A memória em José Socrates

Quando discutimos o que fez um puto de 9 anos numa tarde de verão, sábado à tarde, em 1966, é possível estarmos a delirar ou a discutir política, embora fosse mais sensato aprender psicologia da memória; estamos em Portugal, temos uma imaginação fértil e abundante.

O que faz aqui sentido é pensarmos a nossa memória. Tratando-se de Sócrates o que ficou dentro dela, transbordante,  está nesse vídeo, ou neste. A partir daqui, porque a memória também a construímos, é perfeitamente plausível que décadas depois alguém tropece na sua memória sobre um dia qualquer na infância, e lhe apontemos o dedo: mentiroso.

E já agora, constato que o Best of de Passos Coelho, aqui publicado exactamente um ano após o de Sócrates, já o ultrapassou em visualizações. Esse, daqui a uns anos, quando abrir a boca para dizer bom dia já todos nos estamos a rir e a apontar dois dedos: mentiroso.

Comments

  1. Vou partilhar no Face…!!!!!!

  2. E o que se poderá dizer quendo for escrita mais uma página de história e a “memória” re-invntar ??

  3. Hugo says:

    O que transborda é darmos tempo de antena a um homem que levou o país à bancarrota e conseguiu pôr a culpa nos outros.

    • nightwishpt says:

      Se calhar é porque não levou o país à bancarrota.

      • Hugo says:

        Pior cego é o que não quer ver.

        • nightwishpt says:

          Pior é o eleitor que não percebe nada de economia nem política. A dívida era perfeitamente normal e até menor que a alemã.

          • Hugo says:

            Não sei quanto era a alemã, mas por outro lado também estou-me nas tintas para os alemães. O que sei é que a nossa (que é a que interessa) passou de 60% para 110% nos seis anos de só-cretinismo. E para quê? Para termos auto-estradas paralelas umas às outras ou a ligar nenhum lado a lado nenhum; para termos escolas com candeeiros Siza e alunos burros como portas; ou para termos uma cultura cheia de museus moderníssimos, mas quase vazios de conteúdo. Claramente tudo isto é culpa da troika e do Passos Coelho. Fora. Fora.

          • Por falar em mentiras, faltavam aqui as tuas. São cenas que se atraem.

          • Hugo says:

            Bem me parecia que a dívida alemã ser maior que a portuguesa era mentira.

          • Mente mais, pode ser que alguém acredite em ti.

          • Hugo says:

            Vá, sossegue, que na segunda parte o arbitro ainda vai ajudar o seu FêCÊPê.

          • Essa intromissão futebolística foi brilhante, e fico agradecido.

  4. Apesar de ser evidente que Sócrates é um mentiroso, a vossa peça trazida do youtube em relação ao antigo primeiro-ministro tem um problema: é ela própria basicamente uma falsidade.

    Passa-se o mesmo com a vossa peça em relação a Passos Coelho.

    Explico sem a ilusão de que compreendam – na vossa idade se tivessem de ter aprendido o que vou dizer já o tinham feito há muito. Faço-o mais por “noblesse obrigue”.

    Uma pessoa que faz uma antecipação em relação ao futuro e se engana só é um mentiroso se se enganar propositadamente. Pode, por exemplo, ter-se enganado na antecipação do que iria acontecer por escassez de dados disponíveis ou pela natureza do assunto que se antecipa. Quando essa antecipação se refere ao próprio comportamento também aqui podem acontecer várias coisas e uma delas é ter-se enganado em relação à evolução futura e ainda assim manter a obrigação de corrigir a trajectória.

    Não sendo a economia uma ciência exata o engano em relação a fenómenos futuros é a regra. Não perco tempo a explicar porque é que sendo o engano a regra se investem milhões em todo o planeta a tentar antecipar esse futuro. Isso seria pedir demais a Vª Excia.

    Mesmo em ciencias mais evoluídas como a Medicina isso acontece corriqueiramente. Um médico pode antecipar que um pé de um doente vai melhorar com remédios e depois verificar-se que o pé “apodreceu” e tem de ser amputado. O pior que o médico podia fazer era para ser (na vossa incompetente perspectiva) coerente não amputar o pé deixando morrer o doente.

    Para além da confusão anterior os vossos videos contêm outra falsidade: falseiam a natureza das promessas eleitorais apresentando-as como mentiras pessoais. O que se afirma em campanha eleitoral num Estado tão pouco transparente como o nosso, por parte dos partidos da oposição pode enfermar do problema acima exposto – dificuldade na previsão do futuro – e – enferma de um problema sistémico: o povo exige que se façam promessas douradas e castiga fortemente quem se recusa a fazê-lo. Essa mentira específica – as promessas eleitorais – é uma mentira partilhada entre o povo e os dirigentes partidários.

    (teclado e não revisto)

    • nightwishpt says:

      Tretas, sabiam perfeitamente ao que iam e qual o estado das contas.
      Se não sabiam, por muito que a economia não seja uma ciência exacta, dá para prever muita coisa.
      Mas se quer continuar a fazer de conta que a não está a perder tudo na guerra de classes continue, mas depois não venha fazer choradinho.

    • O vídeo sobre o Sócrates é do 31 da Armada, e é verdade que a algumas das mentiras o seu raciocínio se aplica.
      O vídeo sobre o Passos Coelho foi feito em Setembro de 2011: em nenhuma das situações ele tem desculpa possível.

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