Atendendo a que nem sempre mas porem, embora efectivamente sendo que além disso, de facto eventualmente também. (*)
Economia da felicidade
Há uns dias, em França, no âmbito das 13ª edição das Rencontres économiques d’Aix-en-Provence, o Cercle des économistes promoveu uma iniciativa que teve por base um programa chamado Inventez 2020, la parole aux étudiants (Inventem 2020, a palavra aos estudantes). O programa, participado por centenas de jovens oriundos de toda a França, desafiou-os a escrever um texto de reflexão prospectiva sobre o estado do Mundo em 2020 – nele pondo as suas perplexidades, expectativas e desejos. Seleccionados os cem melhores textos, o Cercle des économistes convidou os seus autores a subir a uma tribuna para dar conta das ideias neles contidas.
O que disseram? Que querem viver num mundo mais compreensível e mais feliz. A felicidade – variável desprezada pela generalidade dos empregadores – é o que os move, e estão certos. Crescimento? Sim, claro, disseram todos, mas antes de tudo o mais um crescimento que faça inflectir o caminho danado do capitalismo financeiro, produtor de grande número de pessoas infelizes em toda a parte. [Read more…]
Não Há PM Amigos do Povo
Não há Primeiros-Ministros amigos do Povo. Não há. Ontem, Clara Ferreira Alves, no Eixo do Mal, deu, como sempre, uma no cravo e outra na ferradura, expondo longamente com base nos interesses instalados as razões suficientes para a vigência e manutenção deste Governo e do seu incapaz Primeiro-Ministro. Depois, a Clara resolveu interromper compulsivamente o caudal expositório de Daniel Oliveira na sua olímpica análise, coisa em que se mostrou de uma inconveniência, de um disparate a toda a prova. Clara não quer eleições. Daniel quer eleições como quem quer jantar na sala de estar enquanto o incêndio consome a cozinha e os quartos. Tornou-se demasiado habitual a uma certa crítica política desconsiderar, caricaturar, a figura, liderança e acção de Pedro Passos Coelho. Chamaria a isso conveniente santanalização implacável de um PM. Enquanto actuação global que fode com vidas, Passos Coelho, a Troyka e o passado recente socialista estiveram muito ‘bem’ – todos foderam com vidas concretas. Mas nada há no PM Passos que o distinga de outros PM no que respeita a uma inovadora demarcação dos interesses económicos instalados, especialmente da Banca. Evidentemente, nada num País é viável com uma Banca moribunda ou com problemas graves. A Banca somos nós e ela é para nós, ideia que a Esquerda Onanista não encaixa.
E neste momento, os banqueiros estão contentíssimos com Passos. PM de gabinete, ultra-escondido e ultra-discreto nesse papel de magno protector dos banqueiros e dos respectivos interesses tentaculares, em parte ponto de partida para a defesa do interesse nacional geral, em parte velho egoísmo e velha injustiça, a clivagem entre este PM e a gente concreta emergiu com toda a naturalidade, dado que Pedro Passos Coelho mostra uma capacidade pedagógica e uma sensibilidade à nossa fome pouco mais ou menos equivalente à de um penedo. A Banca está radiante? Pois este Governo conservar-se-á no formol político em que a indefinição presidencial o colocou. Falta é meter o PS nisto, na mesma substância de conservação de organismos mortos, na grande salvação bancária nacional e europeia, minada apenas no médio prazo pelos pesadíssimos compromissos da dívida pública portuguesa, matéria urdida basicamente pelo seráfico socratismo. A Banca necessita de certezas. Certezas a três, Passos, Seguro, Portas. Primeiros-Ministros vêm e vão. Podem ser mais ou menos amigos da Banca, mas nunca serão amigos do Povo senão por portas e travessas. Paradoxalmente, um Povo pode encostar a sua cabeça numa pedra tranquila sempre que o seu sistema bancário não oferece angústias à escala do irlandês ou do cipriota. Esse é o caso português.
Reestruturar a dívida? jamais!
Afinal eles reestruturam, silenciosamente. Era irrevogável.
Pobres, parvos e de mãos atadas
Os manifestantes que irritaram a presidente actualmente em funções na Assembleia da República, Assunção Esteves, não passavam de agitadores para ali enviados pelo PCP, dizem-me vários. É provável. Em qualquer caso, o sindicalista Mário Nogueira andava por lá, e aquilo terá porventura sido uma acção combinada (os jornalistas das têvês referiram os olhares suspeitos que esses elementos presentes nas galerias ditas do povo da AR trocaram entre si antes da performance propriamente dita), e não uma reacção espontânea vinda de cidadãos ali reunidos de forma não-organizada.
No entanto, vale a pena observar a que ponto a indignação os tomou, como de resto tem tomado muitos mais que se têm manifestado desde que a vida em Portugal se tornou um verdadeiro inferno para a maioria – que são os que pagam a austeridade deste Governo, o IVA a 23% nas facturas dos fornecedores domésticos, as propinas imorais (no caso dos que ainda conseguem manter os filhos e netos a estudar), os cortes nas funções sociais do Estado (o aumento das taxas moderadoras nas consultas e urgências hopsitalares, por exemplo), e também a reforma dourada de Assunção Esteves. Comunistas ou não, as suas vidas (sejam eles trabalhadores, desempregados, aposentados ou pensionistas) estão transformadas numa luta pela sobrevivência que os indigna. [Read more…]
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