Sócrates: “Nunca me passou pela cabeça ir embora”

 À saída do debate da Assembleia da República, Sócrates afirmou: “nunca me passou pela cabeça ir embora”. Ouvi a afirmação, assim como havia registado dias antes as palavras do PM, em Nova Iorque, a garantir a demissão do seu governo, caso o OGE não fosse aprovado; e ainda idêntico aviso reiterado pelo Ministro da Presidência, Silva Pereira, em entrevista na RTP1.

Na altura, congeminei para mim próprio: “desta vez o g. deve estar a falar verdade e, se não houver orçamento aprovado, demite-se mesmo”. Hoje, com esta tirada de ‘nunca lhe ter passado pela cabeça ir embora’, fiquei ligeiramente confuso. Sim, porque Sócrates já nem sequer surpreende, neste tipo de coisas. Confirmou-se, uma vez mais, o hábito: ainda que pareça dizer a verdade, de Sócrates deve esperar-se sempre o contrário do que profere; a não ser quando fala de impostos e mesmo assim… cuidado, muito cuidado.

Deve-se desconfiar, em especial, nos momentos em que o nosso primeiro exibe aquele ar circunspecto de um estadista dos autênticos. Para já, é uma espécie em vias de extinção e Sócrates não integra essa categoria superior de políticos.  

Comments

  1. pena que não lhe tenha passado ir embora… Portugal estava a precisar de descansar.

  2. carlos fonseca says:

    É o país do desassossego.

  3. Alfredo says:

    Assim é que está certo. Um verdadeiro político tem de ter a capacidade de dizer hoje uma coisa e amanhã outra com a maior naturalidade. E não pedir desculpa por isso revela algum traquejo.

  4. Dario Silva says:

    Em inglês tecnicolor:

    Néva tink go a uei from first minister, béd inglish.

  5. carlos fonseca says:

    Oul raite mai frende.

  6. Em relação aos políticos uso uma velha bitola para aferir as suas palavras: dizem sempre o contrário do que pensam.

  7. Dario Silva :
    Em inglês tecnicolor:

    LOL

  8. carlos fonseca says:

    Jorge,
    Soares no passado e parte dos políticos actuais integram-se nessa escola. Mas há ‘Questões de Estado’ em que é proíbida a garotice.

  9. O que faz falta é outra revolução, como a de 1974, e o facto de “nunca me passou pela cabeça ir embora” só revela que não tem nada no cerebro.
    O Robim dos Bosques tirava dos ricos para dar aos pobres, o socrates tira dos pobres para dar aos ricos. A questão dos abonos será que ele fez bem as contas? quem ganha 628.00€ é muito? para que se retire o abono (Alimentação) a estas crianças, o bom era ”Já me passou pela cabeça ir embora”, o povo agradecia.

  10. carlos fonseca says:

    Anabela, apesar das ameaças, o homem não desgruda.

Trackbacks

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