Cartoline d’Italia (4) (da Firenze)

Elisabete Figueiredo

cartoline 4

Prima di tutto il cuore. Dentro di tutto il cuore*.

Buona notte compagni!
 
*Em primeiro lugar o coração. Dentro de tudo o coração.

Lama e Pegas de Cernelha

O que Menezes tem a mais [adesão popular espontânea e mobilização desde as elites aos mais simples] e os outros a menos só pode ser passível de arremesso de lama e pegas de cernelha. Alguns media, ao serviço de quem lhes comanda a agenda e suporta a sobrevivência, não estão nada interessados em denunciar e combater lógicas e práticas com décadas no Portugal Local. Estão, sim, exclusivamente interessados, tal como bloquistas e comunistas, em ajudar a destruir um candidato na secretaria e a dar a ganhar eleições na secretaria àqueles que não excitam nem mobilizam senão menos de 20% de um eleitorado, assassinando o fair play eleitoral numa ficção impoluta venenosa. Pois não conhecem o País em que vivem nem sabem com que gentes se metem. Quanto à CNE, por onde tem andado nos últimos quarenta anos e para que se presta a enunciados hipócritas por encomenda?! As populações querem os mais capazes, os mais competentes, os mais arrojados, os mais fortes, como Menezes. Quem decide é quem vota. Se PS e PSD quisessem clareza na limitação de mandatos ou estivessem realmente interessados em práticas locais salubres, muito acima de qualquer suspeita, teriam segregado condições para uma e outras a tempo e a horas.

Do Gangsterismo Swapista

Toda a matéria que envolve a assinatura de swap tóxicos vai para lá do descuido e das boas intenções ingénuas das duas legislaturas passadas. Chocante a frieza metódica de ataques de carácter em retaliação pelas denúncias da incumbente nas Finanças ou o facto de provas e documentos importantes haverem tido a sorte da cinza e do pó. Perante os resultados da auditoria que Albuquerque ordenou à atuação dos serviços de finanças nos governos política e financeiramente execráveis do boavidesco parisiense e que revelam que em 2008 a IGF incinerou seis dossiês sobre contratos swap, criando uma opacidade intolerável sobre esta questão, cada vez percebo menos que o BE e o PCP venham servindo de muleta e co-branqueadores de um tipo de gangsterismo que procura, à força toda, desviar as atenções do cerne delituoso da questão. Como podem partidos que se caracterizam pela inerente frugalidade abstémia com dinheiro contribuinte [o eleitorado confia pouco nesses partidos!] tomar partido óbvio pelas emboscadas de carácter a Albuquerque, cooperando pela distorção e baralhamento do problema?! Ainda não detectei nos media televisivos coragem suficiente — mesmo José Gomes Ferreira anda encolhido e assustado com isto — para o cabal esclarecimento da Opinião Pública acerca de um tipo de actuação inaudita em governações: a obstrução activa e deliberada ao apuramento de factos e responsabilidades. O que teria levado toda uma cadeia de comando, Governo-IGF em 2008, à destruição de dossiês-chave para a compreensão da deriva tóxico-swapista?! Não deve ser nada bonito. Aguardo respostas não facciosas ao enigma.

Lei de limitação democrática

Isto de serem os tribunais a decidir quem pode ou não candidatar-se tem muito que se lhe diga. Sou frontalmente contra a lei que limita os cidadãos de concorrerem a autarquias por terem desempenhado três mandatos como presidentes. Isto não só é anti-democrático como é de uma ingenuidade quase enternecedora, se não fosse tão grave. À boleia dos justiceiros da “Revolução Branca” – e do seu mentor, em tempos mandatário de um candidato há três décadas no poder, Narciso Miranda – PS e BE vão procurando fazer o papel de cândidos da legalidade. Ora, se a esquerda do PS espera pouco, ainda há quem à esquerda espere mais do BE. [Read more…]

O que eu ando a perder há 12 anos

O Público é um jornal que tem feito parte dos meus dias de descanso – uma excepção que abro não sei muito bem porquê. menezesAgrada-me a ideia de comprar o jornal quando vou buscar o pão matinal. Pouco depois gosto de sentir o barulho da areia que desliza nas páginas do jornal…

Hoje, no entanto, alterei a rotina porque não resisti ao teclado – o sr ex-Presidente anda a fazer exactamente o quê?

Pagar?

Sendo isto verdade, o que me parece evidente perante os relatos factuais que o Jornal nos apresenta, penso nas possibilidades que perdi nos últimos anos. Será que ainda vou a tempo?

Vou nesta, que o Mar não dá tréguas – há mar e mar, há ir e pagar.

Cardozo e Jesus

Aos beijos!

Cartoline d’Italia (3) (da Firenze) – A Ponte Vecchio, o pôr-do-sol, os príncipes

Elisabete Figueiredo

IMG_5654

Regressa-se sempre à Ponte Vecchio quando se está em Florença. Bem sei que te contaram estórias sobre o pôr-do-sol e os príncipes. Tenho de te dizer que apenas o pôr-do-sol existe e, mesmo assim, nunca tive exatamente a certeza de que exista, porque é demasiado. Os príncipes ao que julgo saber não existem em nenhuma parte. Já nem sequer nos filmes de que gosto ou nos livros que leio. Talvez gostes de outros. É difícil saber e talvez não me esforce o suficiente. Porque entre tu e eu existem muitas coisas e é difícil saber e querer saber e eu penso que na maior parte das vezes não tenho qualquer desejo de saber. Mas dizia(te) que não existem príncipes em parte nenhuma e que a probabilidade que o(s) encontres na Ponte Vecchio é idêntica à probabilidade de que o(s) encontres em qualquer outro sítio. Quero dizer, nenhuma. Lamento desapontar-te. Ou que seja a própria realidade a desapontar-te. Bem sei que a ti – como a mim – te contaram, provavelmente desde sempre, sobre os príncipes e as princesas e os finais sempre felizes para sempre. Que te contaram desde pequena que para seres uma mulher inteira terias sempre de encontrar um príncipe – ou mais, já que os tempos, apesar de tudo, mudam – lamento desapontar-te. Existe a ponte, está ali e até já a atravessamos juntas. Existe o rio Arno, está ali, a ponte cruza-o. Existe o pôr-do-sol e já o vimos ambas desde a ponte. Existem outras coisas que partilhámos e não quero já saber. Existem homens e mulheres, pessoas, gente. E não existe mais nada. O resto está escrito naqueles livros que nunca li e nos filmes que vejo, às vezes, e me irritam profundamente, sempre. Não há outra felicidade que a de aprender a estar só connosco mesmos. Ser suficiente. Ser inteira. Sem príncipes, nem finais felizes.

IMG_5654

O Jornalismo e o sensacionalismo – 2

A discussão é interessante e o diagnóstico não se esgota nas visões representadas por estes dois artigos. Nem pode, talvez, ser desligada da discussão sobre o declínio de outros “campos” próximos do jornalismo, como sejam a política tal como é hoje praticada. Diria que jornalismo e política, outrora pilares essenciais da democracia, estão hoje em crise e com eles  também a democracia  está em criseEstrela Serrano

Obviamente, a discussão não se esgota nestas duas premissas apresentadas tanto por mim como pelo Nuno Ramos de Almeida. Aproveitando para agradecer a Estrela Serrano tanto a citação como o contributo para a análise do tema.

Eu não afirmo, taxativamente, que o declínio do jornalismo deriva da força da internet. Considero, isso sim, que uma parte dos seus consumidores se limitou a migrar de plataforma, se assim se pode dizer. E concordo, quando Estrela Serrano coloca mais um problema em cima da mesa: o declínio do jornalismo não pode ser analisado esquecendo o declínio de campos “conexos” e exemplificado pela autora com a política. Eu diria, perdoem-me o atrevimento, que existe mesmo uma relação directa.

[Read more…]