puxar a trunfo

O jornaleiro “abrantizado”.

A Comunicação Propagandista do Jornalismo e da Política

Nos tempos correntes, há obstáculos ao exercício da profissão de jornalista de forma livre, responsável e isenta, respeitando o Código Deontológico de 1993. A submissão de órgãos de comunicação a dominantes interesses económicos e políticos é adversidade de monta. A precariedade das relações de trabalho é outra das causas. Se a estes factores, juntarmos as transgressões deliberadas de jornalistas e chefias redactoriais, então temos todos os ingredientes do caldo do mau jornalismo.

Estes pensamentos e juízos foram induzidos por um título do jornal ‘Público’: PSD fecha a porta à liberalização dos despedimentos; título da peça sobre os objectivos da revisão constitucional que o partido ‘laranja’ está a preparar, sob a orientação de Paulo Teixeira Pinto. Um ex-presidente do BCP, expelido – coitado – para a reforma antecipada. Usufrui de uma pensão mensal superior a 30.000 euros. Mas o que prevalece é o homem ser vítima de entediante inactividade profissional. Portanto, conhecedor efectivo do drama da falta de trabalho. Sim, porque a retribuição – elevada, reduzida ou nenhuma – é factor de segunda ou terceira ordem, na problemática da desocupação. O emprego mesmo com salário mínimo é solução eficaz.

O PSD é, como se sabe, uma organização colectiva. É injusto alijar a carga apenas nos ombros do reformado Pinto. O próprio líder – há registos bastantes na imprensa – declarou a determinação de rever o texto da CP com diversos fins. Um deles, a flexibilização laboral, integrando a facilitação dos despedimentos, era meta importante. Pelos vistos, como no sentir do irmão gémeo ‘rosa’, há insegurança e hesitação no partido ‘laranja’. Ia acrescentar inabilidade e falta de vontade para a escolha de políticas de social-democracia autênticas, mas fica para a próxima. Deixemos os jovens tranquilos. Mais a mais, estão extenuados pela extensa e sinuosa trabalheira das SCUTS, na companhia dos “compagnons de route”.

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Novamente, a 2ª derivada

"Temos sinais claros que o crescimento do desemprego abrandou", Sócrates citado pelo i.

Não foi o desemprego que abrandou, mas sim o crescimento do desemprego, segundo Sócrates. Isto é, o desemprego continua a crescer, mas a um ritmo menor. Devem ser boas notícias, mas não se vê onde.

O problema de quem pretende mistificar a realidade é que acaba por perder credibilidade. A atitude correcta seria focar o discurso nas soluções para os problemas, em vez de os procurar disfarçar.

O Eurostat não percebe nada do desemprego na Europa e muito menos em Portugal

U.S. DEPRESSION BREAD LINE

O primeiro-ministro diz que o desemprego é um problema grave. Que subiu em Portugal, pois, mas subiu em toda a União Europeia. O Eurostat, gabinete de estatísticas da UE, vem dizer que não. A taxa de desemprego continua a subir em Portugal, tendo atingido os 10,9 por cento em Maio, enquanto na UE e na Zona Euro se manteve nos 9,6 e 10 por cento.

O Eurostat, claro, está enganado. Está visto que não dispõe de todos os dados. Além do mais, não devem saber fazer contas. É óbvio que o desemprego subiu em toda a Europa e não apenas em Portugal.

Claro que isto nos deixa muito mais felizes.

Golden Share na PT – por um fio!

Face à vasta jurisprudência existente nesta matéria, as probabilidades do Tribunal de Justiça da União Europeia, considerar que a golden share que o governo detem na PT, infringe o direito comunitário, são muito elevadas.

O Tribunal já tinha considerado ilegal a Lei-quadro das privatizações em Portugal que limitava a entrada de capitais estrangeiros nas empresas privatizadas por razões de “interesse geral”. Se o Estado português não abdicar dos direitos especiais que detem na PT, correrá o risco de pagar pesadas multas por cada dia de incumprimento.

O veredicto será emitido em 8 de Julho no quadro de uma queixa apresentada em Janeiro de 2008 pela Comissão Europeia, entidade que tem como função assegurar o cumprimento do direito comunitário em todos os países da UE!

Esta jogada retira credibilidade a Sócrates no momento em que mais precisa dela, a decisão não foi tomada de cabeça fria e, ao fazê-lo, atropelou os direitos dos accionistas e investidores que podem rever as suas expectativas quanto ao país.

Esperemos que a “cabeça quente” não tenha a ver com a derrota contra os Espanhóis no Mundial!

Como Se Fora Um Conto – O mês de Junho terminou, já acabaram as festas populares – o S. João –

À minha direita o mar, lá ao longe, à minha frente uma parede de pedra e à minha esquerda as duas senhoras já entradas na idade terceira, que ciciavam. Sentadas uma ao lado da outra, à mesa do café, falavam em surdina dos tempos de antigamente. Em cima da mesa estavam guardanapos, uma torrada de pão de forma, uma mirita, uma meia de leite e um pingo.

O tema da conversa era a festa do São João, comparando a de agora, com a de outrora.

Na verdade pouco se entendia da conversa, apesar dos meus esforços de atenção e do meu esticar de orelhas para aquele lado, já que conseguiam falar bastante baixo.

No entanto lá pude perceber sobre que conversavam e apanhar uma ou outra ideia. Essencialmente, adoravam o Porto e a sua festa da noite de S. João, mas não gostavam de barulho, nem dos martelos, nem da música que dos altifalantes saía e que se ouvia por toda a cidade, nem do ronco das recentes vovuzelas. Também lhes fazia falta o alho e a cidreira, e os bailaricos. Sim, os bailaricos que havia, e que assumo que ainda haja, toda a santa noite, em inúmeros pontos da cidade do Porto.

Aos poucos fui deixando de as ouvir. Catalisados pela conversa que eu entre-ouvia, os meus pensamentos começaram a tomar conta de mim.

Vi-me na minha meninice e também no fim da minha juventude. A revolução tinha acabado de acontecer e a «liberdade» tinha chegado.

Na altura a festa do S. João estava [Read more…]

Cheira bem, cheira a Lisboa…

A formidável derrota de Maria de Lurdes Rodrigues: Balanço de um mandato

No final de um longo mandato de 4 anos, é hora de fazer o balanço de Maria de Lurdes Rodrigues como Ministra da Educação.
Irei procurar caracterizar aquela que foi, na minha opinião, uma formidável derrota da mais duradoura titular da pasta da Educação em Portugal no pós-25 de Abril. Maria de Lurdes Rodrigues deixa uma classe de professores unida como nunca esteve e admiravelmente preparada para lutar pelos seus direitos; e deixa milhares de alunos muitíssimo mal preparados para o futuro que é, afinal, o futuro de Portugal. Mais mal preparados do que alguma vez estiveram, apesar das estatísticas – a única preocupação da Ministra ao longo de quatro anos – dizerem exactamente o contrário.
Uma Ministra que tomou posse em 12 de Março de 2005. Uma antiga professora primária, que fez o curso do Magistério Primário como forma de acesso à função pública. Omitindo estes factos, o «curriculum» oficial revelava-nos uma socióloga formada no ISCTE e cuja experiência profissional nos vinte anos anteriores se resumia a muita teoria – projectos de investigação, representações em grupos do Eurostat e da OCDE, liderança do Observatório das Ciências. Em termos de prática, leccionou no ISCTE (uma professora sofrível) e pouco mais. [Read more…]

Extrema direita acusa em tribunal familia de Sócrates!

Mário Machado e outros oito réus estão a ser julgados no tribunal de Loures  por vários crimes. Na última sessão o tribunal mandou enviar para o PGR uma certidão das declarações de Mário Machado e de Rui Dias que garantem ter na sua posse documentos que comprovam o envolvimento de um tio, da mãe e de um primo de Sócrates, “no desvio de 383 milhões de euros”.

Rui Dias, gestor financeiro na área do mercado de capitais, garantiu que é por causa de ter estes documentos que está preso preventivamente e a ser julgado em conjunto com Mário Machado e outros arguidos. Os documentos serão originais e estão guardados em dois blocos diferentes para não serem encontrados.

José Manuel de Castro, advogado de defesa, referiu que o referido dossier integra “comprovativos originais de depósitos e transferências de bancos em paraísos fiscais!

senhora ministra da educação, com respeito mas com firmeza

A Doutora Maria de Lurdes Rodrigues, antiga ministra da educação

Não me parece correcto bater sobre a árvore caida, mas não posso permitir que se dé continuidade a uma crítica permanente a quem parece ter errado por causa de quem ai a colocara. A minha carta aberta a antiga ministra não é um insulto, é um alicerce para animar a mudar a política educativa deste país. O ministério da educação foi sempre difícil de gerir. A Catedrática Maria de Lurdes Rodrigues não podia fazer milagres. Como a carta está a ser usada outra vez, vou publica-la no sítio devido. A carta, publicada no antigo jornal A Página da Educação,  é de Abril de 2008 e diz, enquanto se debate concentração de escolas, que poucos  parecem querer, política sobre a que já escrevi antes neste blogue, vejamos e comparemos, porque reitero o que a carta diz:

Minha querida Maria de Lurdes Rodrigues,

Ainda lembro esses dias em que foi minha discente em Antropologia. Bem sei que é Socióloga e que entende da interacção entre os membros de uma mesma cultura, ou, pelo menos, isso foi o que eu ensinei a si e aos seus colegas nos anos 90 do Século passado, nesses dias em que o meu português tinha esse sotaque que aparece nas cinco línguas que estou obrigado a falar e que a Maria de Lurdes muito bem entendia e ajudava a corrigir  para eu aprender mais. Ainda lembro a alegria das nossas conversas extracurriculares, no corredor do nosso ISCTE ou no meu Gabinete, ao me referir à sua dedicação adequada e conveniente, para o estudo das suas outras matérias. Mais ainda, os comentários, do meu grupo de colaboradores de Cátedra que comigo ensinavam, hoje todos doutores como a Maria de Lurdes, e os comentários dos meus colegas Sociólogos em outra matérias. Especialmente, os do meu grande amigo João Freire, que orientou a sua tese. Se bem me recordo, connosco teve um alto valor como resultado dos seus estudos. Se bem me recordo, era do curso da noite no meu Departamento e na nossa Licenciatura. Por outras palavras, estudava, trabalhava para ganhar a vida e tomar conta da sua família. Por outras palavras também, era uma estudante trabalhadora e uma Senhora devota e dedicada ao lar, como muitos dos seus colegas masculinos e femininos. A minha querida Maria de Lurdes aprendeu comigo e outros da minha Cátedra, de que o tempo era curto, temido e não dava para tudo. Reuniões, falta de livros na Biblioteca para estudar e investigar, o difícil que era entender a, por mim denominada, mente cultural dos estudantes e a dos seus pais, o inenarrável suplício de saber o que pensavam e os parâmetros que orientavam essas mentes. Não esqueço as suas queixas sobre os pedidos do Ministério da Educação que pesavam uma tonelada ideológica e estrutural, na organização dos trabalhos dos docentes primários e secundários, que nem tempo tinham para entender a mente cultural dos seus discípulos ao serem mudados todos os anos para outras escolas. O nosso convívio era aberto e directo. Estou feliz por isso. Aliás, feliz, porque pensava em silêncio: “cá temos uma futura grande educadora”. Apenas que, enveredou para a engenharia da interacção social, ao estudar com o meu querido amigo João Freire. E o problema nasceu. Os professores primários e secundários devem preparar as sua lições, como Maria de Lurdes sabe, especialmente os do ensino especial ou inclusivo, que trata de estudantes com problemas de aprendizagem e precisam trabalhar desde as 8 da manhã até por vezes às 9 da noite. Esse ensino inclusivo de João de Deus, da Subsecretária de Estado, Ana Maria Toscano de Bénard da Costa, da sua colega no saber e no posicionamento partidário do Ministério da Educação, a minha grande amiga Ana Benavente, ou do meu outro grande amigo, o seu colega ideológico e no cargo de Ministro da Educação em 2000, Augusto Santos Silva, que nos foi “roubado” ao passar para a vida política.

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Esta saltou-nos das mãos: