Adoro, adoro, adoro, quando uma figura pública, depois de fazer uma declaração, vem explicar a declaração que fez. Raramente a dita figura pública pede desculpa pelo que disse, preferindo inventar desculpas: que foi um mal-entendido, que foi mal entendida, que retiraram as palavras do contexto, que retiraram o contexto das palavras, que havia ruído nas proximidades.
Assunção Esteves, mesmo tendo chamado Beauvoir a Babeuf, comparou os cidadãos que protestaram nas galerias a “carrascos”. Depois, é claro, veio explicar a declaração, reduzindo o apodo lançado a uma metáfora: “Carrasco significa qualquer elemento de perturbação. Sem querer ofender nada nem ninguém. Significa que quando as pessoas nos perturbam, não devemos dar atenção.”
Podia, agora, dar início a um debate sobre a importância de criar escolas para utentes de metáforas, à semelhança das escolas de condução, mas prefiro deter-me no precedente criado, inconscientemente, pela jurista Assunção Esteves: o que fazer, a partir do momento em que se explique que aquilo que parecia um insulto era, afinal, uma metáfora?
Quando Miguel Sousa Tavares chamou “palhaço” a Cavaco, poderia ter recorrido a uma argumentação semelhante: “Palhaço significa qualquer elemento que nos faz rir. Sem querer ofender nada nem ninguém. Significa que quando as pessoas nos fazem rir, não devem ser presidentes.”
Às vezes, dei por mim a pensar que a maioria que nos governa é um monte de merda. É claro que é uma metáfora, porque não há nenhum ser humano que seja apenas um monte de merda, mesmo que esteja com prisão de ventre há vários dias, porque ainda sobra muita pessoa para além das fezes acumuladas.
Poderão objectar-me que um monte de merda é o resultado encontrado no meio da rua, mas isso ainda torna mais evidente o carácter metafórico da expressão, porque nenhum grupo de pessoas é uma acumulação de excrementos no passeio.
A verdade é que ao considerar que um grupo específico de cidadãos é um monte de merda não quero ofender ninguém, até porque não tenho nada de pessoal contra um monte de merda. O meu principal objectivo até é caridoso: não quero pisá-lo. O meu grande desejo é que seja removido, porque com a saúde pública não se brinca.
A rir à gargalhada, até às lágrimas. Fantástico!! Muitos parabéns!
Fantástico! Quanto ao título, tomo a liberdade de fazer dele mote para as minhas próprias glosas.
Não sei se podemos chamar, por exemplo, ao Passos Coelho ou sr. Silva monte de merda, a merda pode não ser a coisa mais linda deste mundo mas tem o sua utilidade no processo natural, já o Passos ou o Cavacas são veneno e destroem a natureza.
Quando o verniz quebra fica-se a ver a verdadeira índole da triste segunda figura do estado – cobardola, (pois não assumiu o insulto que dirigiu às pessoas), mal educada, arrogante e sem estôfo para lidar com situações anómalas.
Estamos de facto bem representados por estes “eleitos”!!!
Brilhante e fez-me rir, o que bem precisamos porque enfrentar estes tipos é preciso muito humor para evitar uma depressão.
Texto brilhante, que tenho inveja de não ter escrito!
A Presidente da Assembleia da República , realmente , é que é uma boa metáfora , mesmo metafórica e uma grande carrasca , muito sabida que já conseguiu arranjar
uma boa reforma enquanto eu e muitos portugueses não temos nenhuma , nem sabemos se iremos ter .
Na política só aparece gente cheia de metáforas , gente muito ardilosa e habilidosa .
Gente sem princípios e sem vergonha .
Hehehe há muito tempo que não dava uma tão sonora gargalhada. Muito bem feito, excelente explicação do que é uma metáfora aplicável de todo ao desgoverno..
Bem argumentado
E bem considerado
Porque considerou
O que argumentou……
O mal disto está:
“No servir-se em vez de servir”
No aglumerar em vez de distribuir
No tanto falar em vez de ouvir…..
Que bom seria estes chefes
Serem uns bons servidores
E nunca tão reles doutores
Dum povo tão empobrecido
Por um governo entontecido…..
Bom!
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