30 por turma é um crime

O Paulo chama a atenção para a singularidade do momento – Nuno Crato, Paulo Portas, Cavaco e Passos Coelho têm em mãos uma missão que passa por entregar a Escola Pública nas mãos do mercado.

O cheque ensino parece permitir aos pais a escolha da escola dos filhos, mas vai, na realidade, permitir a cada escola a escolha dos seus alunos e será, por isso, um instrumento muito interessante para dar uma mão ao ensino privado que está com a corda no pescoço.

É uma medida que mostra a marca ideológica desta gente, que, ao mesmo tempo que dá a mão ao privado, procura destruir a Escola Pública. Nos últimos anos trataram de diminuir a Escola Pública, retirando horas lectivas e apoio aos alunos. Hoje, dois anos depois, a Escola Pública está pior porque tem menos ferramentas para ajudar os alunos com mais dificuldades.

Dois anos depois, em pleno mês de Agosto, Crato volta à carga com mais um prego no caixão da Escola Pública. Continua a fazer crescer o número de alunos por turma o que, além do desemprego docente, vem prejudicar a qualidade da escola.

Para alguns ter 20 ou 30 dentro da sala é mais ou menos a mesma coisa – há até quem argumente que na Universidade há aulas com 100 ou mais. Diria que ter uma turma com 30 num 12º ano teórico no colégio x onde todos estão focados no acesso à universidade até pode ser uma opção. Mas, na escola y do 7º ano, com alunos dos 12 aos 16 ou 17, em plena idade do armário, ter 30  dentro da sala significa condenar todos aos insucesso.

O número de alunos por turma não é O elemento central para o sucesso ou insucesso dos alunos. Com menos alunos as alternativas pedagógicas e didácticas são maiores e o Professor pode diversificar mais, responder mais a cada aluno e estar mais disponível para as dificuldades de cada um. Pode optar por um momento mais expositivo ou por um trabalho de grupo, por uma visita à biblioteca ou uma aula na sala de informática. Com 30 dentro da sala, tudo isto deixa de existir – passa a haver uma metodologia – a expositiva. E essa, caro leitor, é importante, mas está longe de ser mais eficaz. Ou antes, para os bons alunos, até poderá servir. Para os outros…

E é aqui que está a chave da questão: para os ignorantes que o PSD colocou no governo a formação e a educação do povo são algo a combater porque preferem um povo inculto, mais disponível para ser escravo. Preferem um contribuinte a um cidadão e apostam num caminho de duas vias: o cheque-ensino levará as classes sociais mais favorecidas para os colégios privados e para os melhores liceus de cada cidade, deixando o ensino vocacional com 30 alunos  por turma para os mais pobres e desfavorecidos.

É a Escola Pública que está em causa. E não consigo entender como é que o verdadeiro PSD assiste a isto de braços cruzados.

Comments

  1. Não tarda que haja um professor por ESCOLA

  2. Reblogged this on primeiro ciclo.

  3. Reblogged this on Sonhos desencontrados….

  4. Não trinta por turma não é crime nenhum. Eu era o numero 28 da minha turma no 7º ano. Não é crime. Crime é não se poder manter ordem e respeito dentro de uma sala de aulas. Crime é a perda de valores que vigora neste país. O respeito tem que ser conquistado e se uns conseguem porque razão outros não? Talvez em escolas problemáticas 30 sejam muitos…mas nem todas o são.

  5. nightwishpt says:

    Na minha faculdade havia aulas com 200 alunos, mas também havia aulas práticas onde se aprendia muito mais com apenas 20.

  6. Quem defende a escola pública, devia exigir o fim da obrigatoriedade de colocar os filhos na escola na escola que o sistema quer; devia lutar para que as avaliações dos educadores seja conhecida e as direcções possam escolher os que querem e não querem; devem lutar para que o sistema não suporte 600 sindicalistas e muitos profissionais com horário zero ou fingir ocupações = o meu filho numa escola em que havia 12 alunos tinha dois professores! Claro que aprendeu muito, principalmente a não precisar de pensar: defendam a escola pública não tendo medo da escolha dos clientes!
    basta de alimentar Brigadas de Colheres a volta do tacho público com hipocrisias ainda por cima intelectualmente insustentáveis!

Trackbacks

  1. […] muitos outros factores, temos a diminuição do tempo individual de trabalho dos professores e o aumento do número de alunos por turma. Os alunos correm, portanto, o gravíssimo risco de frequentar uma escola em que é cada vez mais […]

  2. […] necessária e urgente uma intervenção. Mas, sobre o impacto do número de alunos por turma já escrevi uma vez, e o outra e outra […]

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