As melhores frases de José Sócrates (I)

E Madaíl, também funciona em piloto automático?

“O grupo não vai ser nada afectado. Os jogadores têm muita tarimba e muita capacidade para jogarem em piloto automático”

Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, sobre o ‘caso Carlos Queiroz’

Se é assim, o melhor é despedir o seleccionador, não contratar mais nenhum e deixar que os jogadores decidam (na Playstation, por exemplo) quem entra a titular e quem fica no banco.

Melhor ainda, acreditando que Madaíl fez um bom trabalho nos últimos anos e que o pessoal da federação tem muita tarimba e capacidade, também devem conseguir trabalhar em piloto automático e não é preciso presidente da federação para nada.

Uma maçã podre do desporto português: Laurentino Dias

Estávamos nos inícios de Setembro de 1988. Já se tinham realizado duas jornadas do Campeonato Nacional de Futebol quando a «bomba atómica» foi lançada: o Famalicão, acusado de corrupção na época anterior (compra do jogo contra o Macedo de Cavaleiros), era despromovido à III Divisão. Alguns dias antes, o Conselho de Disciplina da FPF dera como não-provada a tentativa de corrupção, mas o Conselho de Justiça foi de opinião contrária. O beneficiário directo foi o Fafe, que assim ascendeu à I Divisão em substituição do Famalicão.

O advogado do Fafe e grande responsável pela reviravolta federativa era então Laurentino Dias, que à época ocupava também o lugar de Presidente da Assembleia Municipal de Fafe e de Deputado à Assembleia da República pelo PS. Dizia-se à boca cheia, na altura, que foram as suas movimentações de bastidores que permitiram a despromoção do Famalicão.

22 anos depois, agora Secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias intervém de forma descarada na vida interna de uma Federação à qual tirou recentemente o Estatuto de Utilidade Pública. Ao enviar recados sobre Carlos Queirós e ao avocar a si o processo, via Autoridade Anti-Dopagem, mostra mais uma vez o quão negativo tem sido a sua passagem pelo desporto português ao longo das últimas décadas. E com isto, sofre o futebol luso e a Selecção Nacional. A debandada dos jogadores já começou.

Laurentino Dias é uma maçã podre do desporto português, que deve ser removida o quanto antes para bem de todos nós.


A Inteligência Saiu à Rua

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Linha do Minho, Agosto 2010. (podia ser noutro sítio qualquer)

Censura no Facebook

Ontem a minha conta e a de pelo menos oito camaradas, no Facebook foram bloqueadas, bem como a página Vermelho e Negro de orientação nacionalista revolucionária. Os bufos ao serviço do sistema devem ter enchido a caixa de denúncias.
Para quem acredita na tolerância e na liberdade de expressão tão propagandeados pelo sistema é tempo de ir pensando bem. Os novos senhores do Templo atiram para a fogueira dos hereges todos aqueles que ousam dizer a verdade.

Sócrates, o eterno optimista


Não será por falta de optimismo que o Governo Sócrates não levará o barco a bom porto. Será por incompetência mesmo.

as culturas da cultura. infantil, adulta, erudita (I Parte)

ser ou não ser

o menino que não queria ser pastor, em época de crise, não teve opção

1ª Parte excerto um livro meu: O imaginário das crianças. Os silêncios da cultura oral

A questão, 1ª e 2ª edição, Fim de Século. Uso o texto de 2ª edição, 2007

Miguel (v. Genealogia 1), o neto do Marques, queria uma bicicleta. Conseguia equilibrar-se na minha, que era preta, de ferro e pesada. Seu pai, a trabalhar nas obras de uma cidade longínqua, não tinha dinheiro suficiente para comprar uma; a mãe,

jornaleira, guardava o dinheiro para os gastos da casa. Os avós, quinteiros da casa da aldeia onde eu e eles vivíamos, observavam os vizinhos e sonhavam com outra vida enquanto entregavam produtos e dinheiro das vendas aos proprietários. A bicicleta não podia materializar-se, e Miguel Marques sabia; com sete anos, sabia. Mal podia, entrava na garagem da casa, enquanto eu andava pelas ruas e “belgas”1 ou estava ausente, tirava a bicicleta e juntava – se aos amigos que tinham cada um a sua. Filipe Manuel, o pai, ausente nas obras, não sabia. Nem sabiam Elvira, a mãe, longe nas jornas de outras casas, nem o avô Marques, ocupado com a rega e a cava da terra da quinta. A avó Elvira, lavava no tanque, falava à pequena Marta, sua neta, que olhava o irmão, sem nada dizer. A bicicleta não era dele, era de outro que não precisava dela nesse momento, esse outro sorridente e nunca zangado. [Read more…]

A pena de morte nos Estados Unidos e a hipocrisia da Manifestação contra a Lapidação


Holly Wood, negro, com uma idade mental de 8 anos, defendido por advogado oficioso com 4 meses de experiência, vai ser executado na próxima quinta-feira, 2 de Setembro, no Alabama, em resultado de um julgamento de homicídio que durou uma hora.

Cal Brown, doente bipolar, vai ser executado por homicídio no dia 10 de Setembro em Washigton ao fim de 15 anos sem execuções no Estado, em resultado de um julgamento constituído por um júri do qual foram convenientemente eliminados todos os jurados que se manifestaram contra a pena de morte.

Kevin Keith, negro, vai ser executado no dia 15 de Setembro no Ohio. Não foi identificado pelas principais testemunhas do alegado crime de homicídio, tinha um alibi consistente e não se verificou no local qualquer correspondência a nível de sangue e impressões digitais. Foi defendido por um advogado que não estava certificado para julgamentos de pena capital e julgado por um juri constituído por jurados que receberam ameaças por telefone, que discutiram o caso fora do Tribunal e que foram conduzidos ao Banco durante a deliberação.

Gregory Wilson vai ser executado no dia 16 de Setembro no Kentucky. Negro, não teve advogado de defesa durante a parte final do julgamento, sendo que na parte inicial teve de recorrer a um advogado voluntário. O outro réu que foi julgado com ele mantinha um caso amoroso com um juiz e acusou-o para ser punido com prisão perpétua. Neste momento, não se sabe se a última dose da injecção letal será eficaz, visto que o seu prazo de validade está a terminar.

No dia 23 de Setembro, Teresa Lewis vai ser executada na Virginia. Com um QI baixíssimo, muito próximo do retardamento intelectual, dependente de drogas, viu os dois homens que a seu mando mataram o marido serem punidos com prisão perpétua, apesar de ter sido ela a conduzir a Polícia aos autores materiais do crime. Ficou provado que estava drogada na altura do crime e que não foi ela que o planeou.

No dia 6 de Outubro, Michael Benge vai ser executado no Ohio. Para além da acusação de homicídio, foi-lhe acrescentada uma outra que permitiu a condenação à morte, o roubo do cartão Multibanco da vítima. Durante o julgamento, os jurados receberam instruções ilegais que os impediram de ouvir a defesa do réu, a principal testemunha negociou com o Ministério Público. Registaram-se 16 erros nos procedimentos em Tribunal.

Gayland Bradford, negro, vai ser executado no Texas no dia 14 de Outubro por homicídio de um guarda durante um assalto. Foi acusado através de uma chamada telefónica para um programa de televisão. 3 testemunhas disseram que não fora ele o autor do homicídio, a arma do crime tinha impressões digitais que não eram as suas. Em julgamento, foi defendido por um advogado oficioso sem qualquer experiência. Retardado intelectualmente, tem um QI de 68. [Read more…]

O adeus de Carlos Queiroz está por horas

Suspenso por seis meses pela Autoridade Antidopagem de Portugal (Adop), e embora recorrendo, Carlos Queiroz perdeu margem de manobra para ficar como seleccionador nacional.

E a suspensão nem sequer é o mais importante. É o descrédito de todo este processo, é a existência de conflitos graves entre um dirigente como Amândio de Carvalho e o técnico e, acima de tudo, um balneário que parece em estado de sítio.

Só há um caminho de dois: Ou Queiroz se demite ou tem de ser demitido.

Colocações de professores já sairam

Ver no site da DGRHE (já disponível) quem ficou colocado.

Jogos sórdidos na blogosfera

 

A teoria de retirar aos pais os filhos obesos, em casos de alegada negligência daqueles, foi anunciada este fim-de-semana pela imprensa.  A autoria é atribuída a um núcleo de “especialistas” do Reino Unido. Sustentam que a medida deveria aplicar-se a pais que sistematicamente ignorem a assistência medicamente recomendada a filhos obesos, destinando-se a proteger as crianças de riscos patológicos graves.

A medida em si é, no mínimo, discutível, como qualquer outra que perturbe a relação entre pais e filhos. Porém, não é esta a questão central do meu texto. O que me traz aqui é a surpresa de, no mesmo blogue e sobre idêntico tema, em ‘posts’ consecutivos, João Miranda escrever: “O título reflecte apenas a opinião de alguns ‘especialistas’; e logo de seguida LR usar o título “O totalitarismo passa por aqui”, acrescentando que “a imaginação socialista, visando a acumulação de poderes (e de despesa pública) não tem limites” – o restante do texto, usando o abominável chavão ‘populaça’, nem merece ser transcrito.

Sou oponente de Sócrates e vários textos publicados no ‘Aventar’ o testemunham. Portanto, sem o estatuto de apoiante do actual governo, sinto ainda assim o dever de, em primeiro lugar, recusar a inquinação da verdade quanto à autoria da ideia – recorde-se, é oriunda do Reino Unido, governado neste momento por uma coligação de conservadores e liberais, que também não sei se a aprova. Sei, isso sim, que o ‘post’ de LR chega ao ponto de acenar o fantasma do totalitarismo socialista, um argumento tão ridículo quanto desonesto. Imagine-se onde podem chegar os jogos sórdidos na blogosfera!?

De totalitarismo real e opressivo, sofreu toda a ‘populaça’ da minha geração décadas a fio. Sempre exercido pela direita, então assumida e agora envergonhada. Tenho de reclamar: “Oh gente não chega catalogar no vago, digam ao que vêm!”.

Eleições Presidenciais: Brasil deve ter a sua primeira Presidenta da República a partir de 2011

Por PEPE CHAVES*

As eleições presidenciais de outubro de 2010, no Brasil, remontam um panorama inédito: a eminência de se eleger a primeira presidenta da história. No final de agosto, pouco mais de um mês antes das eleições, uma pesquisa do instituto Datafolha apontava uma diferença superior a 20% em favor da candidata do PT (Partido dos Trabalhadores), Dilma Rousseff, sobre o segundo colocado, José Serra, do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira).

Indicada pelo presidente Lula para sucedê-lo, Dilma Rousseff, trabalhou como chefe do Gabinete Civil em seu governo, ocupando um dos cargos mais importantes e cobiçados do primeiro escalão. Dilma é mineira, formada pela UFMG, uma das principais universidades do país, mas viveu a maior parte de sua vida no Estado do Rio grande do Sul, onde se casou e teve filhos. [Read more…]

Colocações de professores saem hoje


E, como sempre, o site da DGRHE já está indisponível…

Funchal

Nacional-Socialismo ou pioneirismo à soviética?


Há quem demasiadamente se dedique a ver este tipo de videos no youtube e assim, quer fazer dos portugueses, exemplares únicos no mundo.
Ao longo de muitos anos, as escolas públicas foram locais de negócio, onde se vendiam refrigerantes, batatas fritas, bolinhos industriais – donuts, “bolicães” e outras rendosas imundícies -, destinados a material de engorda para discentes e alguns docentes. Agora, há quem tenha decidido ser uma boa ideia, a retirada da casa dos progenitores, das crianças que excedam o peso convencionado pela necessidade do “parecer bem” vigente. Não se percebe se isto se trata de sovietismo puro ou daquele nacional-socialismo de regimento. A luminosa ideia de verão, decerto surgiu numa praia qualquer do Allgarve, à beira mar e pelo obsessivo mirar do desfile da atlética garotagem a banhos. A questão a colocar é o que fazer, então, com a miudagem gordinha? Colocá-la num “campo de reeducação alimentar”? Enviar as crianças para outras paragens do globo, sob a supervisão do eng. Guterres?
Já agora, propomos que a norma seja retroactiva e se incluam sonantes nomes como Mário Soares, Fernando Rosas, Paulo Rangel, João Soares e uns tantos outros cabeças de cartaz do regime, da esquerda à direita. Os exemplos devem vir de cima.

Mas esta gente não tem mais nada que fazer?

Duplo Hulk

Duplo Hulk e um início de Campeonato que promete. Calma, rapaziada, como diz o nosso Presidente, longos dias têm 100 anos… e ainda faltam 27 jogos.
http://rd3.videos.sapo.pt/play?file=http://rd3.videos.sapo.pt/unguHH4KgKp3rWv3zNcP/mov/1

A cultura de Marcelo(2)

Não creio que tenha dado a ideia de maniqueísta, essa forma simplista de pensar, em que o mundo é visto dividido entre o bem e o mal. Sabemos que a simplificação pode ser uma forma primária de pensamento, reduzindo os fenómenos humanos a uma relação de causa e efeito, certo e errado.
Mas não é disso que se trata. Deixei bem claro que há patamares de cultura, graus de cultura, profundidades de cultura, “qualidades“culturais que não se podem comparar. Não quero dizer com isto que os mais cultos e os menos cultos não mereçam o seu devido respeito e não tenham o seu merecido valor. O que me dá comichão é tentarem vender-me gato por lebre. Marcelo tem o valor que tem, ninguém lho tira, mas não tem aquele que tentam mostrar que tem. A sua actividade como comunicador da televisão não deve ser confundida com incultura,  mas  também não deve ser confundida com cultura, pelo menos no sentido da cultura que eu creio que Marcelo Rebelo de Sousa não tem. Não penso que Marcelo possui uma cultura sólida. Não o conheço suficientemente bem, mas penso que não tem nenhuma cultura especial para além da que lhe é necessária como comunicador privilegiado pelas circunstâncias e não pelo valor. Posso estar enganado mas nada me faz chegar à conclusão de uma cultura sólida. Se nele eu me apercebesse de que valia a pena ouvi-lo, sou suficientemente humilde para o confessar. Gostava de o ver, por exemplo, na TV, comentar, mas de forma convincente, o fenómeno da vida, o sentido da existência, o materialismo e o espiritualismo, ler e comentar de forma que valesse a pena ouvir “O espectáculo da vida” de Richard Dawkins, “Razão e Prazer” de Jean Pierre Changeux, “A alma está no cérebro” de Eduardo Punset (como ele, advogado), e não apenas a mostrar a sua habilidade histriónica no manejo de um enciclopedismo balofo.

as minhas memórias do ISCTE, hoje IUL

Edoficio Antigo do ISCTE

Construido nos anos 70, hoje são mais de quatro prédos imensos

Convidado pelo Instituto de Ciências da Fundação Gulbenkian, apareci em Portugal, pela primeira vez na minha vida, em Dezembro de 1980. Vinha da Universidade de Cambridge, onde fiz os meus graus, até ser Doutor e Agregado. Ainda sou membro do Senado dessa Britânica Universidade, na qual, actualmente, trabalham a minha filha mais nova e o seu marido. Não sabia Português, mas conhecia profundamente o Galego. Tentei falar em língua luso-galaica, mal entendida entre luso – portugueses. Mudei de imediato para o inglês, a minha melhor língua, por estar relacionado com a Grã-bretanha desde os meus vinte anos (sou casado com uma inglesa e as minhas filhas são britânicas).

Mal soube o ISCTE da minha visita, vários membros do Instituo Gulbenkian, também docentes no ISCTE, convidaram-me para a “Escola”, como era chamado, e ali proferi uma conferência, no único anfiteatro dos anos 80 do Século passado. Foi necessário falar em luso-galaico e castelhano: os discentes não sabiam inglês, como vários docentes. As minhas palestras versavam sobre a vida rural; a Antropologia Social e histórias de povos denominados primitivos, elo da nossa ciência, especialmente sobre os seus mitos e ritos. O auditório ficou, penso eu, fascinado ao ouvir falar de povos estranhos (não africanos) e dos seus costumes, comparados com povos europeus que eu tinha analisado, durante anos, na Escócia, em França, na Galiza e os nativos do Chile. Enquanto contava histórias, ia teorizando. Os cientistas sociais gostaram da minha análise da família, todos Sociólogos, Advogados ou Gestores, para estes últimos referi especialmente como eram feitas as contas, pesos e medidas, entre etnias como os Tallensi, os Lo-Dagaba e os Lo-Wiili da antiga Costa do Ouro, hoje Ghana, e as dos Incas do Peru que para contarem fazem nós numa corda, enquanto os Mapuche do Chile [Read more…]

Quando os diques cederam

Faz hoje anos que o furacão Katrina arrasou Nova Orleães e uma boa forma de recordar o que se passou nessa altura é ver o documentário de Spike Lee chamado “When the Levees Broke – A Requiem In Four Act“.

Este documentário que saiu quando se estava a completar um ano dessa tragédia é uma extensa (4 horas) apresentação do que foram os dias/meses seguintes bem como o que poderia/deveria ter sido feito para prevenir o que se passou.

Fica a ideia do sub-investimento em infraestruturas importantes, do esquecimento de Washington em relação a uma população maioritariamente pobre e negra, da não percepção da gravidade… um pouco a imagem de Bush depois de receber a notícia do ataque no 11-setembro.

Ver em http://en.wikipedia.org/wiki/When_the_Levees_Broke

“The film points out that the disaster in New Orleans was preventable, caused by levees poorly designed by the United States Army Corps of Engineers, with the suffering afterwards greatly compounded by failures at all levels of government, most severely at the Federal level. These points are in line with mainstream investigations, including the bipartisan U.S. Congressional report “A Failure of Initiative” and the Army Corps of Engineers’ own studies.”

Mineiros do Chile

«Só então o homem se deu conta de que aquilo era uma mina e a vergonha tomou conta dele. Para quê tentar? Não haveria trabalho… Em vez de se dirigir para o edifício, decidiu escalar o terreno onde ardiam os três fogos de hulha em tachos de ferro fundido que serviam para alumiar e aquecer os homens no trabalho. Os operários encarregados do desaterro certamente tinham trabalhado até tarde, ainda estavam retirando o entulho. Agora ouvia os carregadores empurrando os vagonetes sobre os trilhos montados nos cavaletes, divisava sombras que se moviam descarregando os carros ao lado das fogueiras.

— Bom dia — disse ele aproximando-se de um dos fogos. [Read more…]

Roberto, Deus, Jesus, A Bola e os burros do presépio

“Deus mandou mais que Jesus”, diz hoje o jornal A Bola, só porque Roberto defendeu uma grande-penalidade no jogo entre o Benfica e o poderoso Vitória de Setúbal, ontem.

Do jornal oficial do Benfica não se espera grande coisa (ia-me saindo ‘grande merda’) mas esperava-se um pouco de contenção e de vergonha. Há uns dias estavam a crucificar o guarda-redes por causa dos ‘frangos’, hoje, porque defendeu um penalti depois de ter começado o jogo no banco, estão a coloca-lo como o espírito santo que iluminou o caminho de Jesus na obtenção dos primeiros três pontos.

Será que o jornal quer dizer que Deus protegeu Roberto e provocou a sua reabilitação no altar da catedral? Se assim é, Jesus levou uma reprimenda do pai por não ter colocado o jogador a titular? E isto faz do Vitória de Setúbal o quê? O exército de Satanás?

E o jornal A Bola e o brilhante autor do título são os burros do presépio? Espero que não, é que tenho muito respeito pelos burros.

Água

Inteligência cognitiva e emocional

(adão cruz)

Apesar do termo “inteligência emocional”, isto é, segundo Goleman, a capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros e de gerirmos bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos, e embora as definições tradicionais enfatizem os aspectos cognitivos como a memória e resolução de problemas, para mim a inteligência é só uma, dentro da sua complexa neuronalidade. Para mim, o auto-conhecimento emocional, o controle emocional, a auto-motivação, o reconhecimento de emoções em outras pessoas, a habilidade nos relacionamentos inter-pessoais, considerados como atributos da inteligência emocional, não são características que permitam separar a inteligência em peças. Sempre fui contra esta académica e artificial dicotomia, dado que a emoção é um fenómeno permanente e indispensável ao mais pequeno gesto vital, seja a emoção exógena seja a emoção endógena.
Tenho muita dificuldade em dissecar os sentimentos (diferentes de pessoa para pessoa) isto é, em definir as incomensuráveis formas e manifestações dos sentimentos, até porque antes dos sentimentos há as emoções (diferentes de pessoa para pessoa), que lhes dão origem, e antes das emoções (diferentes de pessoa para pessoa) há as imagens (diferentes de pessoa para pessoa) resultantes dos estímulos que as provocam e aos quais cada pessoa reage de forma muito diferente, conforme o seu padrão neural.
Assim sendo, os sentimentos constituem um mundo tão vasto de diferenças que me parece podermos incorrer em algum grau de estultícia, ao pretendermos dissecá-los, dimensioná-los, fraccioná-los, escaloná-los, hierarquizá-los, atribuir-lhes uma cronologia e uma metodologia intrínsecas, fora do campo neuro-científico. E muito menos separá-los, por exemplo dentro do cesto da inteligência, em cognitivos e emocionais, como se de fruta se tratasse.
Há um único contexto em que me parece legítimo atrevermo-nos a abordar parcialmente e de forma particular os sentimentos e com eles lidar como matéria, contexto esse que se situa apenas no campo da arte. No seio do contexto poético, literário e musical, por exemplo. Mesmo assim, com a prudência de nos contentarmos apenas com a plumagem, as cores, a luz e o som.

A cultura de Marcelo

 

(adão cruz)

Em minha opinião, a cultura faz parte integrante da estrutura do ser humano. Mas entre os diferentes graus de cultura, da sua solidez e profundidade, da sua autenticidade e verdade, da sua sábia natureza intrínseca, pode haver diferenças abismais. A cultura constitui-se através da vida como qualquer um dos mecanismos de adaptação, enriquecendo o conhecimento e o saber nos emaranhados mecanismos fisiológicos e neurobiológicos da criatividade.

A verdadeira cultura, a cultura do saber autêntico, a cultura do percurso, a cultura do ser, transparece, muitas vezes, no homem verdadeiramente culto, de forma natural, no olhar, no fácies, na postura, no ser, na primeira amostra de comunicação. Nada em Marcelo Rebelo de Sousa me faz sentir que ele não é vulgar e que a cultura é o cerne da sua estrutura.

Tudo isto é um pouco como a nossa língua, que, como todos sabemos, não deve ser considerada um mero instrumento de comunicação, mas uma parte inseparável do todo que somos e da riqueza anímica que construímos através da vida. Um bom perfume deve ser sentido como parte integrante da personalidade de uma mulher e não como um cheiro. Uma boa decoração deve ser sentida pelo bom ambiente, pelo conforto e bem-estar que cria e não dar nas vistas apenas pelo estilo, pela forma e configuração dos objectos. Ao contrário do que hoje se vê em todos os lados, a cultura não é um enfeite, uma cosmética, uma roupagem mais ou menos vistosa.

Esta cultura do saber, a verdadeira e profunda cultura, nada tem a ver com a cultura-espectáculo, com a cultura-folclore, com a mais que ridícula cultura política, com a cultura do enciclopedismo superficial dos tagarelas, onde, e esta é a minha opinião, incluo, parcialmente, Marcelo Rebelo de Sousa.

Pena de morte por enforcamento e injecção letal pode ser – por lapidação é que não!


Há neste momento 19 americanos com execução marcada para o que falta de 2010, fora todos os outros que se mantêm há anos no corredor da morte. Nos Estados Unidos, a injecção letal é o método mais comum, mas a electrocussão, a câmaras de gás, o enforcamento e o fuzilamento também são permitidos.
A morte por lapidação é abjecta… como são todas as outras formas de matar. Um Estado não tem o direito de tirar a vida, seja a quem for. A manifestação de hoje é muito, mas muito redutora.

as crianças, essa pequenada que nos faz rir e manda em nós

as crianças gostam reir e mandam em nós

Excerto da Introdução do meu livro O imaginário das crianças. Os silêncios da cultura oral, 1ª edição, Escher, Lisboa 1997, 2ª edição, Fim de Século, Lisboa. Para alegrar a vida após tanto debate sobre política educativa…

“Olá padrinho!”, diz a pequena quando lhe telefono para saber dela. Uma voz entusiasta que me cumprimenta com um carinho que, certamente, aprendeu dos seus pais e avós. Pais e avós que, por seu lado, aprenderam o entusiasmo pela vida e pelas pessoas dos seus próprios pais, bem como de toda a sua ancestralidade. [Read more…]

A Tirania do Preconceito

O texto de Francisco José Viegas recordou-me como a opinião publicada é ainda mais centralizadora que o Estado.

No passado foi a relação extraconjugal de Sá Carneiro – onde andavam os meninos e as meninas da esquerda caviar por essa altura? Depois foi Cavaco Silva e as suas origens modestas. Hoje é Passos Coelho o filho de um médico de província que vive nos arrabaldes da suspirante metrópole.  Como sempre foram o António, a Maria, a Felisbela, o Fernando, o Marco, a Isabel, o Carlos, o Jorge ou o Rui nascidos no Porto, em Vila Real, Viseu, Évora, Faro ou Braga e sempre desconsiderados por essa pretensa elite pensante por não terem nascido no eixo Lisboa-Cascais nem serem filhos de distintos Republicanos da capital ou de Monárquicos do mais puro-sangue azul.

Depois são os gordos, os baixinhos, as gordas e as baixotas, os feios e as feias, as desdentadas ou os carecas. É a tirania. Qualquer coisa serve para afastar os que não pertencem à clique. Os que não se enquadram na célebre máxima das públicas virtudes/vícios privados ou que não nasceram/vivem no bairro de Alvalade, nos quelhos do Estoril, nas vielas de Cascais ou nas belas propriedades de Sintra, sem esquecer a Lapa. Nós, os bárbaros, nascidos entre os calhaus do Douro, os batatais do Minho, as tripas do Porto ou os móveis de Paços/Paredes/Rebordosa, eu sei lá que mais, servimos apenas como meros adereços, como motoristas ou criadagem. Até ao dia, um dia, destes.

Normalmente, nas horas de aperto, quando o país se afunda e o povo se farta, eles, os bárbaros, são chamados a por ordem na latrina irrespirável. Quando assim acontece, os outros, os puros, os arianos da treta, lançam mão deste tipo de atoardas mostrando a sua verdadeira natureza: por muito banho que tomem, por muito que raspem e voltem a raspar com esmero a planta do pé, não há meio da terra, essa marca indelével da nossa estirpe, desaparecer.

Foi deles, destes senhores e destas senhoras pertencentes à tirania do preconceito, que me lembrei quando vi os ataques de que foi alvo Elisabeth.

Douro Vinhateiro

Ricardo Quaresma regressa ao Dragão

E o ciganinho vai mesmo voltar.
Pareço bruxo!

Agrupamentos Escolares

quem sabe é quem decide e não um pombo

Continuação do meu artigo intitulado Senhor Primeiro-Ministro publicado em 23 de Junho último.

Transferir-se de um país para outro, nem simples nem fácil. Sim Senhor, bem sei que falta o verbo dentro da frase anterior, mas está escrito propositadamente. É uma frase de final de decisão. Na Grã-Bretanha não tinha mais nada a fazer, excepto educar as minhas catraias, que estavam já educadas. E caso fosse necessário, bastava apenas apanhar um avião e resolver os problemas, como fiz, ou traze-las para Portugal, como também fiz. A vida debruçava-se entre dois pontos. Dois pontos diferentes entre si. Como tenho reiteradamente dito, no Reino Unido estava tudo feito na vida escolar e académica, em Portugal tudo estava para ser feito. Pareceu-me que era o meu destino, ficar em Portugal. O que acabou por acontecer até ao dia de hoje. [Read more…]