a familia

a família

É um substantivo quase impossível de definir. Talvez se pudesse dizer que é um conceito que tem várias definições, todas elas certas por corresponderem às diferentes maneiras de se vincularem às pessoas.

Pela negativa, é mais simples falar da família todas as pessoas que não têm parentesco entre si, é dizer relações consanguíneas ou por afinidade. Se é consanguínea a relação, a definição é mais simples: automaticamente pensamos no pequeno grupo de pai, mãe e descendentes ou filhos.

Nos tempos da minha juventude, era um grupo que incluía irmãos dos pais, os seus filhos, denominados primos pela primazia da relação entre essas pessoas, todas as filhas ou filhos de irmãos dos pais. Se ainda eram vivos, os pais dos pais ou avós, eram não apenas família, bem como eram parte do grupo familiar, denominado extenso. Ou viviam todos na mesma casa, se for um lar com muitos quartos e salas e salões, ou também debaixo do mesmo teto, porque não havia mais sítios para os manter.

Há as teorias da família, especialmente no direito romano, ou no direito canónico ou no direito positivo do código civil. Os três tipos de lei, imperavam e mandavam a proximidade das pessoas parentes entre si. O primeiro grupo que tenho

mencionado, nasce da economia do capital que puder ter a família alargada que moram juntos ou num paço, ou num bairro fechado ao público, um condomínio de todos os familiares com várias casas divididas entre grupos domésticos familiares, todos com porta aberta e com circulação dos familiares entre os diversos lares. O meu melhor exemplo, retirado não da teoria que legisla e orienta as relações dos parentes, tem sido retirado durante o meu  trabalho de campo ou método etnográfico. Método que narra e é interpretado pela etnologia ou ciência do entendimento da comparação etnográfica.

A imagem que tenho seleccionado para definir família, bem como a ópera, descrevem o que normalmente se pensa de uma família: grupo pequeno, novo e com bebés. Bem como Norma refere a Druida, filha de um sacerdote Druida, que vê os seus filhos assassinados, a destruição do hábito de viverem juntos e da casa, o lar da diva, queimada pelos invasores que assim destroem uma família. A ideia está baseada numa lenda francesa que defende a família. O segundo exemplo que pensava referir, é o do meu amigo Hermínio Medela de Vilatuxe, descendente dos duques de Alba e primo dos Condes de Lemos na Galiza. História que ele não sabia e eu descobri aquando da minha pesquisa de etnopsicologia da infância, com três visitas prolongadas de dois anos, um ano e um mês, ao longo de 25 anos. Era pastor de cabras e emigrante. Juntou dinheiro para construir uma casa para a família: a lei gálica dá a herança ao primeiro nascido, à sua irmã Marcelina, a Patrucia da família e os outros deviam procurar albergue em outros sítios. Com poupanças a colaboração da sua mulher Esperanza, que se empregava como doméstica em casas ricas, enquanto as crianças eram cuidadas pelos avôs maternos e paternos. Regressa a Vilatuxe e com a família constroem a primeira casa, onde todos viviam. Mas a família cresce, à casa são agregados quartos até que o meu compadre abuelo decide dividir a sua quinta, adquirida com dinheiro da emigração e paga na sua pastorícia de cabras, a sua profissão. Filho(a) que casa, recebe parte das terras e entre essa inúmera família construem casas para os casados aí viverem e ganharem a vida no que melhor puderem. Ao todo, cinco casas são feitas, contando a casa paterna, entregue nas mãos do novo Medela, o meu amigo Miguel e a sua mulher Catarina. História toda narrada e analisada nos meus livros sobre Vilatuxe, especialmente no da Profedições: O Crescimento das crianças, Porto, 1998.

Era uma família de condomínio, muito chegados uns aos outros e com uma profunda solidariedade e respeito aos pais, Hermínio e Esperanza, como analiso no meu livro de 2010: Esperanza, uma história de vida, publicada em Estrolabio pelo meu amigo editor Carlos Loures, Lisboa, 2010.

Teoricamente, família é definida assim: Conjunto de todos os parentes de uma pessoa, e, principalmente, dos que moram com ela. Conjunto formado pelos pais e pelos filhos, ou conjunto formado por duas pessoas ligadas pelo casamento e pelos seus eventuais descendentes, bem como conjunto de pessoas que têm um ancestral comum, ou que vivem na mesma casa

Família, enfim, pessoas unidas por consanguinidade ou por laços de afinidade, resultado de matrimónios de pessoas de fora da família conjugal, mas que ou casam entre si e geram uma descendência que passam a ser consanguíneos da pessoa e dos seus parentes, que incorporou por matrimónio, mas um membro dentro da família. Passam a ser de parentesco duplo: consanguíneos e afins. Ou que não casam e aparece uma terceira forma de família: amancebamento, legislado pelo Código Civil.

A família, enfim, tem a sua nota em dó maior com os netos, como a que hoje espera: May Malen I.Isley, que amo profundamente….como a mulher que me acimpanha na vida, Maria da Graça

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading