Sem ponta de pudor

 
 
 
 

(adão cruz)

Sem ponta de pudor

 Quando hoje li no jornal que a igreja considera “indecente” o actual modelo económico, e que o capitalismo fez da mão-de-obra mera mercadoria, fiquei perplexo e pensei: eu já não devo andar neste mundo, eu já devo ter morrido e não dei por ela. Pois, se a igreja está enterrada até às orelhas no capitalismo! Quando D. Carlos Azevedo diz que há uma cultura exacerbada do individualismo, defendendo que “só com modelos humanistas” se pode combater a crise e traçar caminhos de futuro, e sustentando que os princípios morais têm de estar inscritos no coração das pessoas, faz-me rir, amargamente, é certo. [Read more…]

Educação – rir para não chorar…

A SIC num momento fantástico… da Srª. Ministra da Educação

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O Diário do Professor Arnaldo (15 de Setembro)

Ufa! Os dois primeiros dias de aulas já lá vão e, felizmente, já conheço todas as minhas turmas.
São dias dramáticos para mim. Como ando todos os anos de escola em escola, nunca conheço os alunos no ano seguinte. Nem os colegas, nem os funcionários, nem os hábitos de trabalho, nem as instalações. Nada. Tenho de me adaptar a tudo todos os anos.
Para além disso, sou muitíssimo tímido. Quando penso que vou ter de enfrentar 25 ou 30 ranhosos que não conheço de lado nenhum, e isto em 8 turmas (o que dá quase 200 ranhosos), só me dá vontade de fugir a sete pés. Dou aulas há vinte anos e, por mais que tente, não consigo habituar-me.
Para mim, são os piores dias do ano. É por isso que não escrevi nos últimos dias. Durante o fim-de-semana, não fui à terra e aproveitei para conhecer aqui a vilória. Na segunda-feira, como Director de Turma, tive de receber os meus alunos. Infelizmente, já tive de conhecer também alguns dos Encarregados de Educação. Cá para nós, alguns deles são gente da pior espécie – daqueles que acham que os filhos são sempre os maiores, que têm um comportamento exemplar e que nós, os professores, só mentem quando dizem mal deles. Curiosamente, os mais radicais são sempre professores. Acreditem!
Ontem e hoje, fiquei a conhecer todas as turmas. Já começou o meu velho problema: não me conseguir impor como devia desde o primeiro dia. Entro na aula com um bom espírito e não quero começar logo a berrar com eles e a mostrar-me demasiado autoritário, por isso acabo por sofrer sempre um bocado. Vou ver se na próxima aula ponho um ou dois na rua com falta disciplinar, a ver se eles atinam.
Amanhã já começo com matéria em várias turmas. Muitos deles já me avisaram: ainda não têm livros porque o SASE não os entregou. Gostava de saber como é que vou dar a aula. Não posso começar já a tirar fotocópias, poque este ano estão racionadas. Se gasto muitas agora, depois não chegam para fotocopiar os testes.

Um outro olhar sobre os olhares da OCDE

Por SANTANA CASTILHO

Não desisto de convocar políticos e cidadãos comuns para o debate das ideias e para o exercício de informar com seriedade e verdade. Sem informação e discussão não há vida democrática.
Há dias foi divulgado o “Education at a Glance 2010”, um olhar já clássico da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico sobre o estado dos sistemas educativos dos países que a compõem. São 472 páginas de uma complexa rede de indicadores quantitativos, tão úteis quanto perigosos. Esclareço: úteis porque ajudam a cotejar resultados de políticas, no quadro da educação comparada; perigosos porque são passados para a opinião pública sem indispensável informação complementar; porque muitos quadros nunca deviam ser divulgados isoladamente, outrossim em conjugação com outros que os clarificam e impedem grosseiras conclusões; porque, por essa via, conferem falsos fundamentos e legitimidade a políticas mais que questionáveis; porque o seu valor está hoje inaceitavelmente inflacionado e dá origem a uma política global de educação para problemas e culturas de estados membros bem diferentes; porque assumem que tudo se pode medir e reduzem as diferentes dimensões da educação ao interesse exclusivo da economia e do mercado.
Deixem-me fundamentar o afirmado com exemplos, a saber: [Read more…]

A fumaça do Benfica

Contam-me que nos anos quentes do pós-25 de Abril, com Pinheiro de Azevedo a liderar o Governo, quando confrontado com manifestações de rua, o almirante reagiu, perante todos, que era “só fumaça”. Não era.

Mas foi destas desventuras que me lembrei nestes últimos dias perante a estratégia de ‘indignação’ do Benfica. Perante uma infeliz actuação do árbitro Olegário Benquerença, o comando geral encarnado saiu à rua. Com inflamadas declarações de Luís Filipe Vieira, primeiro, e uma reunião dos órgãos sociais que, foi anunciado, iria abordar a situação do futebol do clube, depois.

Do encontro, afinal, não saiu só um novo episódio de revolta com as arbitragens, sempre criticadas quando prejudicam, nunca criticadas quando favorecem. Do encontro saiu algo mais. Que os adeptos não devem acompanhar a equipa nos jogos fora, que vão equacionar a presença na Taça da Liga e que a direcção deve parar as negociações de prolongamento das transmissões televisivas. Uiii. Foi aqui que a porca torceu o rabo.

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A ministra da oposição

Gabriela Canavilhas foi peremptória: “Os défices públicos estão a obrigar a repensar o financiamento” do actual modelo. “O Estado social está ameaçado”, concluiu.

A concertista consegue numa única intervenção apoiar o projecto de revisão constitucional do PSD, à direita, e confirmar a razão da esquerda quando acusa o PS de desfraldar a bandeira do “estado social” por mero oportunismo, após ter deixado o ensino à beira da privatização e o Serviço Nacional de Saúde mais privatizado do que nunca.

É obra. Tocada e sem fuga.

Os números do sucesso educativo

Governo traça metas para sucesso educativo (TSF)

A ministra da Educação está a pedir às escolas que tracem metas para melhorarem os resultados. Os novos objectivos de aprendizagem para o sucesso começaram, na terça-feira, a ser explicados pela ministra em Braga junto de mais de 300 directores de agrupamentos de escolas.

Pela voz da ministra da educação ficamos a saber que o governo quer que a educação em Portugal tenha maior sucesso. Não se reuniu nem se dirigiu aos alunos para que estes estudem mais. Nem aos pais para que melhor acompanhem os seus filhos. Não. Pediu às escolas que estabeleçam metas. É claro como água que os números sucesso educativo melhorarão e que os alunos continuarão a saber tanto quanto hoje sabem.

O Saldanha em betão


O escabroso, atinge as raias do ridículo. Quando há mais de um ano foram colocados os conhecidos painéis camarários com o já clássico “projecto em avaliação”, pensei que o Saldanha decerto perderia mais um conjunto de edifícios construídos na passagem do séc. XIX para o séc. XX. Pelos vistos, não me enganei.
A somar-se ao abjecto “Monumental novo”, ao suburbano Atrium Saldanha e à ignóbil miséria que é o edifício riscado por Taveira, a Câmara Municipal de Lisboa prepara-se para mais uma intervenção digna de ser classificada como simples banditismo urbanístico. As duas fotos, valem a revolta.
No local destes dois prédios, erguer-se-á uma montanha de betão, feia, do traço mais vulgar que possamos imaginar e que se destina a ser um hotel ao estilo do horrível Sana, na Fontes Pereira de Melo. Pobre Fontes, se soubesse para que serve o seu nome! Mais a poente, no Largo do Rato, voltará à discussão o famoso projecto do “mamarracho da esquina”, obra ao estilo da Organisation Todt, digna das defesas alemãs na Normandia. É a completa, intencional e criminosa descaracterização da Lisboa do liberalismo. Não apresentarem tal feito como contributo à centenária, já é por si, uma originalidade. Ou será esquecimento?
Dinheiro, dinheiro, dinheiro, mais ignorância, mau gosto e estupidez. Que gente…

Vamos à Luta! inicia-se na rua em Lx, dia 16, no Largo de S.Domingos

Vamos!

Acabar com a pobreza, +Justiça na redistribuição da riqueza

Na 5a feira, dia 16, pelas 17h30, no Largo de S. Domingos em Lisboa (junto ao Rossio) arrancará a iniciativa “Vamos!”. Existirão intervenções curtas dos subscritores para lançar o protesto e o debate que se quer aberto. Depois, terão lugar todas as intervenções e ideias de quem por lá passar e decidir participar sobre os temas propostos. A conversa dará lugar ao protesto, às ideias, à alternativa, tudo, no espaço da rua, porque é também aí que as nossas vidas passam e se decidem.
Haverá animação de rua e faremos do espaço público o local do debate e das ideias que se juntam para uma alternativa, porque como afirmamos no manifesto (aqui) “Não fomos nós quem fez esta crise.”

Vamos quebrar o silêncio sobre as injustiças e as mentiras da crise.

Vindos de muitas ideias e de muitas experiências, juntamo-nos pela igualdade e contra as injustiças da crise. Conhecemos as dificuldades verdadeiras de quem está a pagar a factura de uma economia desgovernada.  Uma sociedade civilizada não protege a ganância acima do cuidado humano, o cuidado de um por todos e de todos por um.

O apelo está lançado para todos se juntem.
Vamos à luta!
:: Dia 16 de Setembro :: 17h30 ::
:: Largo de S. Domingos (Ginginha) no Rossio ::
Acabar com a Pobreza
+ Justiça na redistribuição da riqueza
Com curtas intervenções de Ulisses Garrido (Comissão Executiva da CGTP), José Rodrigues  e Rui Maia (Membro dos Precários Inflexíveis), seguidas das quais o espaço será aberto a todas e a todos os que por lá passam.

http://vamos2010.blogspot.com