25 Abril 2013

25ABRIL

De repente há cravos por todo o lado, e até mesmo nas lapelas dos bons fatos dos burocratas da Europa, a nossa Liberdade apropriada por quem hoje no-la tira e nem imagina o que foi esse dia mais feliz da vida de tantos portugueses há 39 anos.

Em Lisboa, caminhando outra vez a tristeza, o povo chora a raiva da impotência, uma senhora deseja a morte dos governantes e alguém remata: “a revolução está perto”. Talvez esteja em Madrid, onde os nossos cravos inspiraram hoje alguns desses seis milhões de desempregados que não têm nada a perder.

Salgueiro Maia e os outros

SALGUEIRO MAIA
Aquele que na hora da vitória
respeitou o vencido

Aquele que deu tudo e não pediu a paga

Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite

Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício

Aquele que foi «Fiel à palavra dada à ideia tida»
como antes dele mas também por ele
Pessoa disse

Sophia de Mello Breyner Andresen

São todos, mas todos, tão pequeninos à beira dele.

A Bandeira ao Contrário

braga

Braga, 25 de Abril de 2013. © Eduardo Morgado.

Pinto da Costa continua a falar de árbritros

“Estar sempre a falar de árbitros é ridículo e estúpido e como há muitos estúpidos vai continuar-se a falar”

João Capela tem futuro.

“Portugal é um país de capelas”

Democracia

O Público de hoje traz depoimentos de 55 personalidades sobre aquilo que melhorariam na democracia portuguesa. Muitas das declarações não passam de colagens de banalidades românticas, ingénuas e tardo-adolescentes. Outras, pelo contrário, são estruturadas e fazem uma leitura política de um tema naturalmente político.

Serve esta introdução para dizer que, se houve depoimentos mais importantes e lúcidos do que outros, aquele que mais me tocou e melhor põe o dedo na(s) ferida(s) pertence a Gonçalo M. Tavares, e não é “político”, nem “programático”, nem sequer “objectivo”, muito pelo contrário: é metafórico, artístico e literário, na melhor acepção dos termos. No entanto, estas parábolas ilustram na perfeição a situação de “captura democrática” em que vivemos

1 –“O cantor”

Um pássaro foi atingido com um tiro na asa direita e passou por isso a voar na diagonal.

Mais tarde foi atingido na asa esquerda e viu-se obrigado a deixar de voar, utilizando apenas as duas patas para andar no chão. [Read more…]

O presidente da República e o discurso de Fação

Li, nalguma imprensa, que João Semedo teria acusado o presidente da República de fazer um “discurso de fação”, aludindo ao discurso de Cavaco Silva na 39.ª Sessão Comemorativa do 25 de Abril. Achei curioso e fui verificar, uma vez que não conheço discursos característicos de Fação. Havendo discursos característicos de Fação, a letra inicial deveria ser, como acabamos de ver, maiúscula. Afinal (valha-nos a rádio), João Semedo disse que “não há consenso, quando o presidente da República faz discursos de facção”. De facção! Exactamente: [faˈsɐ̃ũ̯] e não [fɐˈsɐ̃ũ̯]. A diferença é gritante, como bem sabemos. Felizmente, a imprensa de referência em ortografia portuguesa europeia não engana. Curiosamente, no Correio da Manhã, o texto sobre o “discurso de Fação” aparece em ortografia portuguesa europeia (ruptura, facção, Março, director…). Haja  esperança.

fação

25 A, Malícia, Acidentalidade, Incompletude

Tinha eu apenas quatro anos e não poderia saber coisa nenhuma, muito menos que se as ruas ferviam, era mais ou menos por acaso, porque acidentalmente uma corporação militar andava insatisfeita e, infeccionada com o messianismo soviético, achou que podia mudar o muro que lhe barrava a progressão na carreira, revestindo-se de veleidades golpistas e revolucionárias à maneira bolchevique, custasse o que custasse, desse por onde desse.

Depois, só muito depois, fui compreendendo a estirpe de eventos, mobilizações e aquisições que se sucederam no e após o 25 de Abril, uma Revolução Acidental que deu com um Povo Romântico, Manso, Dorido, Domesticado na Pasmaceira Doméstica Paterna do falecido dr. Salazar, Povo Apático, Amarelo, Pobre, Bruto, cujos filhos se submetiam a trabalhos, dores e agruras nos vários teatros de guerra em África, sangrando, morrendo, perdendo a cabeça e infectando as partes despudicas com fardos de africanas. Revolução que depois ganhou uma espécie de vida própria caminhando mal equilibrada no grande arame geoestratégico mundial, entre o perigo de fazer-nos resvalar para um Estado Cubanizado no Extremo Ocidental da Europa, seguido de uma Anexação pela Espanha Franquista, ou para um Mix Nem-Carne-Nem-Peixe de NeoCorporativismo Maçónico, Democrathíbrido, onde à figura de um Ditador sucede simploriamente a figura de um Chupador Elegível, basicamente os vascos, os soares, os almeidas santinhos, os eternos cavacos, gente que cresceu a arrotar democracia e a tratar mal as escoltas policiais, gente que tirava sonecas entre pregações e tinha o Estado a pagar-lhe as multas por excesso de velocidade e excesso de liberdade, gente que era democraticamente papal e democraticamente infalível às claras e que cresceu ainda mais por décadas na sombra, convertendo-se em eminências pardas e tutelares de uma Coisa Rendosa para Si  o Regime, as suas Fundações e Privilégios  Regime tão deles e Coisa tão rendosa, que não há dúvida enriqueceram fabulosamente e influenciaram fabulosamente, eles e quantos mais chuparam a República até às consequências que hoje, mais swap menos swap, estão à vista de todos. [Read more…]

25 de Abril botânico

O discurso de Cavaco fez cair os cravos. Já nem os vegetais aguentam.

25 de Abril no Porto

Foto de Diogo Baptista, encontrada aqui

Liberdade

Esta canção é todo um programa e volto sempre a ela quando as coisas se confundem e o mundo parece perder o rumo.
Que sociedade queremos construir e para quem? Quem deve estar no centro das decisões políticas? Os políticos eleitos devem estar ao serviço de quê? Queremos, ou não, um mundo mais justo e inclusivo?
Porque a nossa liberdade não acaba na liberdade de expressão. Aí, ela apenas começa.

Será que sou eu que vou pagar?

Ou passa também para o outro lado do rio?

É só fumaça

Tinha menos de quatro anos, por isso não acompanhei com detalhe, fosse na televisão, na rádio ou, no dia seguinte, nos jornais, os acontecimentos daquele dia de Novembro de 1975. E como gostava de lá ter estado. Bom, em rigor, como gostaria de ter estado em tantos momentos da história. Porque naquele momentos fez-se história. Mesmo que quem lá esteve não tenha dado por isso.

pinheiro azevedo fumaça

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25 de Abril de 1974

SALGUEIRO MAIA

Eu era uma criança.
Gostava de ter vivido aqueles momentos de apreensão mas também mágicos que acompanharam a revolução e ficaram para além dela.
Gostava de ter podido abraçar sentidamente aqueles Homens, em nada parecidos com os homúnculos que hoje por aí pululam.
De ter podido dizer-lhes «Obrigada» de rosto lavado em lágrimas e voz embargada.
De ter podido entregar um cravo vermelho a cada um deles.
De ter podido dizer-lhes que agora sim, agora é que o futuro nos ia sorrir. Agora é que iríamos concretizar a nossa grandeza, graças a eles.
De os ter acompanhado pelas ruas fora.
De ter ficado com o seu cheiro entranhado nas minhas roupas que não lavaria nem usaria jamais, de modo a perpetuar aquele odor heróico.
De ter abraçado todos aqueles com quem me cruzasse, subitamente transformados em meus irmãos na felicidade de concretizar um futuro sonhado.
De ter sentido aquele saborzinho único que fica quando a justiça impera e quando sabemos que vivemos momentos especiais.
De ter visto o povo nas ruas, cada vez em maior número, uns com olhares de medo, olhando ainda de soslaio, tentando perceber onde andaria o «bufo» mais perto de si, outros com um sorriso de orelha a orelha, sonhando já com o amanhã em liberdade.
De ter presenciado as reacções dos meus pais, de lhes ter lido o medo. De, depois, rir com eles, e construir sonhos de alegria, de igualdade, de justiça social.
De entoar lindas e frescas canções de revolução, liberdade e esperança.
Sim, o dia 25 de Abril de 1974 amanheceu especial e histórico e eu, infelizmente, era demasiado criança para o viver intensamente ou para simplesmente o viver.
Ainda assim, nunca é tarde para isto:
OBRIGADA por tudo o que fizeram pelo nosso país.

O doodle do google.pt

Não faz referência ao 25 de Abril. Tá mal!!! Sinceramente, hoje quero 25 de Abril Sempre, estou-me a marimbar para os 96 anos da Ella Fitzgerald!

#OpApagaoNacional

Feliz 25 de Abril

Na rua, é claro, o natal é que se faz em casa.

Fecham-se numa redoma

cavaco e passos na redoma de vidro

Palácios de São Bento e Belém fechados aos cidadãos no 25 de Abril
São estes os nossos bravos estadistas, que se fecham numa redoma.

25 de abril em Gaia: é urgente parar esta gente

A cada dia que passa fico mais convencido da sorte que temos em alguém se ter lembrado da limitação de mandatos

menezes

porque, pelo menos de forma egoísta, estamos livres de um problema. E a coisa está a atingir um nível completamente insuportável.

Então agora um quer, o outro não quer. Um diz que sim e o outro, não senhor, não vamos por aí?

E, as sondagens, tal como os pareceres são dos amigos?

Felizmente há no Aventar quem pense diferente de mim – é um sinal da nossa qualidade – mas eu já não tenho paciência para este tipo de política, que ignora as pessoas, que vive do folclore e do faz de conta.

Estou a exagerar?

Quem se lembra da promessa do Menezes, no programa do Mário Crespo, sobre a vacinação?

Pois, ao que parece e tal, não será bem assim e que afinal em Gaia as vacinas grátis devem chegar no mesmo comboio dos empregos. [Read more…]

Hoje dá na net: em 1974, o telejornal foi assim

Precioso documento encontrado no youtube.

Obrigado Fernando Balsinha e Fialho Gouveia, os homens que inventaram faz hoje 39 anos, atrapalhados é certo, o jornalismo televisivo livre, sem censura, e em directo.

O Tesouro de Manuel António Pina

25 de abril sempre e, por estes dias, mais que nunca!

Sophia

Sophia

Sophia, sempre Sophia. Sempre. Há um ano, aqui no Aventar, também o Ricardo Santos Pinto nos trouxe este Poema. Como já tive a oportunidade de escrever, «Em português europeu, Abril não é abril. Em português europeu, Abril é Abril. Sempre».