As bibliotecas também se abatem

Jorge Gustavo Lopes

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Na bela vila da Nazaré famosa pela sua história e tradições e, mais recentemente, pela sua onda gigante, existe uma bela biblioteca inaugurada em 2008. Mas neste cenário idílico algo aconteceu….
No passado mês de Março de 2014 foi dispensada uma equipa de quatro funcionários qualificados que asseguravam, desde a abertura da biblioteca em 22/11/2008, o seu pleno funcionamento e a possível transformação deste espaço numa espécie de “Pavilhão Multiusos Cultural” num evidente atropelo à utilização de dinheiros públicos e fundos comunitários e numa lógica de destruição de um espaço cultural moderno e de serviço público.
A razão evocada para a extinção (económico) esbarra no valor total de ordenados da equipa de 4 pessoas (3700 €) brutos/mês que asseguravam um serviço público à comunidade local, regional e nacional e a todos os turistas que anualmente visitam esta bela vila portuguesa. Este assunto já está a ser devidamente tratado ao nível da DGLAB (Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas) desde Março de 2014 mas, num imperativo de cidadania e de respeito por todos aqueles que desenvolvem a sua actividade profissional na área cultural, pretendia deixar aqui o testemunho pessoal desta situação gravíssima.
Está activa uma petição on-line relacionada com esta causa que conta já com perto de 3500 assinaturas (a que acrescem cerca de 400 assinaturas em papel) de um leque variado de agentes culturais nacionais e tendo o apoio do dr. António Arnaut, Eng. António Campos, Dr. Arons de Carvalho, dos ex-Secretários de Estado da Cultura Francisco José Viegas (PSD), Mário Vieira de Carvalho, Rui Vieira Nery e e Elísio Sumavielle (PS) e dos ex-Ministros da Cultura socialistas Manuel Maria Carrilho e António Pinto Ribeiro, dos cientistas Carlos Fiolhais, Galopim de Carvalho, Boaventura Sousa Santos, Alexandre Quintanilha e Moisés Espírito Santo, do psiquiatra Júlio Machado Vaz. Assinaram igualmente a petição o ex-Bastonário da Ordem dos Advogados Marinho Pinto, os escritores João Tordo, Richard Zimler, Jacinto Lucas Pires, Alice Vieira, José Fanha, Mário Cláudio, Rui Zink, Afonso Cruz, José Luís Peixoto, Gabriela Ruivo Trindade e José Eduardo Agualusa, o encenador Jorge Silva Melo, o fotógrafo Eduardo Gageiro, o argumentista Francisco Moita Flores, o poeta Nuno Judíce, os historiadores Raquel Varela, José de Encarnação, Fernando Rosas e Irene Flunser Pimentel, os actores Álvaro Faria, Susana Vitorino, Natália Luiza, São José Lapa, Fernanda Lapa, Lídia Franco, João de Carvalho, Manuela Couto, Filipe Vargas, Albano Jerónimo, Sofia Sá da Bandeira, Olívia Ortiz, Marta Melro, Guilherme Filipe e Gonçalo Waddington, a realizadora Margarida Gil, a cantora lírica Catarina Molder, o musicólogo Pedro Caldeira Cabral, o Frei Fernando Ventura, os jornalistas Vasco Trigo, Joaquim Vieira e Diana Andringa, os arquitectos Siza Vieira e Souto Moura, os apresentadores de televisão Fernando Alvim e Eládio Clímaco e os cantores Pedro Abrunhosa, Sérgio Godinho, Luís Represas, Rui Veloso, Fernando Ribeiro (Moonspell), Amélia Muge, Fernando Tordo, Rui Reininho, António Manuel Ribeiro, JP Simões, Lena d’Àgua, Ivan Lins, Rão Kyao e Fausto Bordalo Dias.

Assine a petição.

Este assunto foi abordado nestes blogues: Ler, De Rerum Natura e a Educação do Meu Umbigo

Esta situação foi tema em destaque no programa “Dias do Avesso” do dia 22/04/2014 conduzido pelo psicólogo Eduardo Sá e a jornalista Isabel Stillwell

Este caso encontra-se neste momento a aguardar resolução por parte do Tribunal de Trabalho de Leiria.
De forma a tentar reverter a situação e também com o intuito de reunir o número de assinaturas legalmente estabelecido para uma petição ser acolhida no Parlamento (4000) solicitamos (equipa) o apoio de todos os profissionais e amigos de bibliotecas e de todos aqueles que valorizam a cultura .
O nosso agradecimento
De um bibliotecário e sua equipa tristes mas determinados

Comments


  1. Parabéns pelo texto e pela denúncia aqui e na petição, só acho curioso o nome de alguns hipócritas que assinaram a dita. Como o tal viegas. Curioso que enquanto esteve no governo não fez nadica de nada em prole dos trabalhadores da cultura, da cultura, e como no governo em que esteve só apoiou a sua destruição. Curioso.