Governo renascido a 4 de Julho

Passos Coelho

Passos Coelho

Fonte: Presseurop

O cinema é um domínio de excelência para a busca de metáforas e imaginar uma história, mesmo distinta, de realidades de vidas individuais e/ou comunitárias.

Hoje é 4 de Julho. Não é data que me faça envolver na bandeira dos EUA e ir para a rua cantar ‘Born in The USA’ de Bruce Springsteen, de quem, confesso, só devoto fã há muitos anos – somos dois jovens, está explicado.

‘Nascido a 4 de Julho’, como se sabe, é a história do soldado Kovic, que o Vietname transformou em paraplégico e, por consequência, em activista político, anti belicista e  defensor dos direitos dos deficientes físicos.

O 4 de Julho deste ano fez-me reflectir nas perturbantes conversas dos idiotas Passos Coelho e Paulo Portas, com vista à manutenção da coligação que nos tem (des)governado e que Cavaco faz questão de proteger.

Se Oliver Stone a isso estivesse disposto poderia realizar ‘Governo renascido a 4 de Julho’, narrando os crimes contra a pátria portuguesa e o seu povo, por este duo de garotos – também se poderia recrutar o Gaspar e, então, teríamos a alternativa da realização dos ‘Três Estarolas’, mas o tema não é propício a comédias.

Stone teria imensas fontes de onde poderia esquematizar o argumento do filme. Recorrer, por exemplo, ao jornal ‘Echos’ de 4 Julho. Sob o título Portugal faz tremer a zona euro’, além do mais, o jornalista Guillaume Maujean escreve o seguinte:

Nos últimos doze meses, os mercados regozijaram-se, com razão, com a acção firme de Mario Draghi para apoiar os bancos – através da concessão de empréstimos de milhares de milhões – e depois os Estados – através do escudo que o programa de compra de dívida soberana representa. Mas os mercados esqueceram-se do essencial: a fragilidade do crescimento e do crédito nos países “periféricos”, o peso das dívidas desses países, que se mantêm a níveis insuportáveis, o desemprego elevado e a instabilidade dos seus governos.

Sobretudo, não tiveram em conta as disparidades entre os países da zona euro, que continuam a ser consideráveis, ou tendem mesmo a aumentar, e que não são sustentáveis a longo prazo. A menos que se admitam novas medidas de mutualização de recursos e novas transferências de soberania. Como é pouco provável que a Alemanha tome qualquer atitude antes das suas eleições legislativas, em Setembro, e antes do veredicto do Tribunal de Karlsruhe sobre a legalidade do escudo do BCE, o verão promete ser agitado.

Iniciando a aventura cinematográfica em Portugal e com os irresponsáveis governantes no poder, Stone seria confrontado com ciclópicos trabalhos para passar para duas horas e picos de filme a desagregação de um projecto de união de povos que, excepto os poderosos interesses financeiros, começa, de facto, a ser abstruso na existência tal qual a sofremos; em especial, os povos periféricos que, de súbito e depois vincadamente, passaram a ser qualificados de marginais.

Comments

  1. orquideaneves says:

    seria boa a ideia de um filme de Oliver Stone qualquer que fosse o título desde que “os três estarolas ” estivesses representados. Concordo que o tema não é propício a comédias mas deveria ficar para a posteridade a ” raça” de políticos que temos. concordo plenamente com o comentário.

    • Carlos Fonseca says:

      Esperemos, então, ser possível convencer o Gaspar. Tenho de saber o supermercado onde faz compras para lhe endereçar o convite.

  2. manuel.m says:

    Pessoalmente alvitro que seria melhor fazer um luso remake do filme de Rex Ingram “Os quatro cavaleiros do apocalypse”.com Cavaco,Socrates.Passos e Gaspar obviamente nos principais papeis. Seria o terror do mais intenso jamais conseguido em filme. Desmaios, colapsos,choros e gemidos garantidos na assistencia.