Eis a razão de não se terem pago os subsídios de férias a tempo e horas

Toda aquela conversa da treta de haver dinheiro mas que não se iam pagar os subsídios de férias quando era suposto, estão lembrados? A verdade verdadinha já a sabíamos, só faltava a confirmação.

Hoje, a verdade veio à superfície. O défice no primeiro semestre ficou uns pentelhos abaixo do limite acordado com a troika, feito heróico que poderia cair por terra com uma simples questão de cumprir como cumprir a decisão de um tribunal.

O que hoje ficámos a saber é que não há dinheiro. O falido estado está falido, bem para além do os incompetentes do governo procuram fazer crer.

Em todo o lado

Um quarto dos alemães com salários baixos (traduzido automaticamente do alemão).

Remodelação do Governo (9)

Pires de Lima elogia Álvaro. Beato hipócrita!

Teatro no Porto: bom e barato

No final dos três anos de qualquer curso profissional, os alunos têm de participar numa Prova de Aptidão Profissional (PAP), o que lhes permitirá obter uma certificação profissional, para além do diploma de 12º ano.

Na Academia Contemporânea do Espectáculo, a PAP integra, frequentemente, a representação de peças, em que intervêm alunos dos três cursos: Cenografia, Luz e Som e Interpretação. O facto de estas provas estarem abertas ao público constitui uma possibilidade de ver o trabalho de um conjunto de jovens talentosos que estarão no futuro das artes do espectáculo em Portugal. É uma ocasião para assistir a espectáculos de grande qualidade pagando pouco.

Este ano, estarão em cena os espectáculos If…GípolisO Maldoror Está Vivo.

Não sigam o cherne. Sigam os cartazes. [Read more…]

Remodelação do Governo (8)

Os feitos de Pires de Lima na Unicer: 700 despedimentos. Uma empresa que, recorde-se, teve quase 30 milhões de lucros em 2012. Convenhamos, é o homem ideal para a Economia deste Governo.

Cortes nos subsídios de desemprego e de doença

Um governo amigo do povo, em especial dos desamparados por falta de trabalho ou de saúde.

Obsolescências

Ontem, parido e empossado, surgiu o Governo Passos Coelho II. Nasceu para levar a jangada nacional até ao fim do caminho e tentar mostrar resultados, se houver tempo e o Daniel estiver errado. Terá de fazer violências. Apanhará provavelmente com mais greves por mês que o Governo Passos Coelho I, mais débil, mais perro, e muito mais medroso. Muito menos articulado do que este promete parecer. Precisamos de greves na função pública, apesar da compressão de direitos e rendimentos, das requalificações e evacuações? O mundo europeu da Moeda Única carece delas? Claro que não. Do que precisamos mesmo é de menos Fisco, mais indústria, mais emprego, mais actividade privada e um caminho de competição directa com outros pólos planetários hoje com regras mais favoráveis para eles e que nos vão deixando mais e mais para trás e a dever-lhes dinheiro. A Ásia, sim, precisa de greves. Urgentemente. Nunca as terá. E mesmo que as tenha, delas pouco ou nada se falará. O Brasil também precisa. Greves por mais direitos laborais, pela humanização da sua indústria e de outras estruturas produtivas, greves por condições gerais mais justas de remuneração.

Cá, na pequena paróquia política portuguesa, por exemplo, pensar em greve, neste contexto em que uma hora conta, já antecipa ineficácia e cansaço levados ao limite e é um contrassenso quando no horizonte muitos aventam um novo cenário de bancarrota. As sociedades europeias que intuíram e inventaram o Estado Social e a aspiração ao bem-estar têm de redescobrir estratégias novas de protesto, mais cívicas e inteligentes, menos tiro-no-pé, à medida da massa crítica que constituem, à medida da realidade demográfica e cultural que habitam, e sobretudo à medida da nova consciência ambiental que se traduz em novas práticas individuais libertadoras, minimalistas, capazes, só elas, de engendrar uma felicidade pouco compatível com a loucura consumista, a ganância e a ambição competitivas que trucidam a concorrência e pisoteiam as caveiras dos derrotados e menos capazes. [Read more…]

Fazer exame para professor

Sem prejuízo de voltar a abordar o assunto, ficam aqui algumas primeiras e más impressões acerca de mais uma invenção do Ministério da Educação (MEC): a Prova de Avaliação de Conhecimentos, Capacidades e Competências para acesso à profissão docente.

Se bem percebi, pretende o MEC que os professores contratados realizem uma prova em duas fases: uma primeira, comum a todos os professores e sob a forma de prova escrita, independentemente da área em que leccionem, que servirá para avaliar a capacidade dos candidatos para “resolver problemas em domínios não disciplinares”. Quererá isto dizer que os candidatos a professores terão de explicar, por escrito, como resolveriam uma determinada situação numa aula?

Os que passarem à fase seguinte, farão uma prova, oral ou escrita, relacionada com a área de leccionação.

As pessoas que vierem a ser sujeitas a este exame têm, na sua esmagadora maioria, e no mínimo, uma licenciatura e um estágio pedagógico, ou seja, estão habilitadas a dar aulas. Muitas dessas pessoas já dão aulas há vários anos, o que acrescenta experiência à formação inicial. Como se isso não bastasse, há cada vez mais professores a frequentar mestrados e doutoramentos. O Ministério da Educação quer, portanto, sujeitar a um exame de acesso um conjunto alargado de profissionais com provas dadas. Gostaria de realçar a expressão “provas dadas”. [Read more…]

O meu voto de confiança

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E no entanto, nem todos andamos cá para ver andar os outros, e aprender a fazer como eles (sem pensar) fazem. Muitos escutam a sua humanidade pedir-lhes o que profundamente é no que a constitui: um anseio, que requer a caminhada – descoberta, conquista, chama-lhe o que quiseres. A maioria desses caminhantes são jovens, pessoas a quem contudo normalmente se atribuem todos os defeitos herdados dos pais, como se o Mundo que lhes é dado a viver nada lhes trouxesse, não os confrontasse, como se fossem apenas os genes de que são a reprodução mais recente. Alguns desses jovens viajantes que não querem já saber dos carros e das casas (que o desemprego que lhes destinam torna de qualquer modo inalcançáveis) fazem-se hoje portugueses noutros lugares.

Cruzei-me há dias com uma jovem estudante que quer cumprir a sua vocação e ser médica – ser médica pelas razões certas e eternas que fazem da medicina uma missão. Como o jornalismo o é, ou o ensino, e também a política, apesar de tudo aquilo a que assistimos e que nos é oferecido como normalidade. Gostaria de ser médica, essa médica, em Portugal, onde é tão precisa. Mas receia não aguentar a pressão, os sistemas informáticos de gerir pessoas ainda demasiado centrais no processo curativo, e ainda cheios de deficiências e de rigidez, sem espaço para a diferença (a singularidade que cada ser humano é), reproduzindo o que acontece na organizações, onde as pessoas competem pela sobrevivência e pelo poder, e onde a diferença não serve, não cabe.

Vi nessa estudante de medicina, como em muitos mais jovens que vou conhecendo, a visão desse mundo em mudança, dentro da cabeça dos mais novos, em gestação rápida que os tempos vão velozes, um mundo a nascer e que se construirá sem dúvida contra aquele que hoje decai alegremente, perante a indiferença de tantos para quem a injustiça é uma espinha de engolir.