O homem é escandalosamente rasca. Ordinário a fazer justiça ao péssimo porte, língua viperina para a graçola de beco de doca e um espectacular baú de sempre esperadas vulgaridades, este perfeito bon à rien foi um poço de promessas e de todos os arrivismos, tudo fazendo para chegar a este resultado. Vencido à tangente por um molusco, tem a Sra. Le Pen a morder-lhe as canelas. Quanto ao resto, já se confirma aquilo que todos desconfiávamos: o fulano que tanto podia ser candidato pela extrema-direita como pela extrema-esquerda, a coqueluche do luso Bloco, ficou perto daquele residualismo que pouco conta, apenas sobressaindo entre outras ninharias presentes no cortejo.
O que a França tem visto nestes últimos 40 anos, roça a risota em pleno teatro do guignol: o Giscard dos negócios vergonhosos e do petit commerce africain, o Mitterrand das escutas, silenciamento de opositores, mortes misteriosas e semeador de sedíciais, o Chirac semi-presidiário militante e agora isto que ainda está e aquilo que talvez venha, são um panorama desolador. Ao pé disto e , por incrível que vos possa parecer, quase tudo o que temos visto em Belém, mais se assemelha a uma plêiade de arquiduques da Casa de Áustria, príncipes florentinos e grãos-duques do Sacro Império, Cavaco Silva incluído.
A ideia de um país que teve Luís IX, Henrique IV, Luís XIV, os dois Bonapartes e até De Gaulle como Chefes do Estado, ver-se reduzido a uma vitrina do bordel cor de rosa da dupla Sarkozy-Bruni, é sintomático. Enfim, c’est ça, la république.
Comentários Recentes