Isso não se faz!

Era uma vez um cidadão que vivia um problema enervante. O seu vizinho do andar de cima, dado à boa vida, chegava todos os dias a casa a más horas e, antes de se deitar, atirava com as botas fazendo grande estrondo, acordando-o e deixando-lhe os nervos em franja.

Decidido, foi falar com o vizinho vadio, pedindo-lhe que, ao menos, não atirasse com as botas. Cordial, o vadio pediu desculpa e garantiu que tal não se repetiria. Na noite seguinte, com o grão na asa, ainda atirou com uma bota mas, lembrando-se do pedido do vizinho de baixo, pousou cuidadosa e silenciosamente a segundo bota. O vizinho, coitado, é que teve ainda pior sorte que de costume: ficou a noite toda acordado à espera que caísse a outra bota.

Moral da história: prezado concidadão, quando, do seu lugar nas galerias da AR, decidir ( como fez hoje) atirar calçado aos deputados, não atire um. Atire os dois. É que o povo ainda agora está à espera de saber o que aconteceu ao segundo sapato!.

Má sorte ter sido cagarra

Hoje os meus pensamentos estão com a cagarra da Selvagem Pequena. A criatura escolheu o sossego de uma ilha virgem para nidificar, ela que pertence a uma espécie que passa boa parte do tempo a voar sobre o mar.

A ilha, garante o director do Parque Natural da Madeira, estava “como veio ao mundo”, um pequeno éden sem sombra de intervenção humana.

Nenhum chefe de Estado alguma vez pisara o areal. Nem sequer o Alberto João.

Aí escolheu a cagarra nidificar e quando estava aconchegada no calor do ninho, chocando amorosamente o seu ovo, abriu os olhinhos piscos e – o horror, o horror – descobriu Aníbal Cavaco Silva a olhar para ela. Sem mais preâmbulos, e com a falta de jeito que podemos imaginar, o presidente pegou nela e colocou-lhe a anilha L88327, ficando assim “para sempre ligado à ave”, já que no cadastro do bicho ficará indelevelmente registado que foi o presidente da República a anilhá-la.   [Read more…]

Os tribunais como força de bloqueio

Tribunal trava fecho da Maternidade Alfredo da Costa.

Isto  só lá vai  com tribunais plenários.

O PSD a várias vozes:

“Atenção, não podem continuar a pedir eleições antecipadas depois da moção de censura ao Governo que hoje se debateu na AR. Ouviram senhores deputados da Oposição?” Uma questão de ética democrática ao que parece.

Tive um sonho como uma ilustração

robison and friday
Vi um Cavaco a ficar em terra, e outro náufrago aquecendo-o nas noites frias das Selvagens.

Paraíso do Argumento ou Sibéria do Insulto?

1. Gostaria de enfatizar um ponto em matéria de colaboração e prazer de aventar, não como um presidente de clube que proclama confiança no treinador que irá despedir, mas como um coração amoroso, afectuoso, que ama e admira os companheiros aventadores, no seu brilho e na sua esplêndida liberdade, se revê inteiramente em Nelson Mandela, mas talvez escreva como Átila e olhe para a bloga como um espartano deseja com lágrimas a primeira linha do combate: por isso declaro que eu, Joaquim Carlos, estou perfeitamente à vontade quer com o volume quer com a substância dos insultos, ataques pessoais rasteiros e leituras debochantes que os meus posts por vezes merecem de anónimos viscerais, como eu, mas demasiado facciosos, irracionais e ideologizantes para misturar discordância com destruição e desmoralização. Vivo bem com isso. Bem sei que alguma ingenuidade e indiscrição minhas podem ser usadas contra mim. Aceito-o. Mesmo vindo de anónimos. Quem vai a combate, arrisca-se todo. Ou não vai.

Mas, numa sociedade menos imbecilizada e menos fanatizada, nunca deveria estar em causa quem escreve. Portugal não é o Egipto. Os números do País são frios. Os compromissos do Memorando foram assumidos e a sua revisão-suavização só poderá advir do cumprimento à partida. Pressupostos de boa vontade e boa fé negocial entre partes, quaisquer partes, fazem dos projectos de democracia, Democracias. Os riscos económicos de Portugal são comuns a demasiados países na Europa: esta é uma crise que é muito nossa, portuguesa, filha da corrupção e do eleitoralismo de décadas, e só agravada pelos problemas dos demais países, no pós-2008. Podemos debater e argumentar. Quem, ao invés, prefere insultar-me, rebaixar-me, é bem-vindo na mesma. Pode vir. Nem ameaças à minha integridade suscitarão, prometo, qualquer acto de censura ou a uma corrida aos armamentos da verve estéril. Não estou a pedir paz nem a acenar com a bandeira por tréguas. Estou a dizer que venham. Venham, se são homens. [Read more…]

Leya apela ao voto em branco

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A Leya criou uma sobrecapa para forrar a capa do livro de José Saramago Ensaio sobre a lucidez (Caminho, 2004).

Num país indeterminado decorre, com toda a normalidade, um processo eleitoral. No final do dia, contados os votos, verifica-se que na capital cerca de 70% dos eleitores votaram branco. Repetidas as eleições no domingo seguinte, o número de votos brancos ultrapassa os 80%. Receoso e desconfiado, o governo, em vez de se interrogar sobre os motivos que terão os eleitores para votar branco, decide desencadear uma vasta operação policial para descobrir qual o foco infeccioso que está a minar a sua base política e eliminá-lo. E é assim que se desencadeia um processo de ruptura violenta entre o poder político e o povo, cujos interesses aquele deve supostamente servir e não afrontar. Ensaio sobre a Lucidez (…) constitui uma representação realista e dramática da grande questão das democracias no mundo de hoje: serão elas verdadeiramente democráticas? Representarão nelas os cidadãos, os eleitores, um papel real, e não apenas meramente formal?

Blast from the past [expropriações Reforma Agrária]

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António Barreto, então Ministro da Agricultura e das Pescas [I Governo Constitucional, 1976-1978], autor da famosa Lei Barreto que pôs fim à ocupação das propriedades. Em fundo, o então Primeiro-ministro Mário Soares

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou o Estado português a pagar cerca de 1,5 milhões de euros de indemnização às famílias que viram as suas herdades expropriadas em 1975. A factura pública atingirá mais de 240 milhões de euros, segundo o Público. Pelo andar da carruagem europeia dos Direitos do Homem, lá para 2050 as vítimas das políticas do Governo Passos-Portas poderão esperar ser ressarcidas.

O cúmulo da demagogia

É ler Maria de Lurdes Rodrigues sobre os resultados dos exames.  É tanta a mentira como a ignorância.

É verão

Mário Crespo entrevista Jaime Nogueira Pinto sobre os problemas da democracia. Jaime Nogueira Pinto e democracia na mesma frase. Devo ter apanhado sol hoje.

Classe nédia: a dicção de Mira Amaral

São conhecidas as dificuldades de dicção de Mira Amaral. Só isso explica que o jornalista tenha percebido que o banqueiro se tenha considerado um membro da “classe média”.

Do mesmo modo que transforma os RR num G, Mira Amaral (Miga para os amigos) trocou um N por um M. Na verdade, Mira Amaral pertence à classe nédia, um conjunto de pessoas assim conhecida porque as respectivas contas bancárias estão anafadas, uma vez que, sem se mexer, vão engordando, graças ao dinheiro – agora, sim – da classe média.

O ex-ministro, num raro assomo de honestidade, acredita que é tempo de pagar os favores que tem recebido do país e é por isso que defende que lhe devem aumentar os impostos.

Espero que isto esclareça algumas pessoas mais impulsivas que declararam que o senhor, por estar a brincar com quem vive com dificuldades, devia ir – e passo a citar – “ para a puta que o pariu!”. Também não me parece correcto afirmar que o senhor, para além de precisar de terapia da fala, seja merecedor de terapia do falo. Contenção, senhores!

E um Bilhete Só de Ida?

Quanto custaria, senhor Presidente da República?