FMI, o centro astrológico de Lagarde & Cia.

A astróloga Lagarde

A astróloga Lagarde

 O ‘Público’ divulgou a notícia ‘Zona euro aumenta pessimismo do FMI para a economia mundial’. Discordo. O título deveria ser ‘A predição do FMI é de pessimismo para a economia mundial e Zona Euro’.

A nuance de sintaxe não é irrelevante. No primeiro caso, está subjacente o princípio, errado, de que o FMI faz previsões rigorosas, a despeito de modificadas de semanas após semanas. A metodologia é obviamente falsa!

O organismo comandado por Lagarde, transformado em centro de astrologia, o que faz é anunciar mutáveis e inconsequentes predições, coisa bem diferente de previsões sustentadas em modelos matemáticos consistentes – os erros sistemáticos, denunciados pelas próprias chefias do citado FMI, constituem prova eloquente da falta de credibilidade de prever da instituição.

O que distingue a previsão da predição? A primeira corresponde a um estudo sério que permite antever resultados, dentro de desvios aceitáveis. A predição é um acto de astrólogos. Tem a pretensão de adivinhação por feitiço – faz-me lembrar as ciganas feiticeiras que, há anos, vagueavam pelo Parque Eduardo VII, aqui em Lisboa, a ler a sina, conjecturando venturas e desventuras desenhadas na palma da mão.

Tomemos, pois, em consideração quais são as principais predições da Madame Christine Lagarde e sua equipa para a economia mundial e Zona Euro:

  • A economia mundial registará um crescimento de 3,1% em vez dos 3,3% da predição de há três meses (Abril/2013).
  • Para a Zona Euro, a recessão será de – 0,6% em vez de -0,4% vaticinados antes.
  • A Espanha registará em 2013 uma contracção de 1,7%, passando ao estado de estagnação em 2014 que contrasta com a profecia anterior de crescimento de + 0,7% do PIB.
  • Os países emergentes, Brasil, China e Rússia, não escapam à queda em 2013, bem como a novas reduções em 2014.

Enfim, salvo os EUA que já programaram retirar as políticas monetárias expansionistas por terem alcançado os objectivos a que se propuseram, o mundo inteiro está mergulhado em quebras e recessões macroeconómicas, globalmente sintonizadas.

Há mil e uma causas e efeitos do desastre que, sabe-se, estão na origem do desemprego de 200 milhões de pessoas a nível global, número para o qual a UE contribui com 12% – isto, excluindo os milhões de afectados pela precariedade dos empregos e as situações de escravatura moderna.

Ao contrário do que diz o FMI, a CE, o BCE e outros centros de dominação da política globalizada, a procura interna, o funcionamento dos mercados, numa palavra a Economia, só conseguirão libertar milhões de seres humanos de dramas e mesmo da indigência, no momento em que ditarem o fim do privilégio de escassa percentagem de beneficiários do perverso ‘sistema financeiro internacional’, através da exterminação de ‘offshores’,  fugas de capitais e ao fisco que o citado sistema alberga e protege.

Bem pode a astróloga Lagarde e companheiros do FMI continuarem a vaticinar as desgraças. Estas só serão erodidas por efectivas acções no sentido de injectar na Economia os recursos detidos por senhores de incomensuráveis fortunas. Não se vai lá através  de desacreditados diagnósticos descritos por predições.

Comments

  1. nightwishpt says:

    É mais grave do que isso… Os empregos simplesmente não existem nem vão existir, graças a cada vez maior automatização da produção e à aproximação de uma sociedade pós-escarcidade.


  2. Plácido Domingo de 72 anos teve hoje embolia pulmonar e estará ausente pelo menos 7 semanas