«A outra idiossincrasia que está a funcionar bem é aquilo a que o governador do Banco de Portugal chamou na sexta-feira no Parlamento de flexibilidade tácita do mercado de trabalho. Muitas empresas exportadoras estão a ser mais competitivas por causa daquilo de que os trabalhadores abdicam. Ao contrário do que acontece nas grandes empresas e no Estado, há muitas PME cuja competitividade está a ser financiada pelos trabalhadores, que interiorizam as dificuldades de sobrevivências das próprias empresas – e nivelam as suas condições à conjuntura. O caso mais radical são os salários em atraso: os trabalhadores preferem tentar preservar o seu posto de trabalho a recorrer a um tribunal e fazer valer os seus direitos. Este é o caso máximo de partilha de risco. E muitas empresas estão a safar-se à custa disso. Um exemplo claro: os trabalhadores dos Estaleiros de Viana do Castelo acabam de fechar um acordo em que trocam as férias de Agosto para poderem terminar a construção de asfalteiros para a Venezuela.» Pedro Santos Guerreiro
Sem trabalho escravo (ou perto) não há produção de riqueza.
Os Estaleiros de Viana não são PME, são uma empresa pública.
Em qualquer empresa normal, se a gerência aparecer perante os trabalhadores com uma estratégia clara e pedir colaboração, normalmente conseguem-se acordos mutuamente benéficos.
Quando os acordos säo respeitados, ficam todos a ganhar.
Mas em Portugal, quanta gente se predispös, desde há 30 anos, a aceitar salários em atraso para melhorar a condiçäo da empresa, e depois viu o paträo fugir com a massa para Brasis ou outros destinos exóticos?