Há uns anos tive que vagar a casa dos meus avós paternos. Na secretária do quarto de meninice do meu pai descobri uma pequena colecção de propaganda de guerra. Principalmente britânica, postais, folhetos e brochuras, alguma alemã, brochuras e folhetos, e um par de brochuras de origem americana. [Read more…]
E quanto a futebol
Numa manhã qualquer
Um post da autora convidada Maria de Almeida
Foto: Henri Cartier-Bresson
Num daqueles lugares, que se dizem impessoais, numa repartição pública, o dia, ou melhor a manhã, corria ao ritmo do cumprir dos processos, do atender o público que ia chegando, do toque dos telefones, que, insistentemente, teimavam em não deixar dar sentido e forma, àquilo para quem, os quatro que lá trabalham, são (mal) pagos para fazer.
A porta abre-se uma e outra vez, e às tantas deixa entrar um homem baixo, negro, que fica perdido no meio do corredor, que as secretárias formam.
– Bom dia! Diga….
– Arglh arglh blhark – diz a criatura.
(- A coisa está complicada – penso.)
– O senhor não consegue falar? – pergunto, enquanto reparo no braço direito, que mal dobrado lhe caí ao longo do corpo.
Como resposta recebo um aceno de cabeça que entendo como um não.
– E sabe escrever?
Mais um aceno de cabeça. Um “sim”, entendo.
Passo-lhe, então, um papel e uma caneta para a ponta da mesa, onde, Abdul, chamemos-lhe assim, começa, com dificuldade, e numa letra trabalhada, a rabiscar as razões porque ali se encontrava. [Read more…]
“não temos budget para nada”
Procura-se “jornalista m/f” para trabalho escravo.
Os interessados podem ser sodomizados aqui.
Hoje acordei assim
Em modo golo, Quaresma e magia cigana – tenha o Paulo Fonseca juízo, vai correr bem.
A juventude dos cábulas
A peregrina ideia de reduzir a escolaridade obrigatória tem sido criticada por ser um apelo à ignorância. Também é, mas vinda da sua jota tem um objectivo preciso: conquistar o apoio, e aos 18 anos o voto, dos que se sentem obrigados a frequentar a escola quando lhes apetecia moinar à vontade (trabalhar não estou bem a ver onde).
O cábula é um público-alvo como qualquer outro e havia aqui um nicho de mercado que arregaçou as mangas aos moços, num vamos a eles que os outros já não acreditam em nós. Estamos entendidos, e desde que não misturem com mentiras factuais, tudo bem: fiquem com os cábulas, mantendo de resto a sigla JC, Juventude dos Cábulas fica a matar. [Read more…]
os artistas de circo e as pedras das calçadas
Há algo de profundamente humilhante em ver-se, mesmo a décadas de distância e com um bom bocado de mar e largas léguas de permeio, os desacatos e as manigâncias e malabarismos de pessoas que se conheceram numa outra vida, pessoas que, de um modo ou de outro, fizeram parte do nosso universo pessoal.
Colegas de liceu. Colegas de faculdade. Irmãos e primos mais velhos uns, a maioria mais novos, de amigos, colegas, companheiros (e irmãs e primas, mas por qualquer motivo que me finge escapar a maioria das “elas” de então parece ter-se evaporado). Colegas das lides políticas, das lides partidárias, das lides académicas, das lides políticas académicas, das lides políticas partidárias académicas. Amigos, alguns. Outros, conhecidos apenas. Outros, mesmo, inimigos, alguns até virulentamente viscerais.
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