Em 2007, a capacidade de produção eléctrica foi a seguinte:
e na Europa a 27 foi (clicar para aumentar):
Fonte: Statistical pocketbook 2010 (site, PDF, XLS)
Portanto, quando se fazem títulos como este «Carro eléctrico: adeus século do petróleo, olá século da electricidade?», ou quando se decide avançar com projectos megalómanos de redes de abastecimento eléctrico ou quando um primeiro-ministro resolve falar de uma prometida revolução com o carro eléctrico, é preciso não esquecer que
- mais de 50% da actual produção eléctrica nacional (e europeia também) provem da queima de combustíveis fósseis, com as consequentes emissões de CO2 e dependência energética do exterior;
- se todos os carros deixassem de queimar combustível para gastar electricidade, simplesmente estaríamos a transferir os actuais problemas dos carros para as centrais termo-eléctricas (para aumentar a capacidade produtiva) e possivelmente ainda haveria questões como a capacidade da rede de distribuição eléctrica e da respectiva eficiência;
- além de não resolver os problemas energéticos e ambientais, o carro eléctrico vem ainda criar um novo: o da reciclagem das baterias (produto de elevado perigo ambiental);
- finalmente, a adopção de tecnologias embrionárias tem o elevado risco de se escolher as que não vingam (que o digam, por exemplo, os que apostaram no formato vídeo betacam ou no HD DVD) e de poderem ser caras e com baixo rendimento.
Não tenho grandes dúvidas sobre um futuro com o carro eléctrico mas aposto que não o veremos em massa com as actuais tecnologias. Enquanto uma alternativa prática aos combustíveis fósseis não for encontrada, estes ímpetos modernistas não passam de um frisson para embelezar programas eleitorais.
Leituras adicionais:
- Todas as atenções estão no calcanhar de Aquiles: as baterias
- Diesel melhor que veículos eléctricos?
- O carro eléctrico tem mesmo emissões zero?
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