Sem mudar de vida…

Em férias por terras lusas, vou naturalmente revendo amigos. Porque não escolho amizades em função de opções políticas ou ideológicas, várias vezes me insinuam que vivo numa terra subdesenvolvida, onde faltam infraestruturas. Sim, Angola não possui algo que se compare ao CCB ou Casa da Música, nenhuma obra tem a envergadura e complexidade da Ponte Vasco da Gama, o investimento em caminho de ferro não fez nascer qualquer estação semelhante à gare do Oriente, nem existem serviços como o Alfa-pendular. A maior diferença contudo são as rodovias, com apenas uma auto-estrada digna desse nome, quando Portugal tem dezenas de Auto-Estradas, Itinerários Principais e complementares. Pena que apesar de todo esse investimento público, a economia portuguesa esteja em contracção. Dizem-me que a culpa é do governo e da troika, que falta conceder crédito e investimento público. Sem querer inocentar o governo, que é de facto fraquinho, não percebo a lógica. Mais crédito para deixar o défice exactamente em quanto? Mais investimento público para quê? Se com toda a obra realizada nos últimos 20 anos, chegamos ao lamentável presente… 

Suspeito que na eventualidade da troika sair no próximo ano, caso não surja a necessidade de novo resgate, o país quer mesmo é voltar aos políticos e políticas do costume, encostar-se à mão protectora do Estado a quem tudo exige, sem perceber que está aí um dos seus maiores problemas. Voltarão as festas e balões, fogos e inaugurações… Portugal não tem emenda, como alguém disse séculos atrás, não se governam nem deixam governar…

Comments

  1. É natural que quem se sente confortável numa ditadura incrivelmente muito mais corrupta que Portugal não perceba qual é o problema.
    Ou que ache que em 2011 havia alguma hipótese de um acordo com a troika acabar em 2014, ou que regredirmos ao nível da Roménia é que era.

  2. AACM says:

    Lufada de ar fresco no Aventar……os meus parabens Antonio de Almeida.

  3. jorge fliscorno says:

    Pois as sensibilidades pró-socialistas já aventam a necessidade do estado lançar dinheiro na economia (leia-se nas obras públicas). Penso que ainda faltará fazer aquele coisito, sem o qual tudo o que está para trás não chega para cortar o cordel da catapulta do crescimento económico.

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