Nem de propósito, a primeira coisa que o vizinho apartidário do bairro me disse, depois de ouvir Seguro, foi isto: «O PS é um partido assassino. Seguro jamais poderia inovar e fazer diferente dos perfeitos sacanas que o antecederam!» Afinal, desde o primeiro minuto estava escrito: Seguro sucumbiu à sombra tutelar do avozinho Soares que já lhe tinha ralhado. Se bem entendi, Seguro esteve a encenar toda a semana. Foi teatro. Este desfecho já estava engatilhado. Disse que houve conversações e negociações que mostraram que nalgumas propostas é possível haver convergência, mas assassinou a convergência ao canto das sereias internas. Portanto, prefere instabilidade. Prefere eleições a compromissos com os restantes partidos de Governo! Portanto, deu ouvidos ao lastro mais parasitário, rançoso e incompetente que a Política em Portugal alguma vez já viu, Soares e Alegre… e os outros. Em suma, com o PS no Governo, podemos esperar aumento das bolsas de estudo, aumento das reformas, subida do salário mínimo, aumento subsídio de inactividade social, e carroças com investimento público. Com Seguro a Primeiro-Ministro, poupar ficará no passado, esse conceito salazarista do impreprado Passos. Saldar as dívidas, conforme constava do Memorando, era só para enganar. Venham daí eleições, Cavaco. O PS vai ganhar. Fará correr leite e mel assim que gritar bem alto, com a restante Esquerda Nefelibata: «Não pagamos! Exigimos renegociar!» Lindo.
A ronda negocial democrática (?) de Cavaco e dos partidos do ‘arco do poder’
À excepção dos privilegiados, apenas o promotor e protagonistas do PSD, PS e CDS, embora sejam uma minoria ultraminoritária, sabem em rigor o conteúdo do que se tem debatido, acordado ou discordado, em resultado dessa proposta cintilante de Belém, o ‘Compromisso de Salvação Nacional’.
Dizem-nos que a iniciativa, entretanto terminada, é da máxima relevância para o futuro dos portugueses, sem especificar o que se trata, que objectivos se perseguem e o que podem os portugueses esperar no futuro, se consumado o acordo desta ‘troika nacional’.
Chamam a isto democracia, i.e., decidir em nome do povo matéria por este ignorada e não sufragada, naturalmente com influência para milhares de famílias portuguesas, cuja vida já é duríssima. O que nos deve preocupar é o conteúdo e resultado das negociações, até aqui sonegados – os negociadores ‘rosas’, ‘laranjas’ ou ‘azuis-amarelos’ pouco ou nada interessam, porque são parte do largo enxame de moscas da mesma merda, diria Brito Camacho.
Para tornar uma longa história mais curta, reproduzo o que Fareed Zakaria, ensaísta e editor da Newsweek International em ‘O Futuro da Liberdade’, editado pela Gradiva, escreveu na página 162 do livro em causa:
A noção de assembleia representativa ilustra bem estas ideias de democracia indirecta. Os americanos escolhem quem exerce o poder legislativo e delibera por eles. Não o fazem por si próprios. Foi precisamente esta a razão por que James Madison, autor da Constituição americana, não considerava a América como uma democracia.
Acrescento: o que é dito a propósito dos americanos também é verdadeiro, na actualidade, para um conjunto alargado de outros povos. Em especial, na EU e no subconjunto da Zona Euro, onde a nossa soberania se esvaiu.
(Adenda: É óbvio que o texto dste ‘post’ não seria escrito nos mesmo termos, se, a tempo, tivesse tido conhecimento da desacordo do PS, transmitida por António José António Seguro. Mantenho, no entanto, que a agenda das reuniões deveria ser divulgada como imperativo democrático – Cavaco Silva perdeu e o país estará sujeito a uma crise de proporções ainda imprevisíveis).
Sá da Costa mandada encerrar
pelo Tribunal de Comércio de Lisboa. Manifesto contra o encerramento das livrarias históricas de Lisboa (editado pela Letra Livre), será lido amanhã, sábado 20/07, às 21h, na Livraria Sá da Costa (Rua Garrett, ao Chiado). Uma iniciativa dos trabalhadores da Livraria Sá da Costa.
Enquanto os pássaros visitarem as cidades

“A Balada do Mar Salgado” – Hugo Pratt
Deu a certa imprensa, aqui há dias, um arrebato de histeria contra as gaivotas. Chamaram-lhes ladras, acusaram-nas de roubar peixe e pão aos distraídos, de assustar os turistas nas esplanadas, de acordar a vizinhança quando gritam de fome nos telhados. Foram ouvidos os especialistas, que explicaram tratar-se de uma “espécie oportunista”, por adaptar-se às pessoas e aos ambientes urbanos.
Devem ter sido os primeiros rebates da época tola, que este ano parecia mais arredada da imprensa, não fosse o Verão estar a ser quente em todas as acepções da palavra. Mas é certo que todos os anos se recuperam notícias alarmistas sobre a “praga” de gaivotas, os perigos das bactérias que as bichas carregam, e até se lamenta, muito hipocritamente, que elas ataquem as pombas, as mesmas pombas que são também uma praga a exterminar em nome da saúde pública.
Levo anos a ter as gaivotas como inquilinas no telhado, a sofrer os seus ataques de cada vez que há crias nos ninhos e eu tenho o atrevimento de querer sair para a varanda, a descobrir cagadelas diárias nos vidros das janelas. [Read more…]
Pede-se que a devolvam
Ó Schäuble, e se fosses à puta que te pariu?
Minijobs? Minijobs? Miniwages, miniconditions, minilives, isso sim!
Que os pariu a todos!!!!
Sucumbirá Seguro à Pressão Interna?

Muito cuidado com a morsa Soares e a morsa Alegre, Seguro. Um filhote como tu pode ser esmagado. Que seria de um partido de Governo sem tais figuras… tutelares, exemplos de trabalho, uma vida inteira longe da teta generosa do Estado?!
Repare-se no triste espéctáculo que nos dá o PS, pelas suas figuras e figurões com acesso fácil aos microfones patéticos do Regime e às antenas repetidas e passentas das TV e das Rádios. Dois PS avultam. O PS extinto e o PS ainda a fumegar de ter sido Governo. Ambos exercem uma pressão insolente e pornográfica sobre Seguro, capaz de suscitar compaixão por Seguro, terna condescendência por Seguro. Quantos PS há, afinal?! Quantas falanges, falangetas, alas, nichos? E por que motivo a Esquerda dentro do PS esperneia tanto?! A ameaça de cisão desse partido é a mais cómica e sonsa ameaça de que há memória na história recente politico-partidária nacional.
Refresquemos a memória de rato dos promotores da pressão interna com que Seguro tem de se haver: a crise política não começou com uma grave crise no Governo de Emergência Nacional. Começou com o grave desafio eleitoral colocado pelo cumprimento escrupuloso e sério do Memorando só pela via financeirista, cujo peso foi quase absoluto até 1 de Julho último. Mesmo a admissão de falhanço a que inaudita e humildemente o próprio Vítor Gaspar alude é, antes de mais, a admissão de um falhanço pessoal, não das políticas. Um falhanço das previsões. Um falhanço da dose, graduação e temporização dos efeitos negativos das políticas antes de os seus efeitos virtuosos começarem a surgir. O falhanço, sobretudo, do apoio e adesão, dentro do próprio Governo, para que, junto da Troyka, Gaspar pudesse manter a face e declarar possível garantir o cumprimento dos cortes mais decisivos para 2013 e 2014. [Read more…]
Nuno Melo, artesão de dilemas
O PS tem de escolher: o país ou o partido. Escolher o país é combater o desemprego, a pobreza, a miséria… Se não for isto, então o Melo que também é Lacerda vá à m….
Hollande revogou recessão francesa
François Hollande estará maluquinho ou é mesmo só demagogia? Diz que a França saiu da recessão e que o crescimento chegará antes de 2014.
Caso Morales, Portas que se cale!
Paulo Portas, sabemos, é o género de político teatral. Umas vezes dramatiza, comunicando a irrevogável demissão do governo a que, afinal, está irrevogavelmente colado como lapa; outras, faz incursões pela alta comédia, recorrendo a declarações filosóficas e premonitórias do tipo:
Os Governos foram inventados para governar, se não o fizerem é porque alguém governa por eles
Jornal de Notícias em 04-07-2003
Esta antecipação da intervenção de Cavaco Silva em matéria governamental é, de facto, fenómeno temporão de rara qualidade.
Todavia, há ocasiões em que Portas consome a manha e o talento em representações de ‘Teatro Burlesco’, integrado, como se sabe, na estética do grotesco. O desastroso regresso ao tema Evo Morales é o caso.
Diz o nosso revogado MNE que o Presidente Boliviano “pode ter razões de queixa”. – Pode? – pergunto eu. – Tem razões de queixa – sublinho com firmeza. Estamos perante a velha história da mulher está grávida ou não está grávida? Meias-grávidas não existem.
Quem defende as pessoas com Autismo?
Ontem li este depoimento de uma mãe de um filho de 18 anos com autismo na página do Facebook de alguém. Fiquei zangada e revoltada, sentimentos que me são já muito familiares desde que este desgoverno tomou conta do país. Sem mais palavras, limito-me a transcrever o que li. Faltam-me as forças até para insultar. Amanhã vou para a rua fazer a única coisa que sei fazer: trabalhar e lutar para que a nossa classe política seja desparasitada e desinfectada.
Aqui está o depoimento e pedido de ajuda tal e qual foi publicado: [Read more…]
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