Sem espinhas

O problema de António Ribeiro Ferreira, que diz ser urgente partir a espinha aos sindicatos, é um problema de desambiguação. Se pretende referir-se a espinha, no sentido de coluna vertebral, fala de uma coisa que não tem, e portanto não pode saber o que é, tantas vezes se vergou ao peso do servilismo mais abjecto, de que uma célebre entrevista a Maria de Lurdes Rodrigues é exemplo que basta. Os vermes são invertebrados, como toda a gente sabe, e do agora director do I guardo este naco, quando em tempos de bom senso foi forçado a exilar-se, perdão emigrar, para um blogue:

É preciso emigrar, rapidamente e em força. Para a blogosfera, um espaço livre sem lacaios medíocres. As lixeiras, essas, estão aí, a céu aberto.

Por outro lado se usou a expressão no sentido dermatológico, pese que essas espinhas não se partem mas sim se espremem, já faz sentido: os sindicatos portugueses precisam de uma limpeza de pele para permanecerem na frente do seu trabalho histórico, aquele que ao longo do séc. XX foi apagando a miserável situação  laboral do séc. XIX.  Até porque o objectivo claro da corrente de pensamento dominante, que António Ribeiro Ferreira tão bem representa, é mesmo essa: regressar às cavernas do trabalho sem direitos, de sol a sol, infantil e escravizado. Queriam, mas não vão ter.

Comments

  1. Pedro M says:

    Deve ser um dos tais “populistas incendiários” de que falava o PPC.

    Pelos vistos os discursos à Augusto Santos Silva fizeram escola.