue. O teste da realidade revelou que o objecto amado não existe mais, passando a exigir que toda a libido seja retirada de suas ligações com aquele objecto. Essa exigência provoca uma oposição compreensível — é fato notório que as pessoas nunca abandonam de bom grado uma posição libidinal, nem mesmo, na realidade, quando um substituto já se lhes acena. Esta oposição pode ser tão intensa, que dá lugar a um desvio da realidade e a um apego ao objecto por intermédio de uma psicose alucinatória carregada de desejo. Fonte: LUTO E MELANCOLIA (1917) VOL XIV – PG 269-291
Esta melancolia é prévia ao luto e não nos deixa viver em paz, como acontecera com a Nai Esperanza, comigo, e com os meus descendentes, no seu dia.
Enquanto existam sábios que acompanhem a pessoa, é uma alegria. Mas no dia dessa sabedoria acabar. Começa esse detestável luto que nos faz sofrer anos sem fim, como estudei em Vilatuxa no caso da Nai Esperanza. Sofri imenso, mas a sua família mais. Todo calmo, a melancolia é o derradeiro sentimento em desaprazer, enquanto o luto persiste, como esse que eu faço por mim próprio porque um dia qualquer, esta encefalites pode jogar-me uma brincadeira Paro isso não acontecer, tomo conta de mim, pelos meus descendentes: não quero pensar em que sofram, como na ópera Carmen de Bizet….
Aqui está mais um texto que vai direitinho para o meu dossier. Mas afinal, quais são os malefícios do café’ sou parte interessada e gostava de obter mais informações.
Quanto à introdução do chá nos hábitos dos ingleses – além do bolo “inglês” cheio de frutos secos vindos do seu Portugal alentejano, dos quéques e outras especialidades para o five o’clock tea -, diz-se que Dª Catarina ficou perplexa com os costumes da corte dos Stuart. À tarde, as ladies já estavam bem alegres com os copázios de vinho francês, com os quais regalavam os seus afazeres. Desta forma, a infanta criou “novos vícios”.
Espantosa é a quantidade de iconografia que ainda hoje existe de Dª Catarina – bons retratos*, gravuras, medalhas, estátuas -, as obras em que aparece citada, as controvérsias políticas e religiosas que despoletou.
*Como portugueses que se prezam, damos sempre preferencia aos retratos que Velázquez pintou de Margarida Teresa, como exemplares da imagem daquilo que era uma infanta. Esquecemos sempre o retrato de Dª Catarina pintado por Dirk Stoop, onde surge vestida “à moda de Portugal e Espanha” e que pode ser visto aqui: http://www.adiaspora.com/cronicas/Catarina%20de%20Braganca%20uma%20Rainha%20a%20Recordar.htmlhttp://www.adiaspora.com/cronicas/Catarina%20de%20Braganca%20uma%20Rainha%20a%20Recordar.html
Caro Nuno,
Agradeço os seus comentários e frescos, que não consigo abrir. Venho da Galiza, cujo pensamento comecei a estudar na Paroquia de Vilatuxe, Pontevedra, Lalín, desde que tornei a Cambridge onde o meu patrão e amigo e colega, Sir Jack Goody, me enviaram para descansar das desventuras de outro sítio ao qual me tinha enviado antes a observar como era o socialismo votado em liberdade. Como todo foi um desastre, escolhi este sítio, cujo pensamento estudo desde 1975. Moro na casa de um pastor de ovelhas que, sem saber, é parente da Duquesa de Alba e todos eles, Condes de Lemos. Como eu fora despojado desses títulos pelo concelho de família por socialista e materialista histórico, dada referi, mas adoram-me pela descoberta. A mulher do pastor era jornaleira e bebia muito café, que acabou por mata-la! Foi o motivo do meu texto de ontem…Obrigado pela sua paciência. Conheço os hábitos das damas de companhia, a Rainha de Espanha senta Corte em Sevilha e desde a minha avó para trás, todos andaram por esses rastos…excepto eu. Até do grau de Conde de Iturria, foi-me retirado…o que me importa são os bens perdidos! O café matou a Esperanza, o texto tinha a sua intenção…
Apertas, Neno, como se diz em luso galaico!
Esquecia acrescentar que acabei um livro que mostra um Marx luterano devoto e casado com Condessa Prussiana…Qualquer dia envio-lhe o texto…se quiser….
Caro Raul, claro que estou interessado em todas essas histórias, entre as quais está o Marx luterano e o conde-pastor (por aqui tivemos um bispo-conde que foi primeiro ministro e um outro primeiro -ministro, que era conde-duque de Olivares). Conde pastor, nunca tinha ouvido e quero saber mais, se puder ser!
os títulos são curiosidades de outros tempos e um património cultural, tal como a Torre de Belém. Hoje em dia continuam, sob a forma de Comendadores de tudo e mais alguma coisa. Como vê, os tempos adaptam as formas, mas no fundo, mantêm-se os princípios do “respeito geral”.
Então, cá fico à espera.
Grande abraço,
Nuno
É evidente que vou contar! Nas, hoje fecho o dia!
Apenas acrescentar que o pastor não sabia que era Conde e de título antigo. Nunca referi nada de mim, como é natural: eram eles os analisados e os analistas sabem guardar o segredo
Está todo no livro de Profedições: como era quando não era o que sou. O crescimento das crianças. Se não encontrar, está esgotado, escreva a Sílvia Enes para : http://www.a-pagina-da-educacao.pt/